Gazeta da Torre
A Nota Técnica “Doenças Crônicas e Seus Fatores de Risco
e Proteção: Tendências Recentes no Vigitel”, do Instituto de Estudos para
Políticas de Saúde (IEPS), constata que a inatividade física, a obesidade e o
consumo abusivo de álcool aumentaram em 2020, ano de início da pandemia. Esses
hábitos constituem fatores de risco para o desenvolvimento de doenças crônicas
não transmissíveis (DCNTs), como hipertensão e diabetes. A piora dos
indicadores acontece justamente durante um “apagão” de dados da principal
pesquisa que monitora as DCNTs no Brasil, o Vigitel.
Devido à pandemia de COVID-19, o Vigitel sofreu um atraso
na divulgação dos resultados. A pesquisa realizada por telefone pelo Ministério
da Saúde desde 2006 em todas as capitais terminará a coleta dos dados de 2021
apenas em fevereiro de 2022.
“A Nota Técnica do
IEPS visa a preencher essa lacuna, reportando tendências e os números mais
recentes sobre a prevalência de DCNTs e seus fatores de risco e proteção,
utilizando dados do Vigitel, entre 2006 e 2020”, afirmam os autores no
documento.
A piora foi em todos os indicadores, exceto o percentual
de fumantes, entre 2019 e 2020. O consumo abusivo de álcool entre os adultos de
capitais aumentou de 18,8% para 20,9%, e a inatividade física, de 13,9% para
14,9%.
A obesidade entre adultos nas capitais brasileiras deu um
salto em 14 anos, de 11,8%, em 2006, para 21,5% em 2020. A prevalência foi
maior em Manaus (24,9%), Cuiabá (24,0%) e Rio de Janeiro (23,8%). No total, 16
capitais registraram patamares acima de 20% em 2020. A alta chama atenção,
porque, até 2011, nenhuma capital tinha essa taxa acima de 20%.
Dados da Nota Técnica mostram também uma associação entre
nível de escolaridade e diagnósticos de hipertensão arterial e diabetes
mellitus, por exemplo. O percentual de hipertensos e diabéticos entre aqueles
com até 8 anos de estudo é quase três vezes maior do que no grupo com 12 anos
de estudo ou mais. Enquanto entre os menos escolarizados 44,7% foram
diagnosticados com hipertensão arterial e 15,2% com diabetes mellitus, no grupo
com maior escolaridade essas taxas foram de 15,2% e 4,4%, respectivamente.
“Observamos um
gradiente claro entre nível de escolaridade e prevalência de doenças e fatores
de risco no ano de 2020, o que sugere uma relação entre saúde da população e
determinantes sociais”.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), as DCNTs
são responsáveis por 41 milhões de mortes por ano no mundo e correspondem por
71% de todos os óbitos. No Brasil, as mortes causadas por DCNTs aumentaram, de
60,4%, em 1990, para 75,9% em 2017. Os custos de tratamento e relativos à perda
de produtividade para a saúde e a economia do país, segundo a Organização
Pan-americana de Saúde (OPAS), são estimados em 72 bilhões de dólares.
Fonte: ASBRAN (Associação Brasileira de Nutrição
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