Texto de Evalda Carvalho
Jornal Gazeta da Torre
Diante de tanta polêmica envolvendo a Copa do Mundo
2014, torna-se temerário e desafiador falar sobre o tema. No que pese o cenário
de insatisfação e desdém alimentado nas redes sociais e levado a termo nas
avenidas das cidades brasileiras, o jornal Gazeta da Torre assume a difícil
tarefa de descortinar o evento dando-lhe boas-vindas, ao tempo em que também se
ocupa em divulgar informação de maneira séria e responsável através de uma
módica, porém necessária, colaboração.
Dirigimo-nos às pessoas de boa fé, moradoras da Torre,
Madalena, bairros vizinhos e demais localidades por onde circular esse
periódico. Para elas, primeiramente nosso respeito, pois de fato não se trata
de tomar um rumo político, tampouco partidário ou qualquer posição que possa
caracterizar um apelo ao convencimento desta ou daquela opinião. Alienação é o
prêmio para os ignorantes e medíocres, que tudo assimila como a mais absoluta
verdade, sem aprofundar a questão, sem conhecer os fatos. Portanto, longe de esgotar
a discussão, a abordagem aqui exposta é tão-somente geradora de elementos para
uma análise profunda e imparcial, indo de encontro com o que já habitual e –
por que não dizer? – inconsequentemente está sendo veiculado pelos meios de
comunicação de massa.
Em consonância com os organizadores do evento, cada
qual na sua área de atuação, compondo equipes com as mais variadas atribuições
e competências, há a crescer diariamente, uma multidão que se preocupa com o
vandalismo. Aliás, vandalismo está tão em moda, sem que nada, absolutamente
nada, o possa justificar racionalmente, que muito se revela da população, dos
grupos que o praticam, resultando na evidência da falta de educação. Mas,
afinal, o que dá azo a tantas atitudes destruidoras? Será que vale à pena
submeter os patrimônios públicos e privados à sentença final de expressões
irremissíveis de revolta?
A copa não está trazendo apenas a disputa pelo título
mundial de um dos esportes mais populares do mundo. Ela está sendo mote de uma
acirrada luta da sociedade civil em busca de melhores condições de vida. Sediar
uma copa do mundo não é tarefa fácil, sobretudo quando muitos, à guisa de
técnicos de futebol, acham que tal ou qual maneira vai solucionar o problema
das desigualdades sociais; vai alavancar o desenvolvimento socioeconômico no
âmbito local e nacional; gerará milhares de empregos; enfim, vai garantir a
infraestrutura adequada para os próximos 50 anos. Será mesmo?
De um lado, como a colocar lenha seca numa fogueira,
figuram-se os críticos de plantão, todos afinados no mesmo discurso de que tudo
não passa de uma oportunidade eleitoreira, com aportes financeiros nunca vistos
em prol de uma grande festa e, em contrapartida, um sem-número de demandas não
atendidas, malbaratando a pesada carga tributária existente no país.
Quando a ignorância se alia à
acomodação, o efeito é bem mais devastador do que depredar a sede de um órgão
público; destruir um transporte coletivo; queimar pneus causando interdição de
uma via com grande tráfego; ou fazer um rolezinho num shopping center. Claro
que nada disso resolve. Pelo contrário, o caos é instaurado e haja trabalho
para pagar impostos e tudo ser restaurado. Portanto, tais comportamentos não
possuem a luz da razão!
Mas será que os comentários negativos, que nada mais
são do que alfinetes lançados pelos críticos, têm um único alvo?
Ao invadir nossa caixa postal, nossa casa e ocupar
nossa preciosa agenda de 12 de junho a 12 de julho, o torneio vai exigir grande
dose de sensatez, honestidade e imparcialidade. Devemos agir como verdadeiros
interessados pela informação, participantes do processo de transparência que
garante o respeito à população, sem falso moralismo. O que parece bastante pode
não ser suficiente. Nesse sentido e sem tomar a vaga de quem quer que seja,
deixamos para reflexão alguns pontos relevantes: o orçamento para a Educação subiu de R$ 86,2
bi (em 2013) para R$ 89,1 bi (em 2014); a Saúde teve um aumento de 31%
comparado a 2011, representando um recorde histórico de investimento; em todas
as áreas, as verbas somaram R$ 825,3 bilhões, nos últimos quatro anos; o
desemprego, em abril, alcançou o menor índice em doze anos.
Com a Copa, foi criada uma expectativa de economia que
distante está de estabelecer a sustentabilidade econômica dos setores de produção,
haja vista que o desenvolvimento de um país vai além de investimentos em obras
de mobilidade urbana, ampliação de aeroportos, construção de estádios.
Para formar a sua opinião, pesquise
nas mais insuspeitas fontes. Se você leu o texto até aqui, parabéns! Isto prova
que no seu caráter há algo que reclama por aprofundamentos e mudanças efetivas,
uma espécie de padrão fifa para a vida em sociedade, a começar pelo nosso
bairro. Tal é o dever que o Gazeta da Torre tem a cumprir, sob pena de prestar um
serviço incompleto.
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