segunda-feira, 7 de abril de 2014

Coluna O LIMIAR DA EDUCAÇÃO - Abril/2014 - Por Evalda Carvalho



O bom conviver traz, na sua essência, dois aspectos intimamente ligados e frequentemente em desuso: a capacidade de servir e a gratidão. Não dá para imaginar as relações humanas sem a interação, o compartilhamento de ideias, ainda que divergentes, o mote para o desenvolvimento científico, a busca para o bem-estar da coletividade, dentro e fora dos grupos sociais.

Na prática, precisamos uns dos outros, tanto nas maiores quanto nas menores ações do cotidiano, seja nos centros urbanos ou na zona rural. No isolamento, deixamos de compreender melhor a vida, seus mecanismos de justiça e oportunidades de aprendizado comum. E é nesse aspecto que a Educação traz uma forte contribuição, haja vista que, nos relacionamentos, a compreensão de servir e ser grato é um despertar de consciência que independe do volume de instruções injetadas no indivíduo, sendo, portanto, uma etapa de valor moral a ser alcançada.

Afinal, assumir a responsabilidade de ser útil a alguém será um apelo, uma necessidade, um requinte ou um requisito para a boa convivência? Vivemos uma realidade em que o tempo sequer atende as demandas próprias; que dirá se ainda for dividido para abrigar algum interesse alheio?

Malgrado esse embate, a realidade está bem distante da situação ideal e a resposta é uma simples meta educacional: no exercício do conviver bem, naturalmente, enxergaremos o outro, não como uma pedra no caminho, mas como alguém que nos dá a oportunidade de sairmos do nosso pequeno, mesquinho e egoísta mundo.

Ampliando nosso campo de visão, mergulharemos na problemática humana e reconheceremos que, de fato, isolarmos é uma opção demasiado infeliz. Mesmo com dificuldades financeiras, físicas, profissionais, de mobilidade etc., o bom senso da Educação prova que é possível dar uma destinação profícua às vinte e quatro horas do dia. O processo requer boa vontade, atitude voluntária e desprendimento. Disso resultará, espontaneamente, um tempo destinado ao outro, minimamente composto de interesses pessoais e repleto de alegria.

Num caminho de duas vias, sem interrupção de tráfego, está a gratidão, quando de um lado se observa a oportunidade ofertada e, do outro lado, garantem-se a produtividade de uma atividade; o esforço reduzido pela união de forças compensatórias; a qualificação do tempo empregado; o crescimento mútuo; a vantagem do trabalho em equipe; a motivação para novos desafios; o contentamento ao saber que não se está só.

No decorrer da vida, portanto, tanto servir quanto ser grato está na pauta de quem busca educar-se. Qualquer entrave ou solução de continuidade nesses dois requisitos fundamentais aumenta a estatística dos que não têm compromisso com um futuro melhor, mais preparado para outras promissoras conquistas sociais.

Reflita!!!

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