terça-feira, 25 de julho de 2023

Com o envelhecimento da população, empresas buscam atrair trabalhadores mais velhos

 Gazeta da Torre

Empresas no Brasil e no mundo já estão atentas aos profissionais mais velhos buscando recrutá-los. Dados recentes do Censo Demográfico do IBGE têm confirmado essa tendência em uma população que está envelhecendo cada vez mais. Segundo esses dados, um terço da população brasileira terá 60 anos ou mais até 2050. A Organização das Nações Unidas (ONU), no final de 2020, declarou a década de 2021-2030 como a Década do Envelhecimento Saudável, salientando a importância de pesquisar grupos mais velhos.

Nesse contexto, a dissertação de mestrado As empresas e o envelhecimento da força de trabalho no Brasil, de Aline Zanini Lima, mestranda pela Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Atuária (FEA) da USP, busca estudar detalhadamente esse cenário.

A pesquisa

A tese se baseou na base de dados disponível da pesquisa FIA – Employee Experience (FEEx), realizada pelo Programa de Gestão de Pessoas da Fundação Instituto de Administração (Progep/FIA) e pela equipe de pesquisadores da Atmosfera, que contemplou cerca de 150 empresas nacionais e multinacionais. “A pesquisa seleciona empresas que se destacam em relação à gestão das pessoas, em gestão de recursos humanos, em termos das práticas inovadoras.” Além disso, tiveram as entrevistas: “Tive a oportunidade de conversar com alguns trabalhadores e algumas pessoas de recursos humanos de empresas que já adotam algumas práticas envolvendo os trabalhadores mais velhos, também tive a oportunidade de conversar com alguns trabalhadores para identificar como é que eles se sentem dentro da nova organização e como as empresas estão atraindo e retendo os seus trabalhadores mais velhos”, comenta Aline.

Um ponto que chamou a atenção da pesquisadora foi o fato de que o funcionário mais velho é visto pelas empresas pelo aspecto da diversidade e da inclusão, do ponto de vista do consumo. “O olhar das empresas foi o seguinte: a população está crescendo e eu tenho dentro dos meus clientes ou dos meus consumidores cada vez mais pessoas mais velhas, como é que eu vou atingir essas pessoas? Como é que eu vou criar produtos e serviços que sejam atraentes para essas pessoas”?

A pesquisa também observou que a escolaridade predominante nesse grupo de trabalhadores mais velhos é de segundo grau, que desenvolve trabalhos técnicos ou operacionais nas empresas. Já em relação ao gênero, a distribuição entre homens e mulheres é próxima, sendo a maior parte mulheres.

Transformação geral

Todas essas mudanças devem fazer parte de um projeto maior de inclusão dos trabalhadores mais velhos. “Vão ser cada vez menos trabalhadores jovens entrando na força de trabalho. Então, como é que a gente vai adaptar as condições de trabalho a essa população mais velha?”, questiona Aline, que reforça que “uma série de ações que precisam ser tomadas pelas organizações e pelo governo também para fazer essa adaptação”, como sugeriu a ONU.

Um outro estudo da FEA-USP, feito por Wilson Amorim e André Fischer, mostra resultados de 2015 que apontavam que, do grupo de empresas considerado por Aline em sua tese, 3,3% das empresas tinham ações de atração do trabalhador mais velho. Cinco anos depois, em 2020, a porcentagem foi de 4%. “Esse aumento é um aumento interessante, mas ainda é pouco se você for comparar a mudança que está acontecendo”, diz a pesquisadora.

Como parte dessas mudanças constantes está a ação de startups especializadas nesse assunto. “Começa a surgir um terceiro ator que são as consultorias, startups consultoras que começam a trabalhar olhando para essa necessidade de empresa e de trabalhador mais velho e fazendo um trabalho de aproximação dos dois, porque a empresa às vezes tem dúvida de como atrair o trabalhador mais velho, de como se adequar a esse mercado”, considera Aline.

Fonte: Jornal da USP

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