Gazeta da Torre
Cientistas da Universidade Caledônia de Glasgow, em
conjunto com a Universidade Federal de Pelotas, descobriram uma espécie de
“coquetel” de exercícios para reduzir os riscos de morte prematura e aumentar a
longevidade. Eles descobriram que ficar sentado por muito tempo pode desfazer
os benefícios da prática de atividades físicas.
Ao Jornal da USP no Ar 1ª Edição, Ana Jéssica Pinto,
pesquisadora do Grupo de Pesquisa em Fisiologia Aplicada e Nutrição das
Faculdades de Medicina (FM) e de Educação Física e Esporte (EEFE) da USP, afirma
que existem duas situações distintas: inatividade física e sedentarismo. O
primeiro caso ocorre quando a pessoa não atinge os 150 minutos de atividade
semanais recomendados pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Já o
sedentarismo consiste em permanecer muito tempo em atividades na posição de repouso,
como sentado ou deitado.
“O estudo é muito legal porque ele tenta combinar duas
coisas distintas. A gente tem atividade física e tempo sedentário sendo
avaliados em conjunto”, diz. “Durante as 24 horas do dia, a gente tem três
possibilidades: estar dormindo, estar fazendo uma atividade sedentária ou
fazendo um comportamento ativo”, explica. Esse comportamento ativo é dividido
pelas intensidades muito leve, leve, moderada e vigorosa. “O tempo que você passa
em cada uma dessas coisas pode afetar sua saúde.”
O estudo indica que apenas cumprir com a recomendação
semanal não é suficiente. Os benefícios da atividade física estão relacionados
não só com a duração do exercício, mas também com o tempo gasto na atividade
sedentária. “Eles identificaram que um tempo sedentário maior que 11 horas por
dia era capaz de anular esse benefício que a gente viu com a prática de atividade
moderada e rigorosa.”
Através do estudo, os pesquisadores recomendam uma
combinação de atividades. Ana explica que três minutos de exercício moderado a
vigoroso por dia, acrescidos de seis horas de atividade física leve e nove
horas de tempo sedentário podem representar uma redução de 30% no risco de
mortalidade. Esse é apenas um exemplo de combinação. “Eu posso não conseguir
atingir a recomendação [de 150 horas semanais], mas ainda assim ter uma
proteção com outros tipos de atividade.” A pesquisadora ressalta que o
importante é combinar o aumento da atividade física e a redução do tempo sedentário.
Desde 2016, o Grupo de Pesquisa em Fisiologia Aplicada e
Nutrição estuda os efeitos de reduzir o tempo sedentário em populações
clínicas. Por meio de um estudo já concluído, o grupo observou a redução da
glicose, os marcadores de inflamação, a pressão arterial e algumas classes de
lipídios através de diferentes tipos de exercícios. “A conclusão da
recomendação da OMS é que qualquer movimento conta, então movimente-se mais e
sente-se menos”, conclui.
Fonte:Jornal da USP.
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