Gazeta da Torre
Recife/PE |
De acordo com Pedro Luiz Côrtes, as projeções
consideradas alarmistas, há alguns anos, estão acontecendo agora com maior
antecedência e intensidade
Na última semana, foram noticiadas temperaturas recordes
na Itália e em Londres, que registrou a temperatura mais alta de sua história:
40,2ºC. Espanha e Portugal também registraram episódios de temperaturas
extremas que culminaram em incêndios florestais em várias regiões. A crise
climática ainda atinge a China, o Japão e os Estados Unidos, onde o presidente
Joe Biden declarou emergência climática para liberar recursos e combater a onda
de calor. Nesse cenário, a alta das temperaturas tem provocado mortes e
transtornos graves para a saúde, principalmente de crianças e idosos.
Segundo Pedro Luiz Côrtes, titular do Instituto de
Energia e Ambiente (IEE) da USP, em conversa ao Jornal da USP no Ar 1ª Edição,
para a surpresa dos cientistas que acreditavam que esse contexto seria possível
apenas em 20 ou 30 anos, esses são sintomas claros de que as mudanças
climáticas já estão manifestando todos os seus efeitos: “Há alguns anos,
considerava-se que os informes do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças
Climáticas) eram de certa forma alarmistas e que estavam criando projeções que
provavelmente não aconteceriam. No entanto, elas estão acontecendo com uma
antecedência muito grande e com uma intensidade maior do que o suposto para
essa época”.
Para o professor, não há perspectiva de que esse cenário
mude e é necessário se adaptar. Regiões como o Rio de Janeiro e o Nordeste
brasileiro já se assentaram a temperaturas de 40ºC, por exemplo, mas Londres,
cidade já adaptada ao frio e à chuva, sofre com danos à saúde de crianças e
pessoas idosas enquanto não se ajusta às novas temperaturas.
O Brasil perante a crise climática
No final de julho de 2021, a serra gaúcha foi atingida
pela frente fria mais intensa já verificada na região. Meses depois, no interior
do Rio Grande do Sul e no oeste de Santa Catarina, foram registradas
temperaturas recordes, ao redor de 43° e 46ºC, respectivamente.
Chuvas intensas também ocorreram na Bahia e em Minas
Gerais, além de registros históricos de seca na região central do Brasil e
ciclones que assolaram o litoral do Rio Grande do Sul e Santa Catarina,
chegando até o sul da Amazônia.
“No Brasil, os extremos climáticos têm se manifestado,
principalmente, ou sob a forma de estiagem muito severa e muito prolongada,
como a que está acontecendo no noroeste paulista, ou com chuvas também muito
intensas e muito concentradas que vão balizando esse cenário”, afirma Côrtes.
Ele reforça que são necessárias políticas públicas para que o País se adapte a
esses fenômenos.
Fonte: Jornal
da USP
Nenhum comentário:
Postar um comentário