Gazeta da Torre
A pesquisadora Viviane Abreu Nunes Cerqueira Dantas
comenta a patente de um sistema de entrega de enzimas antioxidantes,
desenvolvido na USP, que pode ajudar no tratamento do estresse oxidativo e,
consequentemente, retardar o envelhecimento da pele
Envelhecer constitui uma etapa inevitável na jornada de
cada indivíduo e, para muitos, as marcas que o tempo imprime na pele assumem um
papel proeminente como indicadores desse processo. Hábitos alimentares
inadequados, um estilo de vida frenético e o consumo de tabaco e bebidas
alcoólicas podem acelerar essa evolução. Originado por tais comportamentos, o
estresse oxidativo, designado cientificamente, caracteriza-se pelo
desequilíbrio entre a geração de compostos oxidantes e a operação dos sistemas
antioxidantes de defesa do organismo. Esse fenômeno, além de contribuir para o
envelhecimento prematuro, também se relaciona a processos inflamatórios e
tumorais.
Considerando essa realidade, pesquisadores da
Universidade de São Paulo (USP) desenvolveram uma patente intitulada Sistema de
entrega de enzimas recombinantes com ação antioxidante na pele e em outros
tecidos. Segundo Viviane Abreu Nunes Cerqueira Dantas, da Escola de Artes,
Ciências e Humanidades da USP, uma das mentes por trás dessa inovação, trata-se
de um sistema antioxidante composto pelas enzimas glutationa peroxidase, superóxido
dismutase e catalase, as quais combatem os radicais livres gerados na pele,
mitigando, assim, o envelhecimento celular. Esse sistema exerce a capacidade de
neutralizar uma expressiva quantidade de radicais livres e incorpora tecnologia
de drug delivery, que assegura a absorção do composto pelas células da pele.
As enzimas antioxidantes contidas na patente foram
inspiradas nas enzimas presentes no fungo filamentoso Trichoderma reseei. A
pesquisadora explica: “As enzimas fúngicas foram escolhidas devido às suas
propriedades bioquímicas mais atrativas em comparação com as enzimas humanas,
incluindo estabilidade térmica e maior atividade catalítica. Para empregar
essas enzimas, os pesquisadores clonaram-nas e as fusionaram com peptídeos de
penetração celular, ampliando, assim, sua habilidade de ingressar nas células
da pele”.
Indústria da beleza
Outro impulso para o desenvolvimento dessa patente
decorre do crescimento global do mercado de cosméticos. Em 2019, o segmento
global de cosméticos totalizava aproximadamente USD 402 bilhões, com projeções
apontando para um potencial de mercado global de USD 88 bilhões em soluções
antienvelhecimento até 2026. Ademais, estima-se que até 2027 o mercado de
ativos cosméticos biotecnológicos atinja cerca de USD 1,6 bilhões, acelerando,
assim, oportunidades para inovações nesse setor. De acordo com Viviane Dantas,
as enzimas antioxidantes estão destinadas a fomentar o desenvolvimento de produtos
eficazes nessa indústria.
A pesquisadora relata que o trabalho de pesquisa teve
início em 2020 e que as enzimas produzidas já demonstraram resultados
promissores in vitro, tendo sido também avaliadas em termos de eficácia,
segurança, irritação e corrosão. Uma vez concluídos os testes complementares,
como o teste de permeação cutânea, o objetivo é transferir essa tecnologia para
a indústria de skin care, permitindo a produção em larga escala deste ativo.
Fonte: Jornal da USP
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