terça-feira, 1 de junho de 2021

Crise hídrica deve atingir com força o setor elétrico

 Gazeta da Torre

O Brasil se prepara para a maior crise hídrica em quase um século, com a escassez de chuvas no maior nível desde 1931. O fenômeno, junto com uma gestão ineficiente especialmente na prevenção de riscos, afeta o sistema nacional de energia, uma vez que usinas hidrelétricas ainda são a principal fonte de produção de energia no país.

De acordo com especialistas, ainda é cedo para falar em risco de apagão, mas os efeitos já são sentidos no bolso. Entra em vigor neste mês de junho, por exemplo, a bandeira vermelha 2 nas tarifas de energia do país, o que vai encarecer a conta de luz em 6,243 reais para cada 100kWh consumidos. É o patamar mais caro das bandeiras tarifárias.

Ainda que grandes empresas tenham poder de barganha para negociar o fornecimento de energia no chamado mercado livre, a conta vai ficar mais cara. A situação deve pressionar a margem de lucro das empresas, principalmente das indústrias. No entanto, nenhum setor deve se prejudicar – e se beneficiar – tanto com a crise hídrica do que o elétrico.

“O setor elétrico já vinha descontado no ano porque é tradicionalmente defensivo, então acaba sendo deixado de lado em momentos de retomada. Com a crise hídrica, o cenário se agrava porque muitas dessas empresas dependem da geração hidrelétrica”, afirma Gustavo Cruz, analista da RB Investimentos.

O Índice de Energia Elétrica (IEE), que mede o desempenho das empresas brasileiras do setor na B3, avançou apenas 0,93% em 2021, enquanto o Ibovespa, principal índice da bolsa, acumula alta de 6,05% no mesmo período.

É possível ainda que a própria retomada econômica acabe colocando mais uma pedra no caminho do setor elétrico. Deveria ser uma notícia positiva caso houvesse condições de atender a demanda. “Com a atividade mais forte, o consumo de energia tende a ser maior. Isso somado à falta de chuvas traz um risco de racionamento”, afirma Cruz.

Os efeitos já são sentidos na bolsa. Com as preocupações com a crise hídrica em alta, as ações do setor de energia estiveram entre as maiores quedas e as maiores altas do Ibovespa nesta segunda-feira, 31 de maio. Na ponta positiva, as ações da Eneva (ENEV3) dispararam 4%; na negativa, as da Equatorial (EQTL3) caíram 3%.

A Eneva é apontada por analistas como uma possível grande vencedora da crise hídrica. Isso porque, com a falta de chuvas reduzindo a produção de hidrelétricas, a Eneva poderá colocar suas termelétricas para operar a todo vapor.

“Quando as usinas termelétricas estão produzindo energia, a Eneva recebe um valor – que é variável – bem superior ao que já recebe em condições normais”, explica Victor Hasegawa, gestor de renda variável da Infinity Asset.

Além da Eneva, analistas e investidores acreditam que ações de geradoras com maior participação em energia eólica e solar também podem ser beneficiadas pela situação. Entre as empresas nesse perfil estão Omega (OMEG3), Renova (RNEW3) e Alupar (ALUP11). E, indiretamente, a Aeris (AERI3), que é fabricante de pás para geradores de energia eólica.

Fonte:EXAME Invest

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