Será possível
imaginar o nosso bairro com pessoas educadas, prezando pelo bem-estar
individual e coletivo? Esta pergunta é muito oportuna, sobretudo quando o tema
“sustentabilidade” invade as escolas, as organizações não governamentais, os
órgãos públicos, a iniciativa privada e a opinião pública. Mas, sobre esse
assunto, o que de fato está ao nosso alcance?
Primeiramente,
tenhamos com clareza que os aspectos sociais são fundamentados na educação, que
começa no seio do lar e se expande para outros ciclos de convivência, como a
escola, por exemplo. Por isso, é fácil identificar o liame existente entre a
educação e a formação do caráter humano. Não há um só método, científico ou
não, capaz de delimitar a educação ou até mesmo afugentá-la nos porões das
conveniências e facilidades por demasiado tempo.
Cada pessoa
diz de si mesma pela maneira de agir, de pensar, de tratar o próximo. Desse
modo, os aglomerados sociais se formam, interagem reciprocamente e é
estabelecida, naturalmente, uma espécie de homogeneidade de comportamento. Em
meio a um turbilhão de diferenças, surge, enfim, uma tal ou qual característica
em comum, criando uma marca registrada para um bairro, uma cidade, um país, que
não deixa de ser notada por mais desatento que seja o olhar do visitante. Como
é compreensível, a impressão que levamos de algum lugar é verdadeiramente
aquela revelada pelos seus habitantes.
Partindo do
conceito de “sustentabilidade”, que não se restringe às atividades para
melhorar o desempenho dos setores da economia sem provocar tantos estragos ao
meio ambiente, algo também muito relevante vem à tona: a participação da
sociedade nesse processo de mudança.
Ignorando
como uma transformação social ocorre, há ainda os que exigem, unicamente, do
poder público, medidas enérgicas para melhoria das condições de vida nas áreas
estruturais do desenvolvimento, como saúde, saneamento, segurança, emprego e
educação. De um lado, é necessário, sim, que o poder público invista
estrategicamente no uso de recursos para viabilizar a sustentabilidade sob o
ponto de vista social e não apenas econômico. Por outro lado, é razão
inconteste de muita preocupação o desleixo popular, que literalmente tem
deixado marcas em alguns bairros, um verdadeiro e deveras comum retrato falado
de um povo incivilizado.
Nos tempos
hodiernos, por tudo relatado, a palavra “sustentabilidade” parece não pertencer
ao mundo real, ou mesmo parece estar muito distante deste, haja vista que nas
situações mais comuns, não raro registramos a deseducação presente, ora nas verbalizações,
ora nas atitudes, assinalando a rudez das pessoas. E o pior: deixando péssimas
marcas!
Algumas
medidas estão sendo tomadas, em grandes metrópoles brasileiras, no sentido
forçar, “mexendo com o bolso do cidadão”, uma mudança no comportamento, como
por exemplo, multas aplicadas para quem jogar lixo no chão. Atenuante de outros
problemas e também com aspecto degradante, de uma população inconsciente das
suas potenciais responsabilidades perante o meio ambiente, hoje e no futuro!
À proporção
em que o homem se educa, a mudança se expressa claramente e se torna forçoso
considerar que esse processo extrapola os limites onde habita, pois o bom
exemplo se propaga, favoravelmente, gerando novas e boas resoluções aos
circundantes, visitantes e forasteiros.
Por mais
rasteiro que seja o nosso pensar em torno destas questões, não há motivo para
esperar essa ou aquela atitude do outro. Muito que pelo contrário, é tempo de
agir. Que tal começarmos pela nossa casa, nosso bairro? Ou vamos esperar a
adoção de uma medida coercitiva para abandonarmos os hábitos deseducados?
Por que
deixar fora do controle o que está perfeitamente dentro do nosso alcance? Hoje,
nada fala mais alto do que nossa consciência, cobrando posturas corretas, em
busca da tão famosa quanto requerida “sustentabilidade”. Façamos a nossa parte!
Comecemos pelo nosso bairro, que pode estar mais limpo, e por isso mesmo, mais
aconchegante! Sejamos agentes públicos no combate ao vício de quem joga lixo no
chão. Esta tarefa é simples, grandiosa e garante excelentes resultados. Estamos
no tempo da reciclagem, do reaproveitamento dos materiais e a educação
doméstica não pode ser considerada extemporânea, sob pretexto algum. Pense
nisso!
Texto da escritora Evalda Carvalho
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