sábado, 3 de maio de 2025

O descompromisso do Governo de Pernambuco com os professores contratados

 Gazeta da Torre

Num país marcado por profundas desigualdades educacionais, era de se esperar que os gestores públicos tratassem a valorização do magistério como prioridade absoluta. No entanto, a governadora de Pernambuco, Raquel Lyra (PSD), tem demonstrado, com ações concretas, um profundo descompromisso com a educação pública e, mais gravemente, com os professores contratados, categoria que representa uma parcela significativa da força de trabalho nas escolas estaduais.

Apesar de a Lei Federal nº 11.738/2008 estabelecer o piso salarial nacional do magistério da educação básica como direito assegurado a todos os profissionais da área, independentemente da natureza do vínculo, a governadora optou por recorrer até as últimas instâncias do Poder Judiciário – inclusive ao Supremo Tribunal Federal, no Tema 1308 – para subtrair esse direito dos professores contratados temporariamente.

O mais grave é que essa postura não encontra respaldo nem na jurisprudência do próprio STF. A Corte já reconheceu, na ADI 4167, a constitucionalidade do piso nacional e o seu caráter obrigatório. Ao insistir na tese de que professores contratados não fazem jus ao mesmo tratamento dado aos efetivos, o Governo do Estado de Pernambuco adota uma postura de clara discriminação institucional contra profissionais que exercem as mesmas funções, nas mesmas salas de aula, com a mesma carga de trabalho.

É preciso denunciar, com veemência, esse comportamento autoritário e tecnocrático, que coloca interesses fiscais acima dos direitos fundamentais. A governadora não hesitou em recorrer à Procuradoria do Estado, ao Tribunal de Justiça, ao Superior Tribunal de Justiça e, finalmente, ao Supremo Tribunal Federal – não para garantir mais verbas para a educação, mas para negar um direito básico aos professores que já vivem em situação de precariedade.

Por Rafael Ramos, advogado – Blog do Magno

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