Gazeta da Torre
Os mercados populares de Recife são locais que contribuem para agregar gente da comunidade. Já falamos sobre este aspecto em outro texto, que vale a pena conferir.
https://gazetadatorre.blogspot.com/2016/09/mercado-da-madalena-o-recife-e-sua.html
Quando falo em agregar gente estou falando também e principalmente da formação
de confrarias, amizades, grupos de degustadores de uma boa cerveja ou de uma
boa cachacinha, com os necessários acompanhamentos de tira-gostos variados.
Mas hoje vamos nos limitar a falar desse grande evento
que é a galhofeira eleição do “Chifrudo do Ano” do mercado da Madalena,
brincadeira que vem sendo realizada anualmente há mais de 40 anos, no bar
“Confraria dos Chifrudos”, conduzido pelo nosso amigo Fernando Correia.
Anualmente se apresentam 3 ou 4 candidaturas, presidente
e vice. Os requisitos para o registro da candidatura são simples:
1) Ser
“habitué” do mercado, como cliente dos box e principalmente como bebedor
confrade;
2) Não ter
sido chifrudo efetivamente na vida real (kkkk).
Para comprovar o cumprimento do item 2 acima é feita
rigorosa triagem da vida pregressa do candidato. Há quem diga que houve um
presidente que não atendeu este item, ficando, portanto, passível de
impeachment, o que não ocorreu, manchando indelevelmente a transparência do
processo.
O eleitor deposita o voto na urna e em seguida balança o
“sino do chifre”, sinalizando que votou. Terminada a votação nosso líder Fred
Oliveira (um dos fundadores da brincadeira) procede à leitura dos votos, sob o
escrutínio atento dos auditores. Comenta-se também que a eleição quase sempre é
fraudada e que são eleitos quem a banca quer. Não sabemos ao certo (kkk).
Terminada a apuração o candidato eleito é coroado com o
tradicional chapéu de touro. Em seguida, para comunicar a vitória ele usa o
“cornecular”, um telefone celular acoplado a um chifre de boi e recebe um
registro.
Na sequência muita música, muita alegria, muita galhofa.
É um grande evento do Mercado da Madalena.
O chifrudo, como sabemos todos, é uma pessoa que foi
traída, e são vítimas de muitas anedotas. Um aforismo famoso afirma que “Um
homem sem chifres é um animal indefeso”. A lenda diz que a cabeça do traído
começa a doer na testa e que cornos cresceriam na sua fronte.
As diversas categorias, digamos assim, já caíram no
anedotário popular. Alguns exemplos:
• Prevenido
– Liga pra esposa antes de ir pra casa.
• Teimoso –
Leva chifre da mulher e da amante.
• Churrasco
– Aquele que mete a mão no fogo pela mulher.
• Fofoqueiro
– Aquele que leva chifre e dai contando pra todo mundo.
• Corno
cuscuz – Sabe, mas abafa
Um clássico clichê afirma que ele é o último a saber e
que alguns até gostam de serem traídos e não se separam das companheiras
infiéis. Este é o corno fiel digamos assim.
Por fim vamos lembrar a famosa “Oração dos Cornos” que diz assim:
Meu Deus.....
Fazei com que eu não seja corno.
Se eu for, que eu não saiba.
Se eu souber, que não veja.
Se eu ver que me conforme.
Amém
Pela sua irreverência esta simpática brincadeira já se
tornou tradição do nosso Mercado, sendo evento de grande público, que comparece
com muita alegria. e vontade de bebericar, brincar e ouvir música. No ano que
vem já foi anunciado que o eleito desfilará em carreata ao redor do mercado,
com faixa presidencial e toda pompa. Já foi lançada uma pré-candidatura de um
cidadão originário da cidade de Surubim,
grande habitué do mercado. Tem grande chance. Quem viver verá.
Viva o Mercado da Madalena.
Márcio Nilo
Imagem/Vídeo –
MD, Gazeta da Torre
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