quinta-feira, 30 de novembro de 2017

A saudável magia dos BRINQUEDOS ARTESANAIS encontrados também em nosso bairro

Por Arilza Soares

Brinquedos artesanais do box Minha Comadre no Mercado da Madalena
Com a proximidade do Natal, o vento sopra na direção das feiras livres e mercados populares do Nordeste brasileiro, incluindo até nosso Mercado da Madalena, mais precisamente no box Minha Comadre. É a busca dos brinquedos populares, que até hoje fazem sucesso entre as nossas crianças. Em todo Nordeste, há uma grande produção de objetos artesanais bem populares, caracterizados pela simplicidade, sendo alguns deles centenários, que acompanham gerações. A marca do artesão e de sua criatividade está presente nos brinquedos encontrados. É grande a variedade deles, desde os carrinhos de madeira ou lata, bonecas de pano, marionetes, manés-gostosos, róis-róis, piões, pipas, petecas, e rodas-gigantes, entre outros.

Com o advento da revolução industrial, diminuiu a demanda artesanal e a sociedade passou a consumir os brinquedos industrializados, com novas formas e roupagens. A Era Digital parece afastar, cada vez mais, a criança desse mundo artesanal. No entanto, apesar desse avanço tecnológico, o brinquedo artesanal continua com a sua identidade cultural, agindo de forma interativa no mundo de fantasia da criança, aproximando-a da realidade social em que vive e encantando todas as gerações e classes sociais.

A magia do artesanato de brinquedos, confeccionados com os mais diversos materiais, mostra ainda itens das mais tradicionais culturas populares e outros com roupagem mais sofisticadas e atraentes. São eles:

O Mané-Gostoso - Um boneco com movimento nas pernas e nos braços que se agitam puxados por um cordão. Os movimentos são feitos pela mão do seu manipulador, no qual o boneco fica de cabeça pra baixo e com uma perna na cabeça. É também conhecido por outros nomes, como: Mané-Besta, Mané-Bestalhão, Mané-Coco, Mané de Souza.

A mula manca - Um brinquedo confeccionado em madeira leve, com as características de uma burrinha com os membros (pernas, pescoço e cauda). É colocada sobre uma base e tencionada por meio de fios ligados a uma espécie de mola localizada na base, que quando é pressionada pelos dedos, a burrinha se movimenta para todos os lados.

O rói-rói - Um pequeno brinquedo confeccionado com uma caixinha cilíndrica, fechada numa das extremidades, de onde um pequeno cordão de sisal encerado com breu é ligado a um pedaço de madeira. Em movimentos giratórios, a fricção provoca um ruído que ressoa na caixinha, funcionando como amplificador. É um brinquedo muito popular em feiras e mercados públicos do Nordeste. Em alguns lugares, é conhecido como Berra-Boi e Cigarra.

A peteca - Um brinquedo que possui uma base, geralmente feita de borracha, que concentra a maior parte do seu peso, e uma extensão mais leve, feita de penas naturais ou sintéticas, com o objetivo de dar equilíbrio ou orientar sua trajetória no ar, quando arremessada. Segundo registros históricos, a peteca é uma herança indígena, pois mesmo antes da chegada dos portugueses, os nativos já jogavam peteca como forma de recreação, paralelamente, aos seus cantos e suas danças.

A boneca de pano - As bonecas estiveram presentes em todas as civilizações. Em cavernas pré-históricas de diversas partes do Mundo, foram encontradas pequenas bonecas esculpidas em pedra.

No Brasil, enquanto as crianças da Côrte brincavam com bonecas europeias, a de pano, adquiriu forma entre as filhas dos escravos. A boneca de pano parece ser um dos poucos brinquedos populares, construídos de maneira artesanal que ainda consegue resistir aos intensos “golpes” da indústria de brinquedos que tem, nos meios de comunicação de massa, um forte aliado para a venda de brinquedos que seduzem crianças e adultos, mas nem sempre condizentes com o contexto brasileiro.

Vale lembrar que a produção de bonecas de pano não se restringe ao Nordeste brasileiro. Em quase todo país é possível encontrar a produção dessas bonecas com características de cada região.

Em diferentes cidades e lugarejos do Nordeste, existem mãos que se movimentam e dão vida e voz a personagens, nos tradicionais Teatro de João Redondo (Rio Grande do Norte) ou Teatro de  Mamulengo (Pernambuco). Contando histórias engraçadas sobre assuntos sérios, esses bonecos também são conhecidos como "fantoches", "marionetes" ou títeres.

Os fantoches são feitos de madeira, metal, papel, palha etc. São vestidos a caráter. Geralmente, cada boneco recebe o seu nome e a sua personalidade. Assim, o chorão, o briguento, o covarde, o valente, o bondoso, todos sempre se apresentam com seus predicados, pelos quais se tornam conhecidos. Além dos personagens humanos, há também bichos, entre os quais se destaca o jacaré.

Os bonecos são manejados pelos artistas de maneiras distintas: com varinhas, cordões e diretamente pela mão do artista, que é introduzida dentro do fantoche (o polegar vai a um dos braços, o indicador no orifício da cabeça e o dedo médio faz o movimento do outro braço). A voz é de quem o maneja.

Carrinho de madeira - Com sucatas industriais (latas de leite, óleo, doce ou refrigerante), sobras de madeira, tinta, além de ferramentas simples, como a bigorna, alicate, ferro de solda e martelo, os artesãos confeccionam, com muita criatividade e destreza, carrinhos  de brinquedos de vários modelos: ônibus, carros de corrida, locomotivas, carretas, tudo em cores vibrantes e atraentes.

“Nós transformamos pedaços de madeira em algo que faz os olhos das crianças brilharem”, define Nilo Sérgio, artesão de 57 anos. “Isso [o brinquedo artesanal] não vai morrer nunca, porque faz as crianças brincarem juntas, desenvolverem suas próprias histórias”, avalia.

Além de tirar, dessa atividade, o sustento da família, o artesão ainda recebe outro pagamento. “É o sorriso deles. Não tem preço ver uma criança brincando com algo que você fez”, completa.

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