Gazeta da Torre
Mais de 80 cientistas, representantes de governo e da
sociedade civil, produziram documento em que sintetizam evidências científicas
sobre os malefícios dos alimentos ultraprocessados à saúde humana e planetária.
A proposta, que será encaminhada à Cúpula de Sistemas Alimentares, da
Organização das Nações Unidas (ONU), pleiteia que o tema seja tratado com a
devida relevância e que seja incluído nas discussões do evento, que acontecerá
em setembro de 2021, quando se discutirá pontos críticos de sistemas
alimentares, com foco em alcançar os objetivos da Agenda 2030 para o
Desenvolvimento Sustentável. O
documento, sob o título Diálogo sobre ultraprocessados: soluções para
sistemas alimentares saudáveis e sustentáveis, foi lançado dia 24, com
transmissão pelo canal do YouTube da Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP.
O encontro que gerou o documento foi organizado pelo
Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde (Nupens) e pela Cátedra
Josué de Castro de Sistemas Alimentares Saudáveis e Sustentáveis, ambos da FSP.
Contou com a presença de cientistas como Carlos Monteiro (coordenador do Nupens),
Tereza Campello (ex-ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome e atual
professora titular da Cátedra) e José Graziano da Silva (ex-diretor geral da
FAO, atual diretor do Instituto Fome Zero).
Dividido em seis tópicos, o documento explora evidências
científicas sobre os impactos dos ultraprocessados na saúde humana e por quais
mecanismos esses produtos elevam o risco de desenvolvimento de doenças. O texto
mostra, ainda, como a produção e o consumo desses alimentos afetam o Planeta.
Traz de forma detalhada três soluções globais necessárias para o enfrentamento
do problema: a elaboração de guias alimentares que abordem os malefícios dos
ultraprocessados, a produção de uma rotulagem de alimentos clara para o
consumidor e a regulação de ambientes alimentares (onde ocorrem compra e venda
de produtos alimentícios).
Segundo Tereza Campello, os impactos dos alimentos
ultraprocessados no meio ambiente e no clima vêm sendo negligenciados nos
debates internacionais. “O texto produzido coletivamente, com base na ciência,
demonstra a urgência de ação para a regulação da indústria de alimentos, e será
uma ferramenta estratégica para pautar a agenda de ultraprocessados tanto na
Cúpula de Sistemas Alimentares da ONU, quanto na 26ª Conferência das Nações
Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP 26) e na Conferência de
Biodiversidade. Não podemos continuar alimentando a ilusão de que a indústria
vai se autorregular”, explica.
A Cúpula de Sistemas Alimentares da ONU foi anunciada no
Fórum Econômico Mundial, em 2019, pelo secretário-geral das Nações Unidas,
António Guterres, em reconhecimento da urgência em tornar os atuais sistemas
alimentares saudáveis e sustentáveis.
A reunião tem como princípios o compromisso dos
participantes em honrar a visão e os objetivos do encontro, reconhecer a
complexidade da agenda de sistemas alimentares, adotar postura de inclusão de todos
os atores envolvidos e construir confiança mútua para que haja consenso e para
que as decisões sejam implementadas em diferentes níveis.
Mais informações: Marina Yamaoka, e-mail
catedrajc@usp.br, e Murilo Bomfim, e-mail mbomfim@usp.br.
Fonte:Jornal da USP.
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