Gazeta da Torre
Escritora e professora, Alexis Wichowski |
O avanço e o alcance de grandes empresas de tecnologia
sobre os consumidores estão moldando uma relação complexa entre ambas as partes.
As big techs, que detêm bilhões de consumidores integrados em ecossistemas de
produtos e de serviços, já atuam como imensas estruturas econômicas com
capacidades superiores às de muitas nações. Estas organizações, com força quase
como a de um Estado e sem barreiras físicas, são os chamados “governos de
rede”, conforme caracteriza a escritora e professora da Universidade Columbia,
nos Estados Unidos, Alexis Wichowski.
“Governos de rede
trabalham com produtos e serviços tecnológicos, e uma das coisas que os diferencia
é que eles tratam os clientes quase como cidadãos de seus produtos e serviços.
Eles investem em serviços para protegê-los, por exemplo. O Facebook tem uma
equipe antiterrorista que é maior do que a do governo americano”, reforça a
escritora.
Em entrevista para o canal UM BRASIL, uma realização da
FecomercioSP, em parceria com a Brazilian Student Association (BRASA) –
associação formada por brasileiros que estudam no exterior –, Alexis pontua
que, quando a pandemia ganhou força no país norte-americano entre fevereiro e
março, quem realmente tomou a iniciativa de proteger as pessoas não foi o
governo ou o país, mas os “governos de rede”, isto é, as empresas que compõem a
grande indústria tecnológica, como Google, Microsoft, Amazon e Facebook.
“Elas foram
algumas das primeiras entidades a declarar que os funcionários trabalhariam em
casa – para a proteção deles –; a garantir que funcionários que trabalhem por
hora não perderiam o emprego, mesmo incapazes de irem ao local de trabalho; bem
como dariam licença parental àqueles cujos filhos não fossem mais à escola”,
enfatiza a especialista em política internacional e em relações públicas. Ainda
assim, a escritora defende a importância de que as ações dessas entidades sejam
reguladas em âmbito internacional.
Ela também analisa o risco que tanto poder sobre uma
quantidade massiva de dados, nas mãos de poucas empresas, representa de fato
para as pessoas, e como tais fatores afetam a geopolítica internacional.
* Alexis Wichowski é gestora e pesquisadora no Instituto
Harmony e professora na School of International and Public Affairs (SIPA) da
Universidade Columbia. Atualmente, a pesquisadora ainda trabalha como
secretária de imprensa da cidade de Nova York e realiza regularmente pesquisas
sobre impacto da mídia, tecnologia e governo. É especialista em tecnologia,
mídia e comunicação, com PhD em Ciência da Informação pela Universidade Albany,
em Nova York, nos Estados Unidos.
Fonte:UM Brasil.
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