Gazeta da Torre
O feminicídio tomou conta do cotidiano da população
pernambucana. Não se trata de casos isolados, mas de uma triste realidade que
se repete, dia após dia, nas páginas policiais e nos relatos das famílias
destruídas pela violência de gênero. O que antes parecia mais frequente nos
grandes centros urbanos agora assola, de forma alarmante, os municípios do
interior, onde o acesso à rede de proteção é ainda mais precário.
Nos últimos anos, o crescimento dos casos de feminicídio
em Pernambuco, especialmente fora da Região Metropolitana, escancara o
desamparo vivido por mulheres que buscam proteção e justiça. Falta ao governo
de Raquel Lyra (PSD) priorizar a segurança pública de forma integrada,
articulada e eficaz. É necessário ir além do discurso: mulheres estão morrendo
e não podem ser reduzidas a números frios em relatórios estatísticos.
As políticas públicas precisam garantir não só a
prevenção, mas também o acolhimento, o acompanhamento psicológico, jurídico e
social das vítimas de violência. É urgente fortalecer e ampliar a rede de apoio
às mulheres – com Casas de Acolhimento, Centros de Referência da Mulher,
Delegacias Especializadas em Atendimento à Mulher (DEAMs) funcionando 24 horas,
além da capacitação de agentes públicos para lidar com esses casos de forma
humanizada.
Falta planejamento? Falta prioridade? A resposta parece
ser afirmativa. Enquanto o governo do estado investe em campanhas de marketing
e promove um mundo paralelo nas redes sociais, a população sente, na pele, a
ausência do Estado. Propaganda institucional sem ações concretas não ameniza a
dor de quem perdeu uma filha, uma irmã, uma companheira. A sensação de
insegurança só cresce, sobretudo entre as mulheres que vivem em comunidades
vulneráveis e isoladas.
A luta contra o feminicídio não pode ser encarada como
responsabilidade exclusiva de um setor ou de uma esfera de governo. Trata-se de
um esforço coletivo que exige sensibilidade, coragem e compromisso político. As
mulheres de Pernambuco clamam por segurança, respeito e políticas públicas que
as mantenham vivas. É hora de transformar luto em luta, e estatísticas em ações
concretas.
Por Verones Carvalho, escritor e cientista político
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