segunda-feira, 27 de agosto de 2018

Vamos falar um pouco de “modernidade líquida”, equilíbrio e felicidade?

Gazeta da Torre

“Zygmunt Bauman (1925-2017) é um sociólogo polonês. A ideia de modernidade líquida é seu conceito mais popular e pode ser definida como o conjunto de relações que se impõem e que dão base para a contemporaneidade, onde “a modernidade pode ser definida como um período de liquidez, de volatilidade, de incerteza e insegurança, em que o período anterior, denominado pelo autor como modernidade sólida, seria “substituído” pela lógica do consumo, do gozo e da artificialidade imediatos. Logo, a noção de fluidez e liquidez que marca a contemporaneidade se manifesta no cotidiano em diversos contextos, como por exemplo, nas relações de trabalho, nos relacionamentos afetivos, na maneira como as identidades se constroem etc.”

Penso no paradoxo que a realidade contemporânea nos impõe: tanta solidão e depressão, em um mundo globalizado, com tanta facilidade de comunicação e consumo, redes e mais redes de relacionamentos, de “amizades numéricas”, exposições, curtidas e mídias sociais, assim como de competição velada, busca desenfreada de “ter”, busca de momentos prazerosos, glória, sucesso e felicidade perenes... Eu, enquanto ser humano e profissional da área social e de desenvolvimento humano, sou acometida por uma sincera preocupação de que talvez o mal esteja no excesso... Talvez esteja faltando um EQUILÍBRIO maior nas pequenas coisas, para se alcançar uma felicidade menos efusiva, mais tênue, calma, sem tanta luz e paetês, mas afinal de contas, mais saudável e sustentável.
Mas o que é felicidade para você?

Aristóteles, filósofo grego, pensava que a felicidade é o resultado de um modo de vida e um modo de ser, que surge quando somos capazes de desenvolver nosso potencial como pessoa e construir um sólido “eu”.

Mas, o que é esse modo de viver?

Aristóteles pensava que o segredo estava em um viver com equilíbrio - uma ideia semelhante ao Budismo. Refletia que uma vida de abstinência, privação e repressão não leva à felicidade ou a um “eu” completo, mas, por outro lado, uma vida conduzida pelos excessos geralmente produz uma forma de escravidão ao prazer, provocando um vazio existencial. Assim, Aristóteles ressalta a importância da nossa vida ser guiada por determinadas atitudes, decisões e comportamentos pautados no equilíbrio e isso proporciona vidas mais felizes. Eis as suas virtudes:

1. Elegibilidade. É a capacidade de controlar nosso temperamento e as primeiras reações. A pessoa paciente não fica muito zangada, mas também não para de ficar com raiva quando tem razões para isso.

2. Força. É o ponto intermediário entre a covardia e a imprudência. A pessoa forte é aquela que enfrenta perigos por estar ciente dos riscos e por tomar as precauções necessárias. Trata-se de não correr riscos desnecessários e também de evitar os riscos necessários para crescer.

3. Tolerância. É o equilíbrio entre o excesso de indulgência e intransigência. Aristóteles pensava que é importante perdoar, mas sem cair no extremo de passar tudo, deixando que os outros atropelem nossos direitos ou deliberadamente nos machuquem sem responder. Tão negativo é ser extremamente tolerante como extremamente intolerante.

4. Generosidade. É o ponto intermediário entre a mesquinhez e a prodigalidade. Trata-se de ajudar os outros, mas não de nos dar tanto que nosso “eu” seja diluído.

5. Modéstia. É a virtude que está no ponto intermediário entre não se dar crédito suficiente pelas conquistas feitas devido à baixa autoestima e ter um ego excessivo que nos faz pensar que somos o centro do universo. Trata-se de reconhecer nossos erros e virtudes, assumindo as responsabilidades que nos correspondem, nem mais nem menos.

6. Veracidade. É a virtude da honestidade que Aristóteles coloca em um ponto justo entre a mentira habitual e a falta de tato para dizer a verdade. Trata-se de avaliar o alcance de nossas palavras e dizer o que é necessário, nem mais nem menos.

7. Graça. É o ponto médio entre ser um palhaço e ser tão hostil que somos rudes. É um saber ser, para que outros gostem da nossa empresa.

8. Sociabilidade. Muito antes de os neurocientistas descobrirem que temos que escolher nossos amigos com cuidado, pois nossos cérebros acabarão se assemelhando aos seus, Aristóteles já nos advertiu do perigo de sermos sociáveis demais com muitas pessoas, bem como da incapacidade de fazer amigos. O filósofo acreditava que deveríamos escolher nossos amigos com cuidado, mas também cultivar esses relacionamentos.

9. Decoro. É o ponto médio. Uma pessoa decente respeita a si mesma e não tem medo de cometer erros, mas não cai em insolência ou impertinência tentando passar sobre os outros. Ele está ciente de que todos merecem ser tratados com respeito e exige o mesmo respeito por si mesmo.

10. Justiça. É a virtude de lidar de forma justa com os outros, a meio caminho entre o egoísmo e o total desinteresse. Consiste em levar em conta tanto as necessidades dos outros quanto as próprias, para encontrar o meio-termo que nos permita tomar decisões mais justas para todos.

Gostei da proposta! Desejo que seja útil também aos leitores do Gazeta da Torre.
Abraço fraterno!
Vera Silva

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