COMUNICAÇÃO DIRETA POR MEIO DE ACERVOS, INFORMAÇÃO E ARTE
Gazeta da Torre
Maravilhados por nossa criação, acreditamos em algum
momento que poderíamos transferir para o mundo virtual tudo o que é real. Não
aconteceu. Second Life (ambiente virtual e tridimensional que simula, em alguns
aspectos, a vida real e social do ser humano) que o diga. Alguém por lá?
Mas não é só assim que se aprende, nem só isso que
importa. Criar, se relacionar, mergulhar num mesmo ambiente é humano e
insubstituível. Há algo mágico no presencial. Uma atmosfera que nos preenche e
nos conecta profundamente. Compartilhar o mesmo ambiente é mais rico. Temos
mais sentidos envolvidos e referências de mundo compartilhadas, ao mesmo tempo,
como podemos encontrar em uma visita ao museu, por exemplo. Museus são
repositórios de História e se comunicam com você por meio de acervos,
informação e arte.
Na Madalena, contamos com o Museu da Abolição (MAB). Você
já visitou?
O NOSSO MUSEU DA ABOLIÇÃO (MAB) |
Uma área interna do Museu da Abolição (MAB) |
O Museu da Abolição, que está localizado na Rua Benfica,
1150, é um museu público federal, vinculado ao IBRAM (Instituto Brasileiro de
Museus). Sua missão é “Preservar, pesquisar, divulgar, valorizar e difundir a
memória, os valores históricos, artísticos e culturais, o patrimônio material e
imaterial dos afrodescendentes, por meio de estímulo à reflexão e ao pensamento
crítico, sobretudo quanto ao tema abolição, contribuindo para o fortalecimento
da identidade e cidadania do povo brasileiro”.
Esta responsabilidade aliada ao papel social dos museus
de estar a serviço da sociedade conduz o MAB a refletir também sobre temas
transversais, referentes aos direitos humanos, tais como: acesso ao trabalho,
políticas públicas de inclusão, intolerância religiosa, racismo, preconceito,
exclusão, gênero etc.
O Museu da Abolição vem trabalhando com outras
instituições, questões importantes que envolvem temas de gênero, como: a
discriminação sexual; o acesso ao crédito por trabalhadoras rurais; a produção
das mulheres quilombolas; a formalização do emprego doméstico; a inclusão
social; a institucionalização da memória das minorias etc.
Neste ano, o MAB planeja ressaltar o protagonismo
feminino frente à sociedade patriarcal que tem caracterizado o Brasil por tantos
anos e que manteve as mulheres oprimidas, especialmente as mulheres negras,
subjugadas e intimidadas. Assim, comemora a liberdade e o empoderamento da
mulher na busca de visibilidade, liberdade e igualdade de direitos.
No dia 8 de março, foi lançado o Selo MAB 2016, Projeto
que está vinculado ao tema Mulher Negra Protagonista e a imagem escolhida para
compor o selo é a obra “Biju de Licuri” do artista Ramon Martins. A obra faz
parte do acervo do MAB, ao qual foi incorporada após aquisição por meio de doação
da Receita Federal, cuja ação está prevista na Lei Federal n° 12.840 em
2015.
Como podemos começar a observar, ir ao museu não é
simplesmente um ato "ilustrativo" do conteúdo dado em sala de aula.
Museus são locais com grande potencial educativo, onde é possível ter contato
com obras de arte originais, além de uma verdadeira noção do que é patrimônio
histórico e cultural.
Agora, outro lado da pergunta é: como um museu pode fazer
sentido para um visitante, que está vivendo num mundo acelerado, cheio de
recursos tecnológicos, com Internet, e assim por diante? Para a resposta, o respeitado antropólogo,
Benoît de L’Estoile, pesquisador do CNRS
(Institut de Recherche Interdisciplinaire sur les Enjeux Sociaux, Iris, Paris)
e professor na École Normale Supérieure (Paris).
“Isso é, de fato, um desafio para os museus, hoje. Ora, o
museu traz (ou pode trazer) uma experiência que essa pessoa não terá na
Internet: o contato direto com um objeto não é o mesmo que sua observação por
meio do Google Museum, em que se pode até ver a reprodução detalhada do quadro,
mas a emoção que se sente não é a mesma que a experimentada quando se está
diante da obra, em toda a sua materialidade. Antes de tudo, a experiência do
museu é a de deslocar-se e andar dentro de um espaço singular. Você nunca vai
viver uma experiência equivalente lendo um livro, vendo um filme, ou navegando
em um site. Em todos casos, o museu consegue proporcionar uma experiência,
estética, emocional, intelectual – e é isso que faz valer a pena ir a um museu”,
responde Benoît .
Alguns estudiosos dessa temática afirmam que essa
experiência direta permite que as pessoas criem possibilidades de ampliar e
sensibilizar o seu olhar, além de enriquecer suas experiências, aumentando o
entendimento da realidade que as cerca. Esse encontro entre família e museu
favorece e resgata um convívio já esquecido e, sem dúvida, proporciona inúmeras
descobertas. A descoberta de objetos, imagens, sons… a descoberta do outro e de
si mesmo. Museus são espaços repletos de história e cultura. E o nosso Museu da
Abolição é uma prova disso, com seus espaços simbólicos, muitas vezes mágicos e
surpreendentes. É só visitar para descobrir.
Fontes: Small Acts Manifesto; Revista de História;
Unicamp; Museu da Abolição
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