Se a “educação vem de berço”, certamente a falta dela tem origem
no núcleo familiar. Ninguém se iluda com esta realidade. Não é transferindo
para a escola a responsabilidade de educar que a questão está resolvida. Muito
longe disso. O processo educacional se inicia na base doméstica, na qual os
valores morais estão presentes na proporção direta da maior ou menor maturidade
dos pais.
É no ambiente doméstico onde as mais simples contrariedades
começam a acontecer, desafiando limites de paciência e preceitos da boa convivência.
Nesta fase, o “não” socorre como medida disciplinar, ainda que não seja seguido
de orientação ou explicação aplicada ao contexto. Obviamente, esta prática
longe está de conseguir resultados mais sólidos e duradouros, representando
apenas um freio momentâneo para o educando.
Um pouco depois, na escola, a instrução acadêmica e as regras para
conviver na coletividade, na tentativa de socialização do aluno, ajudam a
mostrar as lacunas na conduta dos alunos quando o assunto é educação. E, neste
caso, os contrários não se atraem, simplesmente se chocam. Ser contrariado por
tal ou qual motivo significa, para alguns, uma rejeição irremediável. Seja uma
opinião divergente, um interesse banalizado ou um objetivo não concretizado,
tudo é queixa para quem tem que aprender a ouvir o outro, calar quando for
necessário, dividir o tempo, respeitar o próximo e, lamentavelmente, não sabe
fazer nada disso. Assim ocorrendo, sequer consegue refletir onde termina o seu
direito e começa o do próximo.
Ninguém é igual a ninguém. Isto é fato conhecido e comprovado até
por recursos tecnológicos, pois não é possível haver duas leituras biométricas
iguais a partir de indivíduos distintos. Todos nós somos diferentes. Só que, na
prática, esperamos do outro uma atitude parecida com a nossa. Logo vem a
surpresa que contraria qualquer anúncio de previsibilidade. Quem dá uma flor
não deseja receber espinhos; quem faz o bem não aguarda o mau exemplo; quem é
fiel não se vê vítima de maledicência; quem toma atitudes corretas não se
enxerga na cadeira de réu. As contrariedades ocorrem mesmo nas situações mais consolidadas
e aparentemente consensuais, mostrando maneiras diferentes, inclusive
divergentes, de pensar e agir.
Educar não é tarefa fácil, pois é um processo de melhoramento
contínuo, preparação para a vida dentro e fora da sala de aula e do recanto
doméstico. Trata-se de uma conquista gradativa de maturidade, que só é obtida
na convivência com respeito, mútua compreensão e entendimento de que é sempre
possível fazer melhor do que já foi feito. Disto resultam aprimoramentos,
despertar de consciência e alcance das dificuldades alheias.
Como o outro vai agir ou reagir? De que forma conduzir uma
interação para produzir bons resultados?
Por mais que pretendamos nos resguardar, não devemos dispensar o
debate que constrói; a conversa que abre portas; a oportunidade que gera
aprendizado; tudo é uma questão de compreender que cada pessoa tem o que
ensinar e o que aprender.
Há muito por fazer. Dia após dia as circunstâncias nos exigem
sabedoria e entram para o rol de lições aprendidas. Não basta saber que os
contrários existem. Aliás, eles sempre existirão. O bom disso tudo é atender a
premissa do bom exemplo, ofertando sempre o melhor de si, sobretudo no âmbito
das diferenças de cada um.
Vamos pensar nisso!!!
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