Gazeta da Torre
O Brasil se prepara para a maior crise hídrica em quase
um século, com a escassez de chuvas no maior nível desde 1931. O fenômeno,
junto com uma gestão ineficiente especialmente na prevenção de riscos, afeta o
sistema nacional de energia, uma vez que usinas hidrelétricas ainda são a
principal fonte de produção de energia no país.
De acordo com especialistas, ainda é cedo para falar em
risco de apagão, mas os efeitos já são sentidos no bolso. Entra em vigor neste
mês de junho, por exemplo, a bandeira vermelha 2 nas tarifas de energia do
país, o que vai encarecer a conta de luz em 6,243 reais para cada 100kWh
consumidos. É o patamar mais caro das bandeiras tarifárias.
Ainda que grandes empresas tenham poder de barganha para
negociar o fornecimento de energia no chamado mercado livre, a conta vai ficar
mais cara. A situação deve pressionar a margem de lucro das empresas,
principalmente das indústrias. No entanto, nenhum setor deve se prejudicar – e
se beneficiar – tanto com a crise hídrica do que o elétrico.
“O setor elétrico já vinha descontado no ano porque é
tradicionalmente defensivo, então acaba sendo deixado de lado em momentos de
retomada. Com a crise hídrica, o cenário se agrava porque muitas dessas
empresas dependem da geração hidrelétrica”, afirma Gustavo Cruz, analista da RB
Investimentos.
O Índice de Energia Elétrica (IEE), que mede o desempenho
das empresas brasileiras do setor na B3, avançou apenas 0,93% em 2021, enquanto
o Ibovespa, principal índice da bolsa, acumula alta de 6,05% no mesmo período.
É possível ainda que a própria retomada econômica acabe
colocando mais uma pedra no caminho do setor elétrico. Deveria ser uma notícia
positiva caso houvesse condições de atender a demanda. “Com a atividade mais
forte, o consumo de energia tende a ser maior. Isso somado à falta de chuvas
traz um risco de racionamento”, afirma Cruz.
Os efeitos já são sentidos na bolsa. Com as preocupações
com a crise hídrica em alta, as ações do setor de energia estiveram entre as
maiores quedas e as maiores altas do Ibovespa nesta segunda-feira, 31 de maio.
Na ponta positiva, as ações da Eneva (ENEV3) dispararam 4%; na negativa, as da
Equatorial (EQTL3) caíram 3%.
A Eneva é apontada por analistas como uma possível grande
vencedora da crise hídrica. Isso porque, com a falta de chuvas reduzindo a
produção de hidrelétricas, a Eneva poderá colocar suas termelétricas para
operar a todo vapor.
“Quando as usinas termelétricas estão produzindo energia,
a Eneva recebe um valor – que é variável – bem superior ao que já recebe em
condições normais”, explica Victor Hasegawa, gestor de renda variável da Infinity
Asset.
Além da Eneva, analistas e investidores acreditam que
ações de geradoras com maior participação em energia eólica e solar também
podem ser beneficiadas pela situação. Entre as empresas nesse perfil estão
Omega (OMEG3), Renova (RNEW3) e Alupar (ALUP11). E, indiretamente, a Aeris
(AERI3), que é fabricante de pás para geradores de energia eólica.
Fonte:EXAME Invest
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