terça-feira, 28 de outubro de 2025

A feminização do envelhecimento

 Gazeta da Torre

Mulheres vivem mais, mas com inferiores condições de saúde

Para o médico Egídio Dórea, coordenador do programa USP 60+ da Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária da USP, enfrentar a feminização do envelhecimento em más condições de saúde é uma questão de equidade e dignidade

Mulheres têm uma longevidade maior em comparação aos homens, contudo, enfrentam inferiores condições de saúde ao envelhecer. O fenômeno, conhecido como feminização do envelhecimento, revela as desigualdades no modo como a sociedade envelhece. Quem explica esse quadro é o médico Egídio Dórea, coordenador do programa USP 60+ da Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária da USP.

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a expectativa de vida das mulheres no Brasil é de 79,7 anos, contra 73,1 anos entre os homens. Mais da metade da população com mais de 60 anos é feminina, cerca de 56%. “Apesar de viverem mais, as mulheres frequentemente envelhecem com saúde inferior. No Brasil, por exemplo, as idosas têm maior prevalência de doenças crônicas, como osteoporose e depressão. Também enfrentam mais limitações funcionais, como dificuldades para caminhar ou realizar tarefas diárias”.

Esses fatores reduzem a autonomia e tornam o envelhecimento feminino mais desafiador. As causas são múltiplas e combinam aspectos biológicos e desigualdades sociais que se acumulam ao longo da vida: “Fatores como a menopausa aumentam o risco de doenças cardiovasculares e ósseas. Além disso, as mulheres enfrentam desigualdade salarial e sobrecarga com o cuidado familiar, o que afeta a saúde e a segurança financeira na velhice”, explica o médico.

No Brasil, os homens ganham, em média, 30% a mais do que as mulheres, segundo o IBGE. Essa diferença tem consequências diretas sobre a aposentadoria, a autonomia e as condições de vida das idosas. Muitas mulheres acabam se aposentando com rendas menores ou interrompendo suas carreiras precocemente para cuidar de familiares, o que amplia a vulnerabilidade econômica no envelhecimento.

Para Dórea, enfrentar a feminização do envelhecimento em más condições de saúde é uma questão de equidade e dignidade. “As políticas públicas específicas podem fazer muita diferença. Programas de saúde preventiva voltados às mulheres, como rastreamento de osteoporose e apoio à saúde mental, seriam de grande contribuição. Aposentadorias mais justas e redes de apoio para idosas também são cruciais”, reforça. Ele finaliza apontando que o combate ao envelhecimento é um chamado à ação. “Com políticas públicas adequadas, podemos garantir que as mulheres vivam mais e melhor.”

Fonte: Rádio USP

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