Gazeta da Torre
Empresas no Brasil e no mundo já estão atentas aos
profissionais mais velhos buscando recrutá-los. Dados recentes do Censo
Demográfico do IBGE têm confirmado essa tendência em uma população que está
envelhecendo cada vez mais. Segundo esses dados, um terço da população
brasileira terá 60 anos ou mais até 2050. A Organização das Nações Unidas
(ONU), no final de 2020, declarou a década de 2021-2030 como a Década do
Envelhecimento Saudável, salientando a importância de pesquisar grupos mais
velhos.
Nesse contexto, a dissertação de mestrado As empresas e o
envelhecimento da força de trabalho no Brasil, de Aline Zanini Lima, mestranda
pela Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Atuária (FEA) da
USP, busca estudar detalhadamente esse cenário.
A pesquisa
A tese se baseou na base de dados disponível da pesquisa
FIA – Employee Experience (FEEx), realizada pelo Programa de Gestão de Pessoas
da Fundação Instituto de Administração (Progep/FIA) e pela equipe de
pesquisadores da Atmosfera, que contemplou cerca de 150 empresas nacionais e
multinacionais. “A pesquisa seleciona empresas que se destacam em relação à
gestão das pessoas, em gestão de recursos humanos, em termos das práticas
inovadoras.” Além disso, tiveram as entrevistas: “Tive a oportunidade de
conversar com alguns trabalhadores e algumas pessoas de recursos humanos de
empresas que já adotam algumas práticas envolvendo os trabalhadores mais
velhos, também tive a oportunidade de conversar com alguns trabalhadores para
identificar como é que eles se sentem dentro da nova organização e como as
empresas estão atraindo e retendo os seus trabalhadores mais velhos”, comenta
Aline.
Um ponto que chamou a atenção da pesquisadora foi o fato
de que o funcionário mais velho é visto pelas empresas pelo aspecto da
diversidade e da inclusão, do ponto de vista do consumo. “O olhar das empresas
foi o seguinte: a população está crescendo e eu tenho dentro dos meus clientes
ou dos meus consumidores cada vez mais pessoas mais velhas, como é que eu vou
atingir essas pessoas? Como é que eu vou criar produtos e serviços que sejam
atraentes para essas pessoas”?
A pesquisa também observou que a escolaridade
predominante nesse grupo de trabalhadores mais velhos é de segundo grau, que
desenvolve trabalhos técnicos ou operacionais nas empresas. Já em relação ao
gênero, a distribuição entre homens e mulheres é próxima, sendo a maior parte
mulheres.
Transformação geral
Todas essas mudanças devem fazer parte de um projeto
maior de inclusão dos trabalhadores mais velhos. “Vão ser cada vez menos
trabalhadores jovens entrando na força de trabalho. Então, como é que a gente
vai adaptar as condições de trabalho a essa população mais velha?”, questiona
Aline, que reforça que “uma série de ações que precisam ser tomadas pelas
organizações e pelo governo também para fazer essa adaptação”, como sugeriu a
ONU.
Um outro estudo da FEA-USP, feito por Wilson Amorim e
André Fischer, mostra resultados de 2015 que apontavam que, do grupo de
empresas considerado por Aline em sua tese, 3,3% das empresas tinham ações de
atração do trabalhador mais velho. Cinco anos depois, em 2020, a porcentagem
foi de 4%. “Esse aumento é um aumento interessante, mas ainda é pouco se você
for comparar a mudança que está acontecendo”, diz a pesquisadora.
Como parte dessas mudanças constantes está a ação de
startups especializadas nesse assunto. “Começa a surgir um terceiro ator que
são as consultorias, startups consultoras que começam a trabalhar olhando para
essa necessidade de empresa e de trabalhador mais velho e fazendo um trabalho
de aproximação dos dois, porque a empresa às vezes tem dúvida de como atrair o
trabalhador mais velho, de como se adequar a esse mercado”, considera Aline.
Fonte: Jornal da USP
- divulgação -
Nenhum comentário:
Postar um comentário