Marina Rossi
“A nossa tributação está focada nos mais pobres e na
classe média", explica Katia Maia, diretora executiva da Oxfam e
coordenadora da pesquisa
Imagem da desigualdade social: Brasília Teimosa e o
bairro de Boa Viagem Foto:ElsaSwen86 |
Jorge Paulo Lemann (AB Inbev - Empresa multinacional
belgo-brasileira de bebidas e cervejas), Joseph Safra (Banco Safra), Marcel
Hermmann Telles (AB Inbev), Carlos Alberto Sicupira (AB Inbev), Eduardo Saverin
(Facebook) e Ermirio Pereira de Moraes (Grupo Votorantim) são as seis pessoas
mais ricas do Brasil. Eles concentram, juntos, a mesma riqueza que os 100
milhões mais pobres do país, ou seja, a metade da população brasileira (207,7
milhões). Estes seis bilionários, se gastassem um milhão de reais por dia,
juntos, levariam 36 anos para esgotar o equivalente ao seu patrimônio. Foi o
que revelou um estudo sobre desigualdade social realizado pela Oxfam International(Confederação
de 17 organizações e mais de 3000 parceiros, que atua em mais de 100 países na
busca de soluções para o problema da pobreza e da injustiça, através de
campanhas, programas de desenvolvimento e ações emergenciais).
O levantamento também revelou que os 5% mais ricos detêm
a mesma fatia de renda que os demais 95% da população. Além disso, mostra que
os super ricos (0,1% da população brasileira hoje) ganham em um mês o mesmo que
uma pessoa que recebe um salário mínimo (937 reais) - cerca de 23% da população
brasileira - ganharia trabalhando por 19 anos seguidos. Os dados também
apontaram para a desigualdade de gênero e raça: mantida a tendência dos últimos
20 anos, mulheres ganharão o mesmo salário que homens em 2047, enquanto negros
terão equiparação de renda com brancos somente em 2089.
Neste ano, o Brasil despencou 19 posições no ranking de
desigualdade social da ONU, figurando entre os 10 mais desiguais do mundo. Na
América Latina, só fica atrás da Colômbia e de Honduras. Para alcançar o nível
de desigualdade da Argentina, por exemplo, o Brasil levaria 31 anos. Onze anos
para alcançar o México, 35 o Uruguai e três o Chile.
Mas para isso, Katia Maia, diretora executiva da
Oxfam e coordenadora da pesquisa, propõe mudanças como uma reforma tributária.
"França e Espanha, por exemplo, têm mais impostos do que o Brasil. Mas a
nossa tributação está focada nos mais pobres e na classe média", explica
ela. "Precisamos de uma tributação justa. Rever nosso imposto de renda,
acabar com os paraísos fiscais e cobrar tributo sobre dividendos". Outra
coisa importante, segundo Katia Maia, é aproximar a população destes temas.
"Reforma tributária é um tema tão distante e tecnocrata, que as pessoas se
espantam com o assunto", diz. "A população sabe que paga muitos
impostos, mas é importante que a sociedade esteja encaixada neste debate para
começar a pressionar o Governo pela reforma".
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