terça-feira, 25 de junho de 2024

Regulamentação da IA é inevitável, mas processo permanece incerto

 Gazeta da Torre

Professora Dora Kaufman

A Inteligência Artificial (IA) é considerada a tecnologia de propósito geral do século 21, transformando a lógica de funcionamento da economia, das empresas e da sociedade — tal como ocorreu com o carvão, a eletricidade e a computação. A tecnologia avança a ponto de ser implementável em qualquer indústria, com benefícios extraordinários, mas também com potenciais danos e questões éticas. Diante disso, como proteger a sociedade dos riscos sem comprometer o uso estratégico da ferramenta?

Segundo Dora Kaufman, professora do Programa de Tecnologias da Inteligência e Design Digital na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), em entrevista ao Canal UM Brasil, cabe ao Poder Público regulamentar a IA, processo presente no mundo todo, atualmente. “Regulamentar a IA não traz nada novo ao funcionamento da sociedade, pois já vivemos em um ambiente completamente regulado. Aliás, o novo seria ter uma tecnologia com essa importância sem regulamentação”, afirma.

Contudo, ela acredita ser preciso olhar, primeiro, para o que já existe no Brasil em termos de regulamentação, como o Código Civil, o Código de Defesa do Consumidor (CDC), a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) e o Marco Civil da Internet. “E das leis ou normas que já existem, há as setoriais também. Cada setor tem as próprias normas específicas. Eu continuo defendendo que deveria ser realizado um estudo para ver como expandir cada uma dessas regras para incluir as questões relativas à IA”, complementa.

Por outro lado, mesmo que um país defina uma regulamentação, as normas, sem dúvida alguma, ficarão rapidamente desatualizadas. “O tempo que se leva para fazer uma lei e discuti-la, realizar audiência pública e preparar deputados e senadores com literatura sobre o tema é totalmente diferente do tempo da evolução da tecnologia. Existe um descompasso, pois em qualquer regime democrático se faz necessário um processo de discussão.”

Dora comenta que a legislação europeia, por exemplo, ganhou forma a partir de 2018 e, hoje, tem 485 páginas. Ainda assim, “não está claro como será implementada uma lei tão complexa e como será fiscalizada. Se não há um instrumento de fiscalização, não adianta nada se ter a lei.”

Impacto sobre os negócios

A IA generativa, materializada em ferramentas como o ChatGPT e outras de geração de imagens, impacta as pequenas empresas de forma diferente de todas as tecnologias anteriores, uma vez que o dispositivo está ajudando esses negócios a criar conteúdos de um modo que, antes, poderia ser muito mais custoso ou inacessível. “Uma microempresa, por exemplo, não tem aparato nem equipe, não se relaciona com agências para produzir um logotipo, uma campanha, uma imagem para divulgar o produto ou serviço — ou, até mesmo, um e-mail marketing. Todas essas funções e situações importantes na divulgação do produto e do serviço das microempresas podem receber uma ajuda enorme, porque, de repente, têm acesso a uma tecnologia que ajuda a melhorar o que precisam fazer, e, muitas vezes, de forma gratuita.”

Ainda assim, essas ferramentas não trazem nada de novo, pois são treinadas em um grande conjunto de dados, buscando soluções internamente. No entanto, ainda cometem muitos erros — pequenos e grandes —, destaca a professora. “Portanto, é importante ter conhecimento do assunto ao interagir com essas soluções para poder corrigir os erros.”

Futuro do trabalho

O reflexo da automação e da IA no mercado de trabalho também foi outro tópico da entrevista. Há um medo crescente de que a tecnologia substitua trabalhadores em várias profissões, incluindo aquelas que demandam mais estudo, como roteiristas, atores, advogados etc. A preocupação não se limita mais a trabalhos menos qualificados.

Dora esclarece que não há evidência de que profissões inteiras serão substituídas, mas, sim, as tarefas relacionadas a essas funções. Ela observa que a automação já ocorre há décadas em setores como a indústria automobilística e o varejo financeiro. Além disso, ressalta que a nova onda de automação inteligente vai impactar as tarefas cognitivas. Dessa forma, “aconselha-se que as pessoas se concentrem em aprimorar as suas habilidades, pois a tecnologia domina essas funções básicas e será cada vez mais eficiente.”

“Não chegamos ao ponto em que os robôs superaram os humanos. Não sei se vamos chegar. No entanto, acredito que as pessoas têm de estar atentas ao fato de que o básico está dominado. Não adianta competir com o básico, seja qual for a área de atuação do profissional. Prepare-se para fazer o melhor possível, não o básico”, esclarece.

Fonte: UM Brasil

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quinta-feira, 20 de junho de 2024

São João e o impacto cultural e econômico na região

Gazeta da Torre

As Festas Juninas são uma das celebrações mais queridas e tradicionais do Brasil, com um destaque especial para a região Nordeste, onde as festividades ganham um colorido e uma animação únicos. 

Neste artigo vamos explorar a origem das Festas Juninas, falando especialmente das tradições do Nordeste, o impacto cultural e econômico dessas celebrações e algumas curiosidades fascinantes sobre os pratos típicos e músicas que embalam essa festa.

Hoje, as Festas Juninas são uma celebração da identidade cultural nordestina. A música, a dança e as vestimentas típicas refletem a riqueza do folclore local. As quadrilhas, com seus trajes coloridos e coreografias animadas, são um destaque especial, assim como o forró, que embala os corações de todos durante o mês de junho.

O impacto econômico também é significativo na região. Em 2023, as celebrações juninas injetaram cerca de R$ 6 bilhões na economia brasileira, sendo que mais da metade desse valor foi gerado no Nordeste. Esse impacto econômico é visto em diversas áreas, como comércio e serviços, proporcionando um aumento significativo no fluxo de turistas e nas vendas de produtos típicos da época. 

O turismo, é claro, é um dos grandes beneficiados pelas festas de São João. Turistas de todo o Brasil e do exterior visitam o Nordeste para participar das celebrações, o que gera uma grande demanda por hospedagem, alimentação, transporte e entretenimento.

Caruaru disputa com Campina Grande o título de maior São João do mundo. As festividades incluem apresentações culturais, grandes arraiais, comidas típicas e muito forró. Caruaru também é famosa por seu extenso mercado de artesanato.

A gastronomia é um dos pontos altos das Festas Juninas. Com origem na celebração das colheitas, como já comentamos, os pratos mais tradicionais são feitos à base de milho, amendoim, coco, mandioca e arroz.

Desde suas origens até o impacto cultural e econômico, as Festas Juninas continuam a crescer em popularidade e importância. Se você ainda não teve a chance de participar de uma Festa Junina no Nordeste, não perca a oportunidade de vivenciar essa experiência única e encantadora.

Fonte:Banco24Horas

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domingo, 16 de junho de 2024

Aborto legal, um direito da mulher que ainda encontra resistência para ser respeitado

 Gazeta da Torre

Elizabeth Vieira e Ana Elisa Bechara comentam dados e expõem a realidade de mulheres que precisam passar pelo procedimento e nem sempre encontram amparo no sistema de saúde

O aborto legal pode ser realizado em casos de estupro, risco de vida materna ou quando o feto possui anencefalia. O encaminhamento para o atendimento ainda apresenta falhas, destaca Elizabeth Meloni Vieira, professora associada sênior do Departamento de Ciclos de Vida, Saúde e Sociedade da Faculdade de Saúde Pública da USP. “A maioria das pessoas, que teriam direito ao aborto legal, elas não estão informadas ou não são orientadas para ter acesso a ele. É o caso de muitas meninas menores de 14 anos que não recebem orientação dos profissionais de saúde. No caso, toda gravidez de menina menor de 14 anos deve ser orientada para acesso ao aborto legal, já que se trata de estupro de vulnerável.”

Professora Elisabeth Meloni

Em 2022, o Fórum Brasileiro de Segurança Pública informou que houve cerca de 56 mil estupros de vulneráveis. Em 2020, foram registrados cerca de 17.500 partos de meninas entre 10 e 14 anos, segundo o Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania. “Então, parece que há uma incongruência com os dados, enquanto os números mostram que em 2022 foram realizados apenas 2.342 interrupções da gravidez nos serviços de aborto legal. Os serviços de interrupção da gravidez por razões médico-legais estão registrados no Datasus; são cerca de 127 e muitos deles estão alinhados em um serviço de atendimento da violência contra a mulher.

Professora Ana Elisa

Cabe ao Estado garantir, através do Sistema Único de Saúde (SUS), o aborto à mulher, à adolescente e à criança, mas, na prática, não é bem isso que acontece e o atendimento tem sofrido muitas restrições. Ana Elisa Bechara, vice-diretora e professora titular de Direito Penal da Faculdade de Direito da USP, diz que há poucos lugares que efetivamente fazem o procedimento e ainda há dúvidas, inclusive por parte dos agentes públicos envolvidos, sobre como os casos devem ser conduzidos. “Por isso, a gente vê mulheres que muitas vezes tem que viajar mais de mil quilômetros para conseguir realizar o aborto e outros casos em que essas mulheres acabam tendo que esperar tempo demais, evoluindo contra a sua vontade a gravidez.”

Menos ou mais resistência

A professora destaca que é comum que casos de anencefalia e risco de vida para a gestante enfrentem menos resistência à realização do aborto legal do que os casos decorrentes de violência sexual. “Nos casos de gravidez que decorrem de uma violência sexual, é importante dizer que não é preciso apresentar um boletim de ocorrência policial e nem pedir autorização judicial para realizar o aborto. Basta o relato da vítima para a equipe médica e o hospital se encarrega de preencher todos os documentos necessários. Tudo isso é regulamentado pelo Ministério da Saúde, que inclusive recomenda sempre que o atendimento da mulher seja feito por uma equipe multidisciplinar formada por médico, psicólogo e assistente social. Nesses casos, por lei, o profissional de saúde deve registrar no prontuário da paciente a violência sexual e a lei determina também que haja uma comunicação à polícia dos indícios da violência contra a mulher. É importante a gente observar que, em serviços de excelência, como o caso do Hospital Pérola Byington, aqui em São Paulo, essa comunicação só é feita à polícia com autorização da paciente, o que parece muito mais adequado.”

Nos casos de anencefalia do feto ou gravidez de risco, é necessário apresentar à equipe hospitalar um laudo médico que comprove essa situação. Não existe um tempo máximo previsto em lei para interrupção da gravidez. O médico pode se recusar a realizar o procedimento, conhecido como objeção de consciência. “Isso está previsto no Código de Ética, mas só se houver outro médico que esteja disponível para realizar o procedimento, sob pena de inviabilizar o direito da mulher. É importante que o Estado garanta o direito ao aborto legal. Ninguém interrompe uma gravidez por esporte, por alegria; essa é uma situação triste e traumática vivenciada pelas mulheres e é assim que essa situação deve ser respeitada e acolhida. Então, não é possível criar empecilhos ou mais dificuldades em um momento tão crítico e delicado, porque isso significa uma nova violência sofrida pela mulher e, nesse caso, uma violência ainda mais grave, porque provocada pelo próprio Estado.”

Fonte: Jornal da USP

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quinta-feira, 13 de junho de 2024

Santo Antônio de Pádua, o doutor evangélico

 Gazeta da Torre

Hoje, 13 de junho, a Igreja celebra a memória de um dos grandes santos. Santo Antônio é muito venerado não somente na Europa como também nas Américas e demais continentes.

Santo Antônio de Pádua no Brasil tornou-se muito famoso por ser considerado o “santo casamenteiro”, sendo acorrido especialmente neste período pelas pessoas que desejam se casar. É uma devoção, porém Santo Antônio vai muito mais além do que permanecer no inconsciente coletivo como aquele que resolve dificuldades amorosas, mas a sua vida é um testemunho latente de discípulado de Cristo por meio da pregação para os dias de hoje. 

Biografia

Santo António nasceu em Portugal, em Lisboa, em 1195. Uma tradição indica a data de 15 de agosto. Ele era filho do nobre Martino de 'Buglioni e Donna Maria Taveira. Sua casa ficava a poucos metros da catedral. Ele foi batizado com o nome de Fernando. Acima de tudo, pela mediocridade moral, a superficialidade e a corrupção da sociedade se sentiu animado a entrar no mosteiro agostiniano de São Vicente, fora dos muros de Lisboa, para viver o ideal evangélico sem concessões, entre os agostinianos.

Fernando morou em São Vicente por cerca de dois anos. Então, incomodado com as contínuas visitas de amigos, pediu para mudar para outro lugar, sempre dentro da ordem agostiniana. Assim, Antônio fez sua primeira grande jornada, cerca de 230 quilômetros, o que separava Lisboa separada Coimbra, então a capital de Portugal. Tinha 17 anos, e chegou em um ambiente onde viveu com uma grande comunidade de cerca de 70 membros para o curso de 8 anos, de 1212 a 1220. Estes foram anos importantes para a formação humana e intelectual do Santo, que podia contar com professores talentosos e com uma biblioteca rica e atualizada.

Estudos e mudança

Fernando dedicou-se completamente ao estudo das ciências humanas e teológicas. Os anos passados em Santa Cruz de Coimbra deixaram um traço profundo na fisionomia psicológica e no processo existencial do futuro apóstolo. Foi ordenado sacerdote provavelmente no ano de 1220. Em setembro de 1220, Fernando deixou os agostinianos para vestir a túnica grossa e marrom dos franciscanos. Neste momento abandonou o antigo nome do batismo para se chamar “Antônio”. Depois de estudar a regra franciscana, partiu para o Marrocos. Porém após ser acometido de uma enfermidade, teve que retornar a sua terra natal. No caminho de retorno devido a uma tempestade e ventos contrários, o navio foi arrastado para a distante Sicília, e permaneceu ali por dois anos.

No dia 8 de maio de 1221 foi para Assis para participar de um dos capítulos da ordem, era um entre muitos naquele momento. Quando quase todos os conventuais partiram, Antônio foi notado por Frei Graziano, ministro provincial da Romagna. Sabendo que o jovem frade também era padre, pediu que ele o acompanhasse. Seus dias transcorreram em oração, meditação e humilde serviço aos confrades. Durante este período o Santo pode amadurecer sua vocação franciscana, aprofundar a experiência missionária abruptamente interrompida, revigorar o compromisso ascético, refinar-se na contemplação.

Descoberta do dom

Em setembro de 1222, as ordenações sacerdotais dos religiosos dominicanos e franciscanos foram realizadas em Forlì. Antes de o grupo de ordenandos ir à catedral da cidade receber as ordens sagradas do bispo Alberto, era habitual dirigir um sermão aos candidatos. Mas ninguém havia sido escolhido antecipadamente e, portanto, nenhum dos padres presentes havia se preparado. Quando chegou a hora de falar em público, todos se recusaram a improvisar o sermão. Só o superior de Montepaolo conhecia bem as habilidades de Antônio. Diante da insistência do superior, ele tomou a palavra.

À medida que o discurso se desdobrou em um latim retumbante, as expressões tornaram-se mais quentes e mais atraentes, originais e excitantes. Ele revelou, mesmo contra o desejo, a profunda cultura bíblica, a espiritualidade envolvente. Assim, Santo Antônio começou sua missão de pregador na Romagna. Ele falava com o povo, compartilhando sua existência humilde e atormentada, alternando o compromisso de catequização com o trabalho pacificador, atendia confissões, confrontado-se pessoalmente ou publicamente com os defensores das heresias.

Após o período de Forlì, depois de ser convidado pelos superiores para pregar nas cidades e vilarejos da Romagna, no final de 1223, Antonio também foi convidado a ensinar teologia em Bolonha. Por dois anos, ele ensinou as verdades básicas da fé ao clero e aos leigos. Começava com a leitura do texto sagrado para chegar a uma interpretação que desafiava e falava à fé e à vida do público. Santo Antônio é, portanto, o primeiro professor de teologia da ordem franciscana recém nascida.

Foi por ocasião do capítulo geral de 1230, que ocorreu durante a transladação dos restos mortais de Francisco para a nova basílica erguida em sua honra, que Frei Antônio de Lisboa foi liberado das posições de governo da ordem. Por causa da grande estima que gozava entre os superiores da Ordem Menor, ele recebeu o novo papel de "pregador geral", com a faculdade de ir livremente onde ele considerasse apropriado, e escolhido, com outros seis confrades, para representar a Ordem no Papa Gregório IX.

Pádua

Em Pádua, Antônio fez algumas viagens relativamente curtas: a primeira, entre 1229 e 1230; a segunda, entre 1230 e 1231, durante o qual ele morreu precocemente. Somado os dois períodos chegamos a uns 12 meses máximo. Os Sermões Antonianos foram considerados como as mais notáveis obras literárias de natureza religiosa compilada em Pádua durante a Idade Média.

De sermão em sermão espalhou-se a fama do que estava acontecendo em Pádua, causando um aumento contínuo de peregrinos. Uma multidão incessante se reunia em torno de seu confessionário. Era impossível enfrentá-los, embora alguns dos irmãos sacerdotes e uma série de sacerdotes da cidade tentassem aliviar tal fadiga. Ele so poderia esperar que diminuísse o fluxo dos penitentes ao anoitecer. Alguns voltaram ao sacramento da confissão, declarando que uma aparição os levara à confissão e a mudar suas vidas.

Morte do santo

No final da primavera de 1231, Antônio foi acometido de uma doença. Colocado em uma carroça puxada por bois, ele foi transportado para Pádua, onde pediu permissão para morrer. No entanto, na Arcella, uma aldeia na periferia da cidade, veio a falecer. Ele respirou, murmurando: "Eu vejo o meu Senhor". Era sexta-feira, 13 de junho. Ele tinha 36 anos de idade.

O Santo foi sepultado em Pádua, na pequena igreja de Santa Maria Mater Domini, o refúgio espiritual do Santo nos períodos de intensa atividade apostólica.

No final do funeral festivo, o corpo do santo foi enterrado na pequena igreja do convento franciscano da cidade. Provavelmente não enterrado, mas sim um pouco "levantado", para que os devotos, cada vez mais frequentes e numerosos, pudessem ver e tocar o túmulo-arca. Um ano depois de sua morte, a fama dos muitos prodígios realizados convenceu Gregório IX a queimar as etapas do processo canônico e proclama-lo Santo em 30 de maio de 1232, apenas 11 meses depois de sua morte. A igreja fez justiça à sua doutrina, proclamando-o em 1946 "doutor da igreja universal", com o título de Doctor Evangelicus.

Sermão sobre a caridade

Bento XVI citando Um pequeno trecho de um dos sermões de Santo Antônio disse:

A caridade é a alma da fé, torna-a viva; sem amor, a fé morre "( Sermones Dominicales et Festivi II, Messaggero, Padova 1979, p.37).

“Somente uma alma que ora pode progredir na vida espiritual: este é o objeto privilegiado da pregação de Santo Antônio.”

Ele conhece bem os defeitos da natureza humana, nossa tendência a cair em pecado, por isso ele continuamente nos incita a lutar contra a inclinação à ganância, orgulho, impureza e praticar as virtudes da pobreza e da generosidade, humildade e obediência, de castidade e pureza. No início do século XIII, no contexto do renascimento das cidades e do florescimento do comércio, cresceu o número de pessoas insensíveis às necessidades dos pobres. Por esta razão, Antônio convida repetidamente os fiéis a pensar na verdadeira riqueza, a do coração, que fazendo bom e misericordioso, acumula tesouros para o céu. "Ó povo rico - então ele exorta - faz amigos ... os pobres, os acolhe em seus lares: eles serão os pobres, para recebê-lo nos tabernáculos eternos, onde há a beleza da paz, a confiança da segurança e o opulento quietude da saciedade eterna.

“Antônio, na escola de Francisco, sempre coloca Cristo no centro da vida e do pensamento, da ação e da pregação”

 Esta é outra característica típica da teologia franciscana: o cristocentrismo. Ele contempla de bom grado, e convida a contemplar, os mistérios da humanidade do Senhor, o homem Jesus, de um modo particular, o mistério da Natividade, Deus que se fez Criança, entregou-se em nossas mãos: um mistério que desperta sentimentos de amor e gratidão para com a bondade divina.”

Fonte:Vatican News

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Desafio para grandes negócios é inovar em sintonia com as transformações no mundo, mas sem perder o DNA da marca

 Gazeta da Torre

A despeito do desafio que é manter uma marca consistente e relevante no mercado, há algumas estratégias que possibilitam a inovação nos negócios já consolidados. Para Maria Fernanda Albuquerque, vice-presidente global de Marketing da Havaianas, apesar dos processos de evolução e de aperfeiçoamento, é importante valorizar e manter aquilo que faz sentido existir, ou seja, o que faz parte do DNA da empresa, ao mesmo tempo que se busca a transformação no mundo – e, claro, tudo o que tenha relevância para a sociedade.

“[Na Havaianas], é isso que estamos buscando. Estamos dentro do metaverso, com ações específicas de gaming, por exemplo. De uma forma ou de outra, mantém-se o DNA da marca, mas adicionamos estas novas camadas que trazem novos pontos de contato e diferentes formas de conversar com os públicos mais e menos jovens”, pondera Maria, na terceira e última entrevista da série especial do Mês da Mulher, comandada pela jornalista Raquel Landim, do Canal UM BRASIL, uma realização da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP).

Outro ponto citado pela executiva é a necessidade de reinvenção da marca “Brasil” para além dos estereótipos culturais clássicos. “Essa marca nos diferencia muito, e o setor privado tem um papel fundamental em melhorar e renovar esta imagem, além de ditar o que vem pela frente. Já passou do tempo de sermos apenas carnaval e futebol. Já até houve uma transição para algo mais ‘florestas’, muito calcada na Amazônia. Mas, hoje, eu vejo além, [precisamos considerar] a relevância das comunidades e das favelas, bem como suas potências criativas – de onde saem novidades e tendências de moda, música e artes. Precisamos levar mais disso para o mundo.”

Com experiência de 12 anos no setor de bebidas, Maria ainda avalia, na entrevista, como esta indústria – tradicionalmente marcada por um marketing machista – tem lidado com a realidade de que mulheres também consomem estes produtos. “É uma categoria que nasceu muito masculina, mas houve uma abertura de público-alvo, tanto para mulheres quanto para o consumo caseiro, isso é uma maturidade. Para mim, ver aquilo [o diálogo apenas com homens] não fazia sentido, pois, no mundo, as mulheres são tão consumidoras de bebidas quanto os homens. Da marca que eu gerenciava, elas eram 50% do volume de consumidores. Aquele marketing não as representava. A gente começou a se perguntar por que a categoria focava apenas nos homens, se as mulheres estavam tão inseridas”, relata.

*Maria Fernanda Albuquerque - Vice-presidente global de Marketing da Havaianas. Líder de Marketing na Ambev por 12 anos. Atua há cerca de duas décadas no segmento de marketing de grandes empresas, como Vivo, Ambev e Alpargatas, onde está desde o início de 2020.Formada em Marketing pela Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM) e em Comunicação pela Fundação Armando Alvares Penteado (Faap), com MBA em Marketing pela Universidade de São Paulo (USP).

Fonte:UM Brasil.

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quarta-feira, 12 de junho de 2024

AO VIVO! FÓRUM CORRIDA no RaceBrothers!

É HOJE! 12 de Junho às 19:30hs, a Sua Live do YouTube é com com o Brother Rodrigo @racebrosofficial @forumcorrida.

Vamos receber a Márcia (https://www.instagram.com/marciadinizpilates/), Swara, Geferson, Henrique e Will ! A Márcia e a Swara vão trazer suas opiniões como debutantes na Trail Run e falar como foi a prova delas e o Geferson junto com o Henrique e Will trarão a avaliação, números e análises finais da PTR-Trail Run 2ª Edição Etapa Gravatá!

@corretirinhas @marciadinizpilates @william4.0 @henriquee_rj @poncioni @waldemberg_mendes @poncioni @geferson_co_criador @projectrailrun

Já se inscreva no Canal !E para entrar Direto na LIVE é só Digitar no YouTube o Endereço abaixo!

www.YouTube.com/RaceBrothers

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segunda-feira, 10 de junho de 2024

Contrato de namoro ganha popularidade no Brasil

 Gazeta da Torre

Endrick e sua namorada,
a influenciadora Gabriely Miranda

O jogador do Palmeiras Endrick surpreendeu ao revelar que tem um contrato de namoro com a influenciadora Gabriely Miranda. A ideia é preservar um relacionamento saudável entre eles. Embora tenha causado estranheza, a adesão ao documento ganhou popularidade no Brasil.

De acordo com o levantamento realizado pelo Colégio Notarial do Brasil (CNB), os contratos de namoro bateram recorde no país, com 126 acordos em 2023. Isso representa um aumento de 35% em relação a 2022. As informações foram divulgadas pela jornalista Mônica Bergamo, da Folha de S. Paulo.

O contrato de namoro nada mais é que um documento que declara que o casal está em um namoro, e não em uma união estável. O objetivo é proteger o patrimônio de ambos e evitar conflitos judiciais, como pensão ou herança, em caso de morte ou término.

“É uma alternativa para casais que querem preservar seu patrimônio durante a relação pré-matrimonial. Assim, quando se estabelece de forma clara os direitos e deveres de cada parte, há uma maior segurança jurídica, o que evita conflitos e litígios futuramente”, explica o advogado Lázaro Carvalho, ao Metrópoles.

Esse tipo de acordo também pode ser feito para estabelecer regras de convivência do casal, como no caso do atleta Endrick. Segundo o CNB, a escritura pode incluir o uso de plataformas de streaming e até com quem ficará a guarda do animal de estimação em caso de separação.

Procedimento de registro

Muita gente não imagina, mas o contrato de namoro existe desde os anos 1990. No Brasil, a prática passou a ser realizada com mais frequência a partir de 2016. De lá para cá, o país registrou um total de 608 escrituras do tipo.

Aos interessados, Lázaro explica que o procedimento para registo é simples. “O casal deve ir até ao Cartório de Notas em posse de seus documentos pessoais e realizar a escritura. As partes declaram suas vontades ao tabelião e o documento será redigido. Depois, eles assinam o contrato, que passa a ter validade imediata”.

No entanto, o profissional faz um alerta. “É importante destacar, de toda forma, que o contrato de namoro, ainda que represente uma livre manifestação de vontade das partes, não impede totalmente o eventual reconhecimento de uma união estável”, salienta.

Vale a pena?

Apesar da popularidade, será que vale a pena ter um contrato de namoro? Segundo o advogado, a união estável, diferentemente do namoro, é um fato jurídico regulado por lei e não pode ser alterado pela vontade das partes. Isso é um ponto importante a ser levado em consideração.

“A declaração de namoro deixa de existir quando o namoro termina ou evolui para uma união estável. Ou seja, caso haja o desejo da união, qualquer uma das partes poderá, por meio das provas cabíveis, pedir o reconhecimento da união estável e os demais direitos decorrentes desse reconhecimento, como herança”, finaliza.

Fonte: Metropoles Vida Estilo

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sexta-feira, 7 de junho de 2024

Treino cognitivo para idosos de alta escolaridade: desafios e evidências científicas

 Gazeta da Torre

O envelhecimento populacional é uma realidade mundial, trazendo consigo desafios e oportunidades para a promoção da saúde e qualidade de vida na população idosa. Dentro desse contexto, o treino cognitivo se apresenta como uma ferramenta eficiente para preservar e melhorar as funções cognitivas, especialmente em pessoas idosas com alta escolaridade. Embora a alta escolaridade seja muitas vezes associada a um maior nível de reserva cognitiva, isto é, representa um fator de  proteção frente  ao declínio cognitivo relacionado aos efeitos deletérios do envelhecimento, os idosos com alta escolaridade ainda podem enfrentar desafios específicos.

Um desses desafios é o chamado “declínio cognitivo leve”, uma condição caracterizada por alterações na memória, atenção e outras habilidades cognitivas que estão além do esperado para a idade, mas que não interferem significativamente nas atividades diárias. No entanto, esses indivíduos podem estar em maior risco de desenvolver demência no futuro, tornando necessário a intervenção precoce.

O conceito de reserva cognitiva, uma importante linha de pesquisa na neurociência cognitiva, refere-se à capacidade do cérebro de preservar e fortalecer habilidades cognitivas em face de danos cerebrais ou deterioração funcional. Estudos longitudinais, como o de Savarimuthu & Ponniah (2024), têm demonstrado que indivíduos com alta reserva cognitiva exibem sintomas clínicos menos pronunciados de doenças neurodegenerativas, como a doença de Alzheimer, em comparação com aqueles com baixa reserva cognitiva.

Pesquisas recentes, como as conduzidas por Zhu et al. (2023), têm evidenciado que a educação formal e outros estímulos cognitivos desempenham um papel significativo na modificação da estrutura cerebral e na melhoria da função cognitiva. Esses estudos sugerem que as atividades cognitivas podem contribuir para a formação de uma reserva cognitiva (RC), que, por sua vez, pode retardar o declínio cognitivo associado ao envelhecimento e a doenças neurodegenerativas.

Outros estudos semelhantes, exemplificados por Wang et al. (2022), ressaltam a associação entre um maior nível educacional e uma melhora no desempenho cognitivo inicial, enquanto o engajamento em atividades de leitura pode retardar o declínio cognitivo.


Em suma, o treino cognitivo para idosos de alta escolaridade enfrenta desafios específicos relacionados ao envelhecimento cognitivo, mas também oferece oportunidades para a promoção da saúde cerebral. No entanto, é necessário um maior entendimento sobre como esses fatores interagem e se complementam para otimizar o desempenho cognitivo em pessoas idosas de alta escolaridade, logo, investimentos contínuos em pesquisa e intervenções práticas são essenciais para enfrentar os desafios do envelhecimento cognitivo e promover um envelhecimento saudável e ativo para todos os indivíduos.

Assinam este artigo:

Laydiane Alves Costa – Gerontóloga pela Universidade de São Paulo (USP), Pós-graduanda em Neurociências pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP)

Profa. Dra. Thais Bento Lima da Silva. Gerontóloga (USP). Mestra e Doutora em Neurologia Cognitiva e do Comportamento, pela Faculdade de Medicina da (USP). Membro da diretoria da Associação Brasileira de Alzheimer- Regional São Paulo. É parceira científica do Método Supera.

Para reflexão:

O primeiro passo para se chegar a algum lugar é decidir que você não quer mais ficar onde está. “Autor desconhecido”

Você sabia:

Os pássaros voam numa formação em ’ V ’ porque assim economizam energia. O que voa na frente diminui a resistência do ar para os demais e, quando ele se cansa, é substituído por outro.

Resposta do desafio de Abril.

Um homem, de 1,90M de altura, está segurando um copo de vidro acima de sua cabeça. Ele deixa-o cair no tapete sem derramar uma única gota de água. Como ele conseguiu largar o objeto a partir desta altura, sem derramar uma gota de água?

Resposta: O copo estava vazio.

Desafio de Maio:

O que é, o que é?

Deitada no chão, não servirá de nada, mas se apoiar na parede do jeito certo, será muito útil. O que é?

Resposta na próxima edição:

Serviço:

Método Supera - Ginástica para o Cérebro

Responsável Técnica: Idalina Assunção (Psicóloga, CRP 02-4270)

Unidade Madalena

Rua Real da Torre, 1036. Madalena, Recife.

Telefone: (81) 30487906

Unidade Boa Viagem

Telefone: (81) 30331695

quinta-feira, 6 de junho de 2024

Uma nova era para os jogadores brasileiros, que precisarão se tornar suas próprias empresas

 Gazeta da Torre

Albert Gea/Reuters - Vinícius Júnior é o maior nome
agenciadopela Roc Nation Sports Brazil

O futebol brasileiro sempre chamou a atenção do mercado internacional, em especial pela qualidade dos atletas formados por aqui. Porém, desde os anos 1950, quando Pelé começou a se destacar e mudou a história da modalidade, muita coisa mudou até hoje – e deve mudar ainda mais.

Empresas de entretenimento como a Roc Nation, fundada pelo rapper e empresário Jay-Z – e , como se não bastasse, marido de Beyoncé –, começaram a olhar para o nosso mercado, que movimentou cerca de R$ 52,9 bilhões em 2022, de outra maneira e se mostram dispostas a investir no que veem. Não por acaso, que em 2023 a empresa comprou a agência brasileira TFM Agency, que representa diversos atletas de renome, como Vinícius Júnior, jogador do Real Madrid.

“Eu acredito que a chegada da Roc Nation reflete a entrada dos americanos no esporte em geral. Hoje, clubes de todas as ligas europeias estão sendo adquiridos por grupos de investidores americanos e isso mostra o valor do futebol com entretenimento e conteúdo, que no fim é o que eles procuram”, afirma Frederico Pena, CEO da ex-TFM Agency, que agora se chama Roc Nation Sports Brazil.

Na visão de Pena, o que prende as pessoas ao esporte hoje em dia não é só o placar e o campeonato em si, mas também o entretenimento “premium” que aquilo proporciona, desde a transmissão ao vivo, até tudo que aquele clube ou atleta trazem de valor. O CEO compara a perspectiva do futebol com a da Fórmula 1, que viu seu público mudar após o lançamento da série dos bastidores do esporte “Drive To Survive”, produzida pela Netflix.

“Os americanos perceberam essa tendência em outros esportes e querem trazer isso para o futebol. Pensando nisso, a primeira coisa que vem à cabeça é: de onde saíram os maiores talentos do esporte nos últimos 70 anos? A resposta é simples: do Brasil”, afirma Pena.

Para Fábio Wolff, especialista em marketing esportivo e sócio-diretor da Wolff Sports, o momento realmente não poderia ser melhor para a mudança de pensamento em relação ao esporte. “A entrada de um player global é sempre impactante, ainda mais no futebol brasileiro, em que o mercado começou a entender a importância de valorizar o jogador como marca”, afirma.

Em sua visão, os efeitos da aquisição devem ser sentidos tanto no futebol nacional quanto no internacional, já que o meio de contato com os grandes times de fora se torna muito mais simples e aberto. “A fusão da Roc Nation amplifica a capacidade do grupo em conectar os atletas nacionais com estrelas mundialmente conhecidas, o que também é bastante positivo”, complementa Wolff.

Quais são os próximos passos?

Pensando na visão que os americanos têm dos esportes, é esperado que o posicionamento dos atletas mude e que eles se tornem, cada vez mais, suas próprias marcas. Na visão de Pena, ter acesso ao conhecimento de conteúdo da Roc Nation é uma das grandes vantagens da aquisição, já que boa parte dos atletas tem a pretensão de contar a sua história ao mundo.

“Hoje, com as redes sociais, não é mais suficiente fazer o seu trabalho em campo e pronto. É preciso se comunicar diretamente com o público, ter controle da sua própria história e narrativa. Na minha visão, estar dentro de uma empresa que faz esse trabalho há muito tempo é muito benéfico para os atletas que temos em casa”, explica Pena.

Que faz a Roc Nation?

Jay-Z criou a Roc Nation em 2008 com o intuito de gerenciar a carreira de grandes artistas como Rihanna, Alicia Keys e Christina Aguilera e se tornou uma das maiores empresas de entretenimento do mundo. Cinco anos após a sua fundação, a empresa lançou a sua divisão de esportes, a Roc Nation Sports, baseada no amor do rapper pelo setor.

Com sede também no Reino Unido, o portfólio da Roc Nation Sports inclui atletas de destaque como LaMelo Ball, Kevin De Bruyne, Romelu Lukaku, Saquon Barkley, Dez Bryant, Danny Green, Rudy Gay, Todd Gurley e agora conta com a entrada de craques brasileiros como Vinícius Júnior, Lucas Paquetá e Endrick em seu portfólio.

Fonte:Forbes

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terça-feira, 4 de junho de 2024

Uma década de inovação no “Guia Alimentar para a População Brasileira”

 Gazeta da Torre

Com base em um conceito ampliado de alimentação saudável, a nova edição transformou a forma como entendemos a nutrição, integrando aspectos culturais, sociais e ambientais e inspirando políticas públicas e práticas alimentares em vários países

Em 2024, o Guia Alimentar para a População Brasileira, desenvolvido em parceria com o Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde (Nupens), comemora uma década desde o lançamento de sua edição mais recente. Reconhecido como uma referência mundial, o guia desempenhou um papel crucial ao promover dietas saudáveis e sustentáveis e alertar sobre os perigos dos ultraprocessados.

Uma das inovações significativas da segunda edição do guia foi a adoção de um conceito ampliado de alimentação saudável. As recomendações passaram a considerar, além do impacto da dieta na saúde, os aspectos culturais, econômicos, sociais e ambientais da alimentação.

Para Kamila Gabe, doutora em Nutrição e pesquisadora do Nupens, essa mudança representou uma grande evolução em relação à edição de 2006, que se concentrava em um paradigma de alimentação saudável puramente biológico, reduzindo a alimentação à soma de nutrientes. Outra inovação importante foi a incorporação de recomendações baseadas exclusivamente no nível de processamento dos alimentos, incluindo a de evitar os ultraprocessados.

Conceito ampliado

Atualmente, países como México, Chile e Uruguai adotam um conceito ampliado de alimentação saudável, valorizando alimentos tradicionais e desestimulando o consumo de ultraprocessados. “As mensagens do guia são baseadas em práticas alimentares que podem ser entendidas como uma rede de atividades cotidianas relacionadas ao ato de comer, tais como rotinas de compra e preparo de alimentos, horários e locais de consumo de refeições e compartilhamento de tarefas”, explica Kamila.

Esse tipo de abordagem busca ser mais próxima e realista no contexto de vida das pessoas, diferentemente das recomendações baseadas em quantidades e número de porções, como as da edição anterior do guia. Kamila ressalta que “nossa pesquisa mostrou que pessoas que seguem as práticas saudáveis e sustentáveis recomendadas pelo guia, como planejar refeições, comer à mesa e cozinhar em casa, de fato possuem um consumo alimentar mais saudável, com mais frutas, verduras, legumes, feijão e menos ultraprocessados”.

Assim, o guia não só serve como um referencial de educação alimentar e nutricional e promotor de autonomia nas escolhas alimentares mais saudáveis, mas também como um indutor de políticas públicas que facilitem a adoção dessas práticas, como regulação de preços dos alimentos, rotulagem nutricional adequada e maior acesso a alimentos saudáveis.

Fonte: Jornal da USP

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sábado, 1 de junho de 2024

Educação de qualidade: quem realmente tem acesso?

 Gazeta da Torre

Se hoje o acesso à educação, em especial nos primeiros anos de vida, é muito maior no Brasil, não podemos afirmar o mesmo em relação à qualidade do ensino ofertado. Essa disparidade pode ser explicada por aspecto como a desigualdade de renda, região e cor que assola o Brasil em uma série de sentidos. Com a pandemia, a situação de falta de acesso à educação de qualidade se agravou.

Mas antes de tudo: o que é uma educação de qualidade?

Basicamente, é aquela que capacita a todos a participarem plenamente da vida comunitária, como cidadãos conscientes do seu lugar no mundo. É aquela que forma um sujeto-cidadão, mas antes de tudo fornece um ambiente propício de desenvolvimento para as crianças e adolescentes.

Para a Unesco, a educação é um direito humano e é importante por três motivos:

“Primeiro, porque é um direito de todos. Segundo, porque a educação potencializa a liberdade individual. Terceiro, porque a educação gera grandes benefícios em termos de desenvolvimento”.

A UNESCO acredita que a educação oferece respostas para muitos dos problemas da humanidade. A agência da ONU afirma que, nos lugares onde a educação tem sido garantida, as pessoas têm uma maior probabilidade de desfrutar de outros direitos.

Sendo assim, a educação de qualidade é a que permite que as pessoas possam lutar contra a pobreza, construir democracias eficientes e sociedades voltadas para uma cultura de paz.

Disparidades no Brasil

No Brasil, quem costumeiramente possui mais acesso a uma educação de maior qualidade é aquele que possui condições de arcar com um ensino privado, ou seja, as pessoas mais ricas do país, o que demonstra que a desigualdade social impacta no acesso a educação.

E quando falamos apenas de frequentar a escola, quem  mora em regiões urbanas tem acesso mais facilitado – isso porque, em alguns lugares mais rurais, muitas vezes por falta de estrutura ou políticas públicas, até mesmo conseguir chegar à escola pode ser uma problemática.

A desigualdade racial também é refletida nessa disparidade de acesso à educação, assim como a desigualdade social, como afirma uma reportagem do Correio Braziliense. Isso ocrre pois a desigualdade racial está intimamente ligada com a desigualdade social, já que a população negra é a maioria entre a população pobre (75%) e, entre os mais ricos, a maioria é branco (70%).

Uma reportagem do G1, que analisa os dados da Prova Brasil, aplicada em 2020 pelo Sistema de Avaliação da Educação Brasileira (Saeb), do Ministério da Educação (MEC), aponta alguns destaques sobre a desigualdade e a realidade educacional o País, mostrando a diferença entre zona rural e campo, ricos e pobres, escolas públicas e privadas.

Aplicada em meio à pandemia, a prova mostra que 7 de cada 10 alunos do ensino médio têm nível insuficiente em português e matemática. Outros destaques são:

– Mais da metade dos Estados apresentou piora de performance em pelo menos uma das avaliações aplicadas, na comparação com levantamentos anteriores. São eles AM, AP, BA, DF, MA, MS, MT, PA, PB, PE, RJ, RN, RR, SC e SP.

– O estado do Amazonas registra as maiores diferenças de desempenho entre alunos da zona rural e da zona urbana. Um aluno da zona urbana do estado aprende mais que aquele que mora no campo, com uma diferença média de 35 pontos.

– O estado do Piauí é o que tem a maior desigualdade de desempenho entre alunos de escolas públicas (estaduais e municipais) e privadas: uma média de 80 pontos.

– Já o estado do Ceará é um dos que menos apresenta desigualdades de ensino quando comparado o desempenho de alunos de escolas públicas e privadas e dos mais ricos com os mais pobres.

Dados da PNAD 2019

De acordo com a PNAD Contínua 2019, o Nordeste é a região com o maior número de adultos que não completaram o ensino médio: são três a cada cinco (60,1%).

No Brasil todo, 57,0% das pessoas brancas concluíram o ensino médio, enquanto essa proporção foi de 41,8% entre pretos ou pardos.

A pesquisa também mostrou dados sobre abandono escolar e descobriu que, das 50 milhões de pessoas de 14 a 29 anos do país, 20,2% (ou 10,1 milhões) não completaram alguma das etapas da educação básica. Desse total, 71,7% eram pretos ou pardos.

A passagem do ensino fundamental para o médio é a que mais acentua o abandono escolar, especialmente pela necessidade de trabalhar (39,1%) e a falta de interesse (29,2%). Entre as mulheres, destaca-se ainda gravidez (23,8%) e afazeres domésticos (11,5%).

Outros indicadores ainda mostram que a taxa de analfabetismo é de 6,6%, o que corresponde a 11 milhões de pessoas. Dessas, mais da metade (56,2% ou 6,2 milhões) vive na região Nordeste. Para pretos e pardos, a taxa é de 5,3 pontos percentuais maior do que para brancos (8,9% e 3,6%).

Com esses dados, é possível notar características claras de quem possui mais e menos acesso à educação no Brasil. Esses dados são importantes para a elaboração de políticas públicas, a fim de melhorar os pontos que não alcançam bons índices.

Covid-19

Um estudo feito pela FGV Social mostrou que essas desigualdades aumentaram ainda mais com a pandemia de covid-19. Entre os motivos, estão as dificuldades encontradas pelos estudantes para acompanhar as aulas remotas, que afetaram principalmente alunos de baixa renda.

Isso se dá principalmente pela dificuldade de acesso. Dados do IPEA de 2018 mostraram que, na época, cerca de 16% dos alunos do Ensino Fundamental (4,35 milhões) e 10% dos alunos do Ensino Médio (780 mil) não tinham acesso à internet. Quase todos eram da rede pública, situação que refletiu diretamente no ensino remoto.

O levantamento ainda mostrou que os alunos das famílias em situação de pobreza, com renda per capita de até R$ 245, foram os que menos frequentaram a escola, menos receberam atividades e os que menos dedicaram horas às atividades de aula no ano de 2020. Na contramão, os que integram famílias de classes A e B foram os que mais aproveitaram o ensino remoto.

Perpetuação do ciclo

Essa falta de acesso à educação de qualidade fortalece o ciclo de desigualdade social, já que indivíduos com pouco ou menos estudo dificilmente conseguem mudar sua condição ao longo da vida, enquanto que aqueles que nascem com maior renda podem estudar mais e, por consequência, se tornarem adultos com condições financeiras e sociais melhores.

O fato é que a educação é um fator capaz de desenvolver nos indivíduos suas potencialidades ao permitir o “pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”, como previsto na Constituição de 1988.

Quando a educação é disseminada de forma universal, ela se torna um dos mais importantes mecanismos para a promoção de oportunidades e igualdade entre as pessoas.

Como mudar a falta de acesso à educação de qualidade no Brasil?

Existem algumas medidas que podem auxiliar de forma significativa no acesso à educação de qualidade – mas esse deve ser um esforço do poder público. À sociedade, cabe se mobilizar para cobrar essas mudanças e entender a importância da educação para a melhoria e crescimento do país.

Uma reportagem da Folha de S.Paulo, de 2018, elenca algumas propostas para a melhoria do ensino, que dependem especialmente de ações do poder público. São elas:

– Manter crianças e jovens na escola;

– Equiparar a qualidade do ensino;

– Melhorar o salário dos professores, aumentando a exigência;

– Aperfeiçoar cursos de formação de docentes;

– Mudar forma de escolha de diretores;

– Reduzir índice de ausência de professores;

– Organizar o currículo;

– Criar canais para ouvir alunos e professores;

– Aumentar colaboração entre as redes;

– Aumentar investimento e melhorar gestão;

– Dar apoio aos alunos com dificuldades;

– E ampliar fontes de financiamento para o ensino superior público;

Destacamos aqui a importância da valorização dos professores, bem como a sua formação inicial, reformando e profissionalizando esse professor com formação prática. As escolas também entram nessa valorização, recebendo recursos financeiros suficientes para a promoção de um ensino eficiente.

As salas de aula precisam estar equipadas com a infraestura necessária para o aprendizado, com material escolar de qualidade e para todos. Os livros devem ser de fácil compreensão e conteúdo didático.

Outro ponto é o entendimento da importância do diretor escolar, pois a gestão das escolas também é essencial para a promoção de um ensino de qualidade.

A redução das desigualdades é imprescindível.

Fonte: ChildFund Brasil  I  Vídeo: @humanar_se

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