Gazeta da Torre
Crédito: Toni Santana / Bike PE |
Os dois primeiros estudos se centram nos jovens de até 24 anos e nas pessoas com alguma Fazer exercício físico ou praticar algum esporte traz benefícios enormes, não só em nível físico, mas também mental. Reduz o risco de sofrer doenças cardiovasculares, a pressão arterial e o estresse, ajuda a controlar o colesterol e nos faz descansar melhor. Entretanto, nos últimos anos a luta contra o sedentarismo se estagnou, conforme publicou a revista The Lancet em uma série de três artigos sobre o tema. Em nível global, os problemas decorrentes da falta de exercício físico e o sedentarismo são responsáveis por mais de cinco milhões de mortes por ano, além de acarretarem gastos sanitários superiores a 280 bilhões de reais ―dos quais mais de 160 bilhões provêm do setor público.
deficiência, dois grupos populacionais cruciais. O primeiro,
pelo triplo benefício gerado pela prática esportiva: ter uma melhor saúde hoje,
no futuro e na geração seguinte. No caso das pessoas com deficiências, elas
enfrentam maior risco de sofrer problemas cardíacos, diabetes ou obesidade, por
isso fazer atividade física é uma forma simples de se proteger. O terceiro
trabalho analisa as políticas esportivas que acompanharam a realização dos
Jogos Olímpicos nos últimos anos e o efeito que tiveram na rotina dos cidadãos
do país onde elas ocorreram.
Segundo a publicação, o nível de atividade física nos
adolescentes permanece estagnado desde 2012, e 80% dos jovens não seguem a
recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) de fazer uma hora de
exercício físico por dia. Cerca de 40% dos estudantes nunca vão a pé para a
escola, e 25% passam mais de três horas por dia sentados depois de assistirem
às aulas e fazerem a lição de casa. O estudo também analisa o uso de telas
entre os jovens de 38 países europeus: em média, 60% dos meninos e 56% das
meninas passam mais de duas horas por dia vendo televisão, e 51% dos meninos e
33% das meninas dedicam mais de duas horas por dia a jogar videogame. Para
Esther van Sluijs, autora desse primeiro estudo, “os dados sugerem que o uso de
telas está substituindo outras atividades sedentárias, como ler livros e
revistas ou ouvir rádio, mas não necessariamente substitui a atividade física”.
No caso das pessoas portadoras de deficiência, os
pesquisadores determinaram que sua chance de não seguir as recomendações sobre
a atividade física diária são entre 16% e 62% maiores. É uma margem grande, que
depende da renda nacional, do sexo e do nível e quantidade de deficiências de
cada indivíduo. “Precisamos de mais estudos centrados em pessoas com
deficiências, assim como políticas concretas e coesivas para assegurar que os
direitos destas pessoas se mantenham e que se permita a elas participar de
atividades físicas”, diz em nota Kathleen Martin Ginis, da Universidade da
Colúmbia Britânica (Canadá) e uma das autoras.
O trabalho lamenta que os grandes eventos esportivos
(principalmente os Jogos Olímpicos, embora também se mencione a Eurocopa e a
Copa América de futebol realizadas há poucas semanas) não sejam usados pelos
países organizadores para promover a prática esportiva por parte da população.
Com exceção dos Jogos de 2008 em Pequim (China) e os de Inverno de 1998 em
Nagano (Japão), em nenhum país organizador a participação popular em atividades
esportivas cresceu. “Os grandes eventos fazem as pessoas se interessarem por
exercício, mas alguns podem achar que esse esporte está acima das suas
capacidades ou das suas habilidades, por isso temos que oferecer programas para
pessoas de todas as idades e níveis de atividade”, propõe Adrian Bauman,
pesquisador da Universidade de Sydney (Austrália) e um dos autores desse
trabalho.
A The Lancet também menciona a pandemia como uma
oportunidade perdida para o esporte. Apesar de ter se tornado uma atividade
essencial em alguns países durante o confinamento, os governos não aproveitaram
esse interesse crescente. “As primeiras campanhas governamentais durante a
pandemia da covid-19 motivavam o público a sair e fazer exercício. Por que
então os governos não podem se comprometer a promover a atividade física como
uma necessidade humana essencial, além e independentemente da covid-19?”,
pergunta-se o artigo.
Jesús del Pozo, professor de Atividade Física da
Universidade de Sevilha (Espanha), atribui esse estancamento à digitalização
dos últimos anos. “Basicamente vivemos uma revolução tecnológica na qual
intensificamos o uso de telas, e isso implica que estamos intensificando o
nível de sedentarismo”, diz. Para o pesquisador, este problema vem de longe,
embora tenha se acentuado com a covid-19. “As crianças passam pelo menos seis
ou sete horas sentadas”, diz. “O ser humano não foi desenhado para ficar
sentado, e nós desenvolvemos nossas vidas nos baseando no sedentarismo”,
conclui.
Para Del Pozo, este estudo é um chamado de atenção ao
mundo científico para apontar os rumos dos próximos estudos. “Não existem
evidências de como se produz a transição quando você passa de adolescente para
adulto, nem quais estratégias deveríamos seguir”, aponta o pesquisador. Del
Pozo também sugere revisar as recomendações da OMS: “Talvez seja preciso voltar
a estudar o impacto dessas diretrizes em termos de saúde. Não está tão claro
que se você tiver 18 anos e fizer mais de 150 minutos de atividade física
moderada por semana isso terá um impacto positivo na saúde.
Fonte:El País
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