terça-feira, 30 de setembro de 2014

Leitores do GAZETA da TORRE: Atenção para informação sobre o VOTO NULO

Coluna CONSCIÊNCIA CIDADÃ /Evalda Carvalho/Gazeta da Torre


Um dos grandes obstáculos do avanço social é, sem dúvida, a falta de senso crítico. Estamos no século XXI, no qual o conhecimento agrega valor individual e coletivo para quem o busca e representa, portanto, o diferencial infinitamente mais acessível do que nos tempos remotos.

Não obstante, o acesso à informação é, muitas vezes, para suprir demandas banais, medíocres e até satisfazer curiosidades. Mas o problema não para por aí. Nos meios de comunicação de massa, trafega gigantesco volume de dados, sendo tarefa supostamente impossível distinguir o que é verdade do que está longe de ser aplausível, tal a comodidade das pessoas em suas zonas de conforto, que pouco capazes são de analisar, aprofundar e estudar. Não raras vezes, o cidadão comum se presta a um desserviço, ou seja, ao invés de colaborar e primar pela informação correta e necessária, ele se transforma num instrumento de propagação de equívocos desastrosos para a sociedade como um todo.

Do exposto, um exemplo é o voto nulo. Basicamente, nos anos em que acontecem eleições, sejam elas municipais ou gerais, é divulgado que o número elevado de votos nulos anula o pleito, o que é totalmente equivocado.

Mas, de fato, onde está o problema? Há duas questões a considerar: ou as pessoas são, de fato, desinformadas, ou agem de má fé, para gerar o caos. Em ambos os casos, sem rotular ninguém como culpado, a responsabilidade sempre estará nas mãos daquele que é incauto, que tudo assimila sem questionar a veracidade e por isso é conivente com o erro ao apoiar tal prática. 

A verdade é que a votação nula, por mais expressiva, não anula uma eleição. O art. 224 do Código Eleitoral Brasileiro prevê a necessidade de marcação de nova eleição se a nulidade atingir mais de metade dos votos do país. E o que significa, então, “nulidade”?  O Código Eleitoral se refere à NULIDADE como fato decorrente da constatação de fraude nas eleições (ex.: cassação de um candidato eleito condenado por compra de votos). Em momento algum, uma manifestação do eleitor, ou seja, o voto nulo que ele escolhe na urna, pode ensejar anulação de eleição.

Estamos basicamente a dois meses das eleições para Presidente, Governador, Senador, Deputado Federal e Deputado Estadual. É bastante oportuno saber o real significado do voto nulo, que para a legislação eleitoral é igual ao voto em branco. 

Nas eleições majoritárias (Presidente e Governador), o candidato deverá obter 50% dos votos válidos mais 1. Votos nulos e brancos não entram no cálculo, pois são considerados inválidos. Vamos imaginar o seguinte caso fictício: numa determinada eleição, 60% das intenções de voto corresponderam a nulos e brancos. Então, apenas 40% dos votos dessa eleição foram válidos. O candidato será preciso obter apenas 20% mais 1 dos votos válidos (metade de 40%) para ser eleito. Para um candidato influente, que tem significativos aportes financeiros para sua campanha eleitoral, tal meta é deveras fácil de ser alcançada.

Em outras palavras, a defesa do voto nulo sob o pretexto de se anular a eleição é um tiro no próprio pé, se o eleitor estiver desinformado e quiser ser manipulado. Digo “manipulado” porque evidentemente esta prática provoca a pergunta: para quem interessa a divulgação da informação falsa de que pode-se anular um pleito através de voto nulo? Dentro dos apelos publicitários, onde a tecnologia, aliada à criatividade, tem enorme poder de persuasão, um candidato com pouco ou nenhum recurso financeiro dificilmente poderá competir de igual para igual com aquele outro que está no topo das pesquisas eleitorais e que tem seu favoritismo garantido através do investimento na sua campanha.

Além da ignorância (falta do conhecimento) de algumas pessoas, lamentavelmente há os que buscam enganar, alimentando ações maldosas para favorecer os poderosos.  Portanto, jamais tome qualquer atitude sem questionar o motivo e as consequências.  Reflita no seu papel de cidadão diante da sociedade. 



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