Por Raíssa Rodrigues
No período de Carnaval, em que aumenta o consumo, em
ambientes públicos, de gelo e também de alimentos e bebidas acondicionados em
latas, caixinhas ou embalagens plásticas, a Agência Estadual de Vigilância
Sanitária chama a atenção da população para os perigos causados pelo
hábito de consumir tais produtos sem o cuidado de lavar os recipientes antes de
utilizá-los (no caso dos enlatados, encaixados ou engarrafados) e sem observar
a qualidade e a procedência dos gelos, especialmente daqueles vendidos em forma
de barras, normalmente de fabricação caseira.
De acordo com a diretora-geral da Agevisa/PB, Jória
Guerreiro, que é doutora em Saúde Pública, o hábito de consumir refrigerantes
e/ou bebidas alcóolicas diretamente em latinhas, como também alimentos
enlatados sem o cuidado de higienizar as embalagens antes de abri-las, expõe o
consumidor ao perigo de adquirir uma série de doenças, dentre as quais a
leptospirose, que é uma doença infecciosa febril, aguda, potencialmente grave,
causada por bactéria eliminada pela urina de ratos (e outros animais) que contaminam
os esgotos, o solo, os alimentos, as latas e outros recipientes de bebidas e
alimentos comercializados em forma de conserva.
Para fugir do perigo das doenças, que além da
leptospirose, podem se apresentar de outras formas, dentre as quais a infecção
intestinal (cuja ocorrência vai de uma simples diarreia a um quadro grave que
pode levar o doente inclusive à morte), a gerente-técnica de Inspeção e
Controle de Alimentos, Água para Consumo Humano e Toxicologia da Agevisa/PB,
engenheira de Alimentos Tatiane Lucena, recomenda atenção total às condições de
higiene dos alimentos, bebidas, água e gelo que se consome, seja em casa ou em
ambientes públicos como bares, restaurantes, lanchonetes, quiosques e
equipamentos usados por vendedores ambulantes.
No caso dos enlatados, encaixados e engarrafados,
geralmente armazenados em depósitos sem controle de pragas e roedores,Tatiane
Lucena diz ser importante que as pessoas higienizem as embalagens logo que
chegarem em casa, lavando-as com água e sabão e (de preferência) limpando-as em
seguida com um passo umedecido em álcool para, então, guarda-las em local limpo
e livre da presença de roedores e de insetos.
“Em locais públicos, onde não há possibilidade de o
próprio consumidor lavar as embalagens, este deve observar se há nelas qualquer
sujidade (sujeira, imundice, impureza) e exigir que as mesmas sejam
higienizadas. E na impossibilidade de ser feita a higienização, que em último
caso pode ser realizada com a utilização de um pano limpo umedecido em álcool,
as pessoas devem desistir do consumo e procurar outro ambiente para comprar e
consumir os produtos desejados”, enfatiza a gerente de Alimentos da Agevisa.
Em relação ao gelo comercializado em locais públicos,
Tatiane Lucena recomenda a utilização dos produtos industrializados vendidos em
formato de “geladoses” e acondicionados em sacos plásticos lacrados, pois as
empresas que trabalham com este tipo de produto são obrigadas a ter registro
junto à Vigilância Sanitária e, por conseguinte, passam por um processo de
regulação que visa garantir o cuidado e o respeito à saúde das pessoas.
“O gelo industrializado dá uma certa segurança ao consumidor
porque ele tem que obedecer aos pré-requisitos determinados pela legislação
sanitária para poder ser comercializado, incluindo a utilização de água potável
(livre de qualquer tipo de contaminação) e o acondicionamento do produto em
embalagens completamente higienizadas”, comenta a engenheira de Alimentos.
Quanto ao gelo de formato irregular (barras de tamanhos
diversos), produzidos de forma caseira ou em pequenas “fábricas de fundo de
quintal”, sem o devido registro junto à Vigilância Sanitária, Tatiane Lucena
observa que, em face da ausência de regulação sanitária, este tipo de gelo pode
muito bem ser fabricado com qualquer tipo de água, inclusive água contaminada,
e a utilização de um produto dessa qualidade numa bebida expõe o consumidor a
grandes riscos que podem, inclusive, levá-los direto para o hospital.
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