Fonte: BBC
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Dias 1 e 2 de Janeiro trouxeram diversas mudanças do novo governo de Jair Bolsonaro |
O Diário Oficial confirmou, por meio de Medida
Provisória, as 22 pastas ministeriais do governo Bolsonaro - como já havia sido
anunciado durante a transição. O número final ficou acima do que havia sido
anunciado durante a campanha: 15, na época.
Os ministros foram empossados na terça-feira (01/01/2019) por
Bolsonaro.
São 16 ministérios, 2 secretarias e 4 órgãos equivalentes
a ministérios.
Foram extintas, portanto, sete pastas:
1) Transportes, Portos e Aviação Civil;
2) Indústria, Comércio Exterior e Serviços
3) Esporte
4) Cidades
5) Cultura
6) Trabalho
7) Segurança Pública.
2) Cargos de articulação da Casa Civil na Câmara e no
Senado
O texto também cria cargos de articulação da Presidência
com o Legislativo. Ou seja, a Casa Civil, chefiada por Onyx Lorenzoni (DEM), terá
um secretário especial para a Câmara e outro para o Senado.
Deve ser anunciado que Carlos Manato (PSL-ES), que não
conseguiu se eleger para o governo do Espírito Santo, será secretário especial
para a Casa, e Leonardo Quintão (MDG-MG), outro derrotado nas urnas, cuidará da
relação com o Senado.
3) Demarcação de terras indígenas para o Ministério da
Agricultura
A Funai (Fundação Nacional do Índio) passa a ser
vinculada ao Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (antes,
era vinculada ao Ministério da Justiça) e não poderá mais demarcar terras
indígenas.
Quem passa a ter o poder de "identificação,
delimitação, demarcação e registros das terras tradicionalmente ocupadas por
indígenas" é o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. A
pasta também será responsável pela delimitação de terras ocupadas por
comunidades quilombolas.
Na prática, a nova configuração dá a ruralistas, muitos
com interesses contrários aos dos indígenas, o poder de demarcar suas terras.
Também esvazia a Funai, órgão criado em 1967 com o objetivo de proteger os
direitos dos povoso indígenas no Brasil.
4) Salário mínimo
O Diário Oficial também trouxe o novo valor do salário
mínimo, que já passa a valer desde o dia 1º de janeiro: R$ 998.
O valor é menor que o que havia sido previsto no ano
passado pelo governo Michel Temer (MDB), de R$ 1.006, uma correção de 5,45%
sobre o salário mínimo anterior, de R$ 954.
Um salário mínimo menor do que o previsto é resultado de
uma mudança na previsão da inflação: na época em que o governo Temer orçou o
salário mínimo em R$ 1.006, a previsão era de que inflação fecharia em um valor
mais alto.
O salário mínimo é calculado com base no PIB e no INPC
(Índice Nacional de Preços ao Consumidor), que corrige o poder de compra dos
salários, medindo a variação de itens de consumo da população assalariada com
baixo rendimento. A estimativa de inflação projetada pelo governo era de 4,2%,
com crescimento do PIB de 1% em 2017 (o governo também levava em conta um
resíduo de R$ 1,75 que faltou do salário mínimo em janeiro de 2018). A
expectativa agora é que o INPC feche em um valor menor - o número oficial ainda
não foi divulgado.
5) Cargos de chefia no Itamaraty a não diplomatas
Funções de chefia no Ministério das Relações Exteriores
não se restringirão mais apenas ao corpo de servidores do Ministério. Ou seja,
não diplomatas poderão exercer cargos de chefia no Itamaraty.
Segundo Medida Provisória publicada no Diário Oficial da
União do dia 1º de janeiro, que modifica a organização dos ministérios, o
"serviço exterior brasileiro (...) constitui-se do corpo de servidores,
ocupantes de cargos de provimento efetivo, capacitados profissionalmente como
agentes do Ministério das Relações Exteriores, no País e no exterior,
organizados em carreiras definidas e hierarquizadas, ressalvadas as nomeações
para cargos em comissão e funções de chefia".
A frase em negrito é nova e altera a Lei nº 11.440, de 29
de dezembro de 2006, sobre o Regime Jurídico dos Servidores do Serviço Exterior
Brasileiro.
6) Alterações internas em ministérios
Por fim, o texto também trouxe alterações internas em
ministérios. O Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), como já
havia sido anunciado, será vinculado ao Ministério da Justiça e Segurança
Pública, comandado pelo ex-juiz Sergio Moro.
O Diário Oficial da União publicado nesta quarta, dia 2
de janeiro, estabelece um novo estatuto do Coaf, criando duas novas diretorias
- de Inteligência Financeira e de Supervisão -, entre outras modificações.
O mesmo Coaf é o que revelou, em dezembro, uma
movimentação atípica de R$ 1,2 milhão feita no período de um ano por Fabrício
Queiroz, ex-assessor de Flavio Bolsonaro, filho do presidente.
Outra mudança é a da Comissão de Anistia, antes vinculada
à pasta da Justiça, para o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos
Humanos, chefiada pela ministra Damares Alves. A Comissão de Anistia é
responsável pelas políticas de reparação e memória para as vítimas da ditadura
brasileira.
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