Gazeta da Torre
Aquelas com mais idade, escolaridade e renda mostraram
algum conhecimento sobre os impactos dessa fase na vida dos filhos.
Superproteção, menor busca por informações e descontrole no uso de eletrônicos
pelas crianças foram mais presentes nas mães de primeira viagem e nas mais
jovens
O ambiente em que uma criança vive, desde a concepção até
os seis anos de vida (primeira infância), afeta diretamente na saúde, na
aprendizagem, no comportamento e até na longevidade delas. Uma pesquisa
realizada na Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto (EERP) da USP mostrou que
as mães, principalmente as de primeira viagem, não compreendem a relevância dos
cuidados necessários nessa fase para o futuro das crianças. Essas mulheres não
só desconhecem que as circunstâncias do ambiente doméstico afetam o
desenvolvimento humano, como não buscam por informações sobre cuidados
infantis, diz a enfermeira Ellen Cristina Gondim, responsável pelo estudo, que
acompanhou 144 gestantes do último trimestre da gravidez até o primeiro ano de
vida de seus filhos.
Participaram da pesquisa mães jovens adultas, entre 18 e
35 anos, casadas ou em união estável, com ensino médio completo e cadastradas
em uma das 12 unidades com estratégia de saúde da família do distrito oeste de
Ribeirão Preto, em São Paulo. “Entendendo os primeiros anos de vida como
essenciais para todo o processo de desenvolvimento humano, procuramos saber o
que ela sabia e o que efetivamente promoveu de cuidados para a criança”, conta
a pesquisadora.
As mães foram avaliadas através de visitas domiciliares e
respostas de questionários para conhecer realidades sociodemográficas,
econômicas e obstétricas, além dos saberes quanto ao desenvolvimento saudável
da criança. Como resultado, Ellen observou que apenas aquelas com mais idade,
escolaridade e melhor renda tinham algum conhecimento sobre os fatores que
impactam na vida da criança a longo prazo. Já as mais jovens e mães pela
primeira vez se mostraram mais propensas à superproteção e falta de controle no
uso de aparelhos eletrônicos pelas crianças, com menor probabilidade de buscar
informações sobre os cuidados infantis.
Esses achados preocupam a pesquisadora, que afirma serem
os “saberes parentais relevantes no primeiro ano de vida”. Segundo ela, a
figura materna deve compreender a importância do afeto e interação para o
desenvolvimento humano e, como consequência, “a necessidade de adquirir
conhecimento quanto ao aleitamento materno, à alimentação saudável, às
brincadeiras e estímulos adequados para cada idade”. Cita ainda, como exemplo
importante, a aquisição de conhecimentos que auxiliem a criação de rotina de bons
hábitos de sono e higiene.
A professora Débora Falleiros de Mello, orientadora do
estudo, concorda. Segundo ela, são prejudiciais as lacunas envolvendo os
conhecimentos sobre o que é importante para os filhos, seja pela ausência de
estímulos adequados ou o excesso deles ou ainda os inadequados para cada idade.
A professora alerta para as consequências futuras, traduzidas em “carências que
podem se prolongar e levar a danos para a criança nesse processo da primeira
infância que é tão importante”.
Fonte: Jornal
da USP
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