Gazeta da Torre
Já ouvi crianças se referirem ao caixa eletrônico como
“máquina de fazer dinheiro”. Elas precisam entender que não é bem assim, aquele
dinheiro é fruto de trabalho, e não está ali por acaso. E por falar em
trabalho, acho válido refletirmos sobre algumas respostas automáticas que damos
ao escutar dos filhos algo como “por que você tem que ir trabalhar?” ou “por
que trabalham tanto?”. Muitos respondem simplesmente que fazem isso porque
precisam ganhar dinheiro, pode até ser verdade para muitos, entendo, mas no meu
caso prefiro falar a minha verdade eu diria, costumo responder que é porque tem
pessoas que precisam do meu trabalho, e com o meu trabalho que eu gosto
bastante, e é importante para mim, eu consigo ajudar as pessoas e assim, também
organizar melhor nossos planos, viagens e mais do que precisamos e buscamos
para a nossa vida.
E o “não”, será que educa? É muito importante que você
reflita sobre isso. Em determinados momentos, ele é necessário, fundamental.
Mas tenha cuidado para não usá-lo de forma equivocada. Se a criança vem pedir
algo, o ideal quando possível, é que você pense junto com ela COMO é possível
se organizar para alcançar aquele objetivo, não se contente em apenas dizer
“não”.
Na minha visão, precisamos quebrar alguns comportamentos
tradicionais e que terminamos por repetir, tal como dizer: “papai / mamãe não
tem dinheiro!” ...em muitos casos, temos dinheiro sim, mas temos também
prioridades, e na medida do possível isso deve ser esclarecido para a criança,
é importante que se construa essa percepção. E também quebrar o tabu de que
“dinheiro é sujo”, pois passa para muitos a impressão de que o dinheiro não é
algo legal, que é ilícito, sujo, e podemos ser mais sutis ao dizer que “sempre
que pegar em dinheiro é importante lavar as mãos, porque ele circula na mão de
muitas pessoas”.
Muita gente pergunta qual o melhor investimento para ser
feito pensando no futuro dos filhos. Isso é muito relativo: tem quem queira
deixar um apartamento, dar um carro aos 18 anos, separar uma quantia para
custear os estudos numa universidade particular, cada um com seus objetivos,
não estou aqui para julgar. No meu caso, quero dar oportunidades de
conhecimento, desenvolvimento para que meu filho possa galgar da melhor forma
os caminhos dos planos dele, mesmo que depois veja que de alguma forma se
equivocou e quero estar por perto para ajudar, orientar, participar. Penso que entre 15 e 18 anos, ele deve fazer
um intercâmbio, é uma experiência cultural relevante, idioma, enfrentar e viver
o novo, o desconhecido. Para isso, minha esposa e eu, fazemos pequenos aportes,
numa carteira que mescla uma parte maior na renda variável e um percentual
menor na renda fixa, para que a gente
possa realizar esse desejo sem de forma mais planejada anos adiante.
Lembre-se sempre que o exemplo é o que rege, é o que
arrasta. É o seu dia a dia, a sua vida financeira bem equilibrada, o seu padrão
de vida adequado que vai propiciar com que a criança viva também de uma maneira
agradável e positiva. Imagine um adolescente que ao longo da infância e na fase
atual vê que sempre que questionados quanto a forma de pagamento nos
estabelecimentos, escuta dos pais: “pode parcelar no máximo de vezes que
puder”, fatalmente, no dia que adolescente tiver um cartão de crédito e essa
possibilidade nas mãos, repetirá esse comportamento.
Acho muito legal a ideia de uma mãe que fiz o trabalho de
planejamento e ela resolveu dar a mesada para o filho de 15 anos no valor que
inclua a sua escola, plano de saúde, lanche, passeios e algo mais, com o
objetivo de que a criança pagasse desse valor, a cada mês, esses serviços, com
a ideia de passar um pouco do senso de responsabilidade, do custo que tudo isso
tem. Inclusive, dependendo da idade, hoje em dia é bastante válido abrir a
conta realmente no nome do seu filho para que ele tenha o cartão de débito com
seu nome, claro, os adolescentes vão valorizar isso, chama responsabilidade,
zelar pelo seu nome, pelo seu dinheiro e vá liberando, orientando, avançando
aos poucos.
Use a criatividade, dedique um tempo para este processo,
será transformador e certamente gratificante, faça acontecer!
Abraço e até a próxima!
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