Gazeta da Torre
O Plataforma UM Brasil reuniu duas cientistas políticas: a
professora visitante no Departamento de Ciência Política da UFPE e foi
pesquisadora de pós-doutorado no Centro de Estudos das Instituições
Democráticas (CSDI) da Universidade Vanderbilt, nos Estados Unidos, Nara Pavão,
e a professora da escola de administração pública da Fundação Getulio Vargas
(FGV), Daniela Campello, PhD também em Ciência Política, na
Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos. Ambas jogaram luz sobre as
intenções do presidente da República em se colocar no centro de diversos
conflitos, sobre a presença na esfera pública de negacionistas dos danos graves
da pandemia e da ditadura, e sobre como tudo isso afeta a popularidade do
presidente.
As cientistas, Nara Pavão, PhD em Ciência Política na
Universidade de Notre Dame (USA) e Daniela Campello, PhD também em Ciência
Política, na Universidade da Califórnia (USA), avaliam que vários fatores
conjunturais atuais estão colocando em suspensão a crença de que a democracia é
permanente.
Nara explica que as pessoas costumam pensar na democracia
como o fator que vai resolver todos os problemas e entregar todos os resultados
por si só, mas que isso cria uma visão romantizada de como as coisas se
desdobram. “A democracia existe para que se coloquem conflitos na mesa e que se
apontem caminhos para a solução, e não necessariamente para trazer resultados
prontos”, reitera. “O problema é que, atualmente, temos muitos conflitos e
acirramentos de natureza política e econômica, e essas crises irão se acentuar
ainda mais daqui para frente”, pondera a professora.
Ela comenta que, de forma geral, há uma ideia de que para
a democracia se dissolver seria necessário que acontecesse algo muito grave,
como um golpe militar, mas a adesão à democracia perde sua força de modo mais
gradual. Isso ocorre por conta dessa visão simplista que, de certa forma,
condiciona o apoio aos valores democráticos a um bom resultado econômico ou à baixa
corrupção, enfatiza Nara.
Daniela diz que o constante discurso antidemocracia, os
ataques à mídia e à liberdade de expressão, as instituições de controle em
questionamento e as instituições de políticas públicas que já não funcionam na
direção para as quais foram criadas nos deixam em uma situação muito
preocupante.
“Não precisamos de indicadores para perceber que existe
um problema sério acontecendo. Eu teria muita dificuldade para defender que
vivemos em uma democracia operante. Existe um discurso antidemocrático e de
descrédito das instituições que vem do presidente e que é inaceitável. A
democracia não foi feita para suportar isso”, conclui.
Fonte:UM Brasil
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