terça-feira, 25 de agosto de 2015

Coluna O LIMIAR DA EDUCAÇÃO - Agosto/2015

                                                    
Se a “educação vem de berço”, certamente a falta dela tem origem no núcleo familiar. Ninguém se iluda com esta realidade. Não é transferindo para a escola a responsabilidade de educar que a questão está resolvida. Muito longe disso. O processo educacional se inicia na base doméstica, na qual os valores morais estão presentes na proporção direta da maior ou menor maturidade dos pais.

É no ambiente doméstico onde as mais simples contrariedades começam a acontecer, desafiando limites de paciência e preceitos da boa convivência. Nesta fase, o “não” socorre como medida disciplinar, ainda que não seja seguido de orientação ou explicação aplicada ao contexto. Obviamente, esta prática longe está de conseguir resultados mais sólidos e duradouros, representando apenas um freio momentâneo para o educando.

Um pouco depois, na escola, a instrução acadêmica e as regras para conviver na coletividade, na tentativa de socialização do aluno, ajudam a mostrar as lacunas na conduta dos alunos quando o assunto é educação. E, neste caso, os contrários não se atraem, simplesmente se chocam. Ser contrariado por tal ou qual motivo significa, para alguns, uma rejeição irremediável. Seja uma opinião divergente, um interesse banalizado ou um objetivo não concretizado, tudo é queixa para quem tem que aprender a ouvir o outro, calar quando for necessário, dividir o tempo, respeitar o próximo e, lamentavelmente, não sabe fazer nada disso. Assim ocorrendo, sequer consegue refletir onde termina o seu direito e começa o do próximo.

Ninguém é igual a ninguém. Isto é fato conhecido e comprovado até por recursos tecnológicos, pois não é possível haver duas leituras biométricas iguais a partir de indivíduos distintos. Todos nós somos diferentes. Só que, na prática, esperamos do outro uma atitude parecida com a nossa. Logo vem a surpresa que contraria qualquer anúncio de previsibilidade. Quem dá uma flor não deseja receber espinhos; quem faz o bem não aguarda o mau exemplo; quem é fiel não se vê vítima de maledicência; quem toma atitudes corretas não se enxerga na cadeira de réu. As contrariedades ocorrem mesmo nas situações mais consolidadas e aparentemente consensuais, mostrando maneiras diferentes, inclusive divergentes, de pensar e agir.

Educar não é tarefa fácil, pois é um processo de melhoramento contínuo, preparação para a vida dentro e fora da sala de aula e do recanto doméstico. Trata-se de uma conquista gradativa de maturidade, que só é obtida na convivência com respeito, mútua compreensão e entendimento de que é sempre possível fazer melhor do que já foi feito. Disto resultam aprimoramentos, despertar de consciência e alcance das dificuldades alheias.

Como o outro vai agir ou reagir? De que forma conduzir uma interação para produzir bons resultados?

Por mais que pretendamos nos resguardar, não devemos dispensar o debate que constrói; a conversa que abre portas; a oportunidade que gera aprendizado; tudo é uma questão de compreender que cada pessoa tem o que ensinar e o que aprender.

Há muito por fazer. Dia após dia as circunstâncias nos exigem sabedoria e entram para o rol de lições aprendidas. Não basta saber que os contrários existem. Aliás, eles sempre existirão. O bom disso tudo é atender a premissa do bom exemplo, ofertando sempre o melhor de si, sobretudo no âmbito das diferenças de cada um.

Vamos pensar nisso!!!


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