Gazeta da Torre
Quase todos os estados brasileiros já retomaram as aulas
presenciais em 2021, o retorno acontece 19 meses depois da suspensão completa
de aulas no formato convencional por conta da pandemia de COVID 19. Mais do que
voltar para a escola, em muitos casos, os estudantes recomeçam os estudos
presenciais após um período de intensos desafios pessoais, que, em muitos
casos, os afastaram da rota de aprendizagem em que estavam inseridos.
Emoções na pandemia
Para Livia Ciacci, neurocientista do SUPERA – Ginástica
para o cérebro, os obstáculos para o processo de aprendizagem durante as aulas
remotas estão diretamente ligados à emoção dos estudantes.
Uma emoção é um conjunto de respostas químicas e neurais
que surgem quando o cérebro recebe um estímulo externo. No contexto da pandemia
da Covid-19, houve um predomínio de emoções negativas e um estado de alerta
constante, com risco à sobrevivência.
“Toda vez que o cérebro julga o ambiente como
‘ameaçador’, uma área cerebral chamada amígdala vai estimular outras regiões
produzindo respostas de luta ou fuga. Quando está neste momento, o cérebro foca
apenas na reação, não se motiva a aprender e tem dificuldade para socializar”,
explicou a neurocientista.
Por outro lado, quando alguém julga o ambiente como
“seguro”, os mecanismos inibitórios que controlam as respostas de luta-fuga se
mantêm ativos. “Nessa situação, as vias neurais ativadas preparam o corpo para
o contato social deixando os processos mentais como atenção, raciocínio e
concentração livres para funcionar. O desafio dos educadores nesta retomada
está em principalmente tornar o ambiente seguro para todos os envolvidos,
alunos e professores, o que vai impactar diretamente na capacidade de assimilar
novas informações”, detalhou a especialista.
Aluno validado e aprendendo mais
Estudos recentes mostraram que os processos cognitivos e
emocionais estão profundamente ligados.
A emoção é parte integrante do processo de raciocínio e o
auxilia em vez de atrapalhá-lo, como se costumava pensar antes. “A emoção afeta
o processo de retenção das informações e a memória é altamente dependente do
significado que atribuímos às coisas e acontecimentos. Comprovamos isso quando
executamos exercícios mentais (ábaco, jogos, enigmas etc.) para a atenção,
raciocínio lógico e memória - onde a prática leva ao prazer de melhorar as
funções, e o prazer motiva a tentar um desafio mais difícil, ou seja: tudo está
ligado e por isso é tão importante neste processo de retomada validar os
sentimentos de crianças e adolescentes”, lembrou a especialista, que completou
“A motivação atua no sistema de recompensa do cérebro. Quando um aluno é
afetado positivamente por algo, ele se interessa, e então ele entende e
consegue resolver um desafio novo. Ao conseguir superar o desafio o cérebro
ativa os centros de recompensa e gera a sensação de bem-estar que mobiliza a
atenção da pessoa e reforça o comportamento dela em relação ao assunto que a afetou”,
lembrou Livia Ciacci.
Como ajudar as
crianças a retomar o interesse pela escola?
Ao longo da pandemia, inúmeros levantamentos comprovaram
os impactos psíquicos decorrentes do isolamento social em diferentes faixas
etárias. Em especial aos jovens a pandemia levou ao uso excessivo de redes
sociais e aumento dos sintomas de ansiedade, estresse e tristeza. “Quando
pensamos que os jovens são um público que interage muito nas redes sociais, há
uma tendência de eles voltarem à convivência presencial ainda “viciados” nas
checagens constantes e dificuldade de concentração. Os estudantes ainda podem
voltar trazendo emoções acumuladas nas tensões familiares e das experiências
vividas no ensino remoto. Não há uma receita para o acolhimento perfeito, mas a
maior preocupação daqui em diante deve ser a de criar um clima de segurança
afetiva, só assim as emoções vão abrir caminho para o aspecto intelectual.
Validando sentimentos
Sabendo que os sentimentos positivos ou negativos
interferem nos processos mentais mais complexos, como a tomada de decisão e o
controle dos comportamentos, o foco da escola, segundo a especialista, deve ser
na aceitação das diferenças e limitações de cada um, sem ignorar os impactos da
pandemia em diferentes realidades sociais. “Estratégias personalizadas para que
os alunos se auto avaliem e participem ativamente das metas que eles buscarão
atingir podem ajudar na motivação. É hora de plantar a esperança, cada aluno
deve sentir que ali é um lugar onde ele pode sentir o prazer de conseguir -
seja qual for o seu interesse”, concluiu Livia Ciacci.
Confira algumas dicas que podem ajudar neste processo:
•Melhore as conexões emocionais com as matérias a serem
aprendidas, levando em conta as referências que fazem sentido para a geração;
•Criar avaliações colaborativas, favorecendo mais a
discussão e construção de conceitos do que as respostas certas;
•Inclua a possibilidade de cometer erros e aprender com
eles, usando estratégias que valorizem o erro;
•Não é hora de “marcar provas” coletivas ou de comparar
desempenhos, aliás, qualquer rotina escolar que dê margem para o clima de
ameaça, opressão, vexame ou de desvalorização do esforço pessoal, vai fazer com
que o sistema límbico, situado no meio do cérebro, bloqueie o funcionamento das
funções cognitivas de integração que permitem a resolução de problemas;
•O estudante, com seu repertório pessoal de vivências,
deve avaliar o ambiente escolar e dar o colorido afetivo instantâneo, esse
julgamento vai orientá-lo subjetivamente para tomar decisões. Se o objetivo é
ter crianças e adolescentes motivados, as equipes escolares precisam oferecer
uma recepção que favoreça os sentimentos positivos;
•Tarefas muito difíceis ou muito fáceis não ativam o
sistema de recompensa, como resultado, desmotivam e deixam o cérebro frustrado.
Por isso são abandonadas ou evitadas. Qualquer receita para uma capacidade de
aprender deve incluir: Um ambiente seguro para tentar e errar a vontade,
pessoas dispostas a tornar os temas interessantes e níveis de dificuldade que
propiciem o prazer de conseguir.
Para reflexão:
Em nossas vidas, a mudança é inevitável. A perda é
inevitável. A felicidade reside na nossa adaptabilidade em sobreviver a tudo de
ruim. “Buda”
Você sabia:
O tamanho de um neurônio varia entre quatro e 100
micrômetros de largura, isso equivale a milésima parte do milímetro.
Desafio de Outubro:
O número 3,14 ficou preso na floresta. Qual é o nome do
filme?
Resposta na próxima edição.
Resposta do desafio de Setembro:
Em sua mão existem um balde, uma colher e um copo e você precisa esvaziar uma banheira cheia de água. Como você fará?
Resposta: Destampando o ral
Serviço:
Método Supera - Ginástica para o Cérebro
Responsável Técnica: Idalina Assunção (Psicóloga, CRP
02-4270)
Unidade Madalena
Rua Real da Torre, 1036. Madalena, Recife.
Telefone: (81) 3236-2907
Unidade Boa Viagem
Telefone: (81) 30331695
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