Gazeta da Torre
Certamente, você também já viu o mesmo que eu: muita
gente bater no peito, se orgulhar por ter feito investimentos e estar avançado
nesse caminho. Mas, a realidade é que, muitas vezes, são maus negócios. Por
isso, resolvi falar de cinco desses “investimentos” que costumam ser pegadinha
na vida de várias pessoas. Fique atento e busque reais oportunidades de
investir, e se alguma dessas deu certo para você, que bom, foi realmente
premiado, tem disso também.
O primeiro “investimento” que você ou alguém da sua
família pode ter caído é a compra do imóvel, investir na casa própria. Os
nossos pais passaram para a gente que essa aquisição é importante porque “haja
o que houver, você vai ter o seu canto, o seu teto”. Na realidade, se for
financiado e você deixar de pagar a prestação por três, quatro meses, vai ver
que ele não é tão seu, está em nome do banco, e diante de sua dívida, pode ir a
leilão.
É preciso entender que imóvel é passivo e não ativo,
pois, com a compra dele, você tem condomínio, IPTU, taxa de bombeiros, despesas
de manutenção, energia, água, além das despesas iniciais que muitos têm antes
de entrar no imóvel com reforma. Ou seja, mais gastos no seu dia a dia.
Investimento é aquilo que te dá retorno, que vai te
rentabilizar de alguma forma, se é para morar, você pode encarar como um
investimento filosófico, emocionalmente falando. Se você compra um apartamento
para alugar, aí sim, pode ser um investimento. Mas, de alguns anos para cá,
poucos alugueis estão valendo a pena para os proprietários.
O segundo “investimento” que não é investimento é a
compra de criptomoedas, sendo bitcoins a mais famosa delas. A minha concepção é
que se trata de uma aposta e não de investimento. É um ativo, o governo
brasileiro (e não só ele), não vai assumir como moeda e admitir duas “moedas”
em circulação no país. Sendo assim, devemos declarar no imposto de renda como
um ativo. Mas, de certo, esse ativo não vai produzir para você. Se você tem um
bitcoin, vai ter sempre essa mesma quantidade. O que pode acontecer é o valor
de uma unidade valorizar ou desvalorizar, como acontece quando compramos moeda
estrangeira que, da mesma forma, tende a variar de acordo com a oferta e
demanda. As criptomoedas, como o nome nos remete, são em sua essência moedas,
livres de intervenções e intermediários, com mais autonomia, mas que surgiram
para ser transacionadas. Porém, é possível ver pessoas que as defendem como um
investimento, que pode ser indicado para a proteção do portfólio, da carteira
de investimentos.
Agora, trago o terceiro que muita gente chama de
investimento: a previdência privada. Pode ser um bom investimento ou um péssimo
negócio, a depender de vários detalhes que, em geral, não são analisados da
melhor forma, o que termina levando muita gente a aportar recorrentemente em
produtos de péssima qualidade e ineficazes, porém, claro, existem bons produtos
e que fazem sentido no planejamento financeiro de muita gente. Eu vejo a
previdência como uma renda complementar para o seu futuro, muitos veem como um
seguro, uma forma de você garantir uma velhice mais tranquila. É uma
alternativa para se planejar e ter segurança no longo prazo. Digo mais: ao
longo desses anos trabalhando com planejamento financeiro, ainda não encontrei
ninguém que tivesse uma previdência e pudesse viver no futuro apenas com a
renda que essa previdência vai proporcionar. Ou seja, é mais um meio para um
futuro mais tranquilo, mas não vai sanar todas as despesas dessa fase.
Frequentemente, vejo também títulos de capitalização e
consórcios serem vendidos como investimentos. Os títulos de capitalização, em
muitos casos, você tira menos do que aportou ao longo do tempo, tendo como
vantagem indicada no contrato a participação em sorteios. Cuidado com esse tipo
produto, que termina se assemelhando a uma rifa ou produtos de loteria. E o
consórcio vem como uma forma de pagamento, meio para a aquisição do imóvel que
a pessoa deseja morar, o que, como vimos mais acima, se caracteriza como um
passivo e não um ativo.
Cuidado ainda com as pirâmides, que a cada ano pegam
milhares de pessoas por aí. Em geral, as que caíram, buscavam ganhos fora da
curva, alta rentabilidade num curto prazo, e esses atalhos não se encontram
assim, mas as promessas existem em cada esquina, em muitos perfis nas redes
sociais. E sempre terá alguém que vai testemunhar a favor, afirmar que teve
ganhos, retorno, e isso acontece de fato, acontece com os primeiros a aderir,
pois o estelionatário precisa ter algumas pessoas que bravem aos quatro ventos
que dá certo e que contem vantagem por aí, e esses trarão mais gente e quando o
“circo tiver armado”, o golpe acontece!
Tenha atenção para esses cinco exemplos que eu trouxe
hoje para você. Alguns deles têm pontos positivos na vida de uma pessoa, a
partir do momento que você entende e tem claro na mente o motivo pelo qual está
adquirindo aquilo, o propósito e papel dele no seu planejamento. Siga em frente
e procure boas oportunidades de investir respeitando sempre o seu perfil, seja
ele conservador, moderado ou arrojado.
Até a próxima!
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