Gazeta da Torre
Eduardo Rocha dá dicas de como proteger os olhos nos
meses mais frios, como julho e agosto, propensos às doenças oculares

As estações do ano não são mais as mesmas. Em alguns
locais, o inverno é extremamente rigoroso, enquanto em outros a estação do frio
passa praticamente despercebida. Mas independentemente dessa nova realidade, no
período mais frio do ano algumas doenças relacionadas aos olhos, principalmente
à superfície ocular, são mais frequentes. Eduardo Rocha, oftalmologista,
professor da USP de Ribeirão Preto e colunista da Rádio USP, explica que isso
acontece porque “há uma queda da umidade do ar, diminuição da temperatura e um
aumento das partículas suspensas. Isso não acontece simplesmente na mudança do
calendário”. As alterações ambientais vão acontecendo ao longo das semanas e
meses, algumas estações de frio são mais severas do que outras, fazendo com
que, principalmente nos meses mais tardios do inverno, junho, julho e agosto,
esses sintomas apareçam. As crianças costumam apresentar mais quadros
alérgicos, já os adultos e idosos estão propensos a problemas relacionados ao
ressecamento, explica o professor.
Os principais sintomas das alergias são: lacrimejamento,
vermelhidão e, muitas vezes, vontade de coçar os olhos. Nos adultos, o
ressecamento também ocasiona vermelhidão e muitas vezes predomina a sensação de
areia, olhos raspando, olhos pesados no lugar da coceira. O professor Rocha
destaca que ao invés de tratar o melhor é prevenir: “Evitar lugares fechados há
muito tempo, evitar vento direto sobre os olhos, excessiva exposição
ultravioleta, por exemplo, no sol, que acaba sendo mais tolerado porque o tempo
está frio, mas por outras vezes acaba excedendo no tempo de exposição”. Para o
conforto dos olhos, ele recomenda a compressa fria, chamada também de boa e
velha receita da vovó, enxaguá-los com água limpa e, em algumas situações, o
uso de lubrificantes oculares ou colírios de lágrima artificial pode resolver
grande parte dos casos de irritabilidade. No entanto, a persistência do
desconforto por um ou mais dias, com diminuição da visão e embaçamento
persistente, faz com que o caso precise ser examinado por um especialista.
Mais sensíveis ao frio
O frio torna os olhos mais sensíveis, o que faz com que
haja lacrimejamento para promover aquecimento da superfície. De acordo com
Rocha, há pessoas mais ou menos sensíveis ao frio e isso não necessariamente
significa uma doença, mas mais uma variação como tantas outras existentes entre
as pessoas.
Os óculos podem servir como uma proteção aos olhos em
várias situações, destaca o oftalmologista. “Ele pode servir de proteção ao
excesso de ultravioleta, para ventos que
carregam poeira excessiva e acabam ressecando a superfície. Lentes de contato
precisam ser usadas com mais cautela, porque, num período de ressecamento, os
olhos são propensos a terem mais intolerância às lentes. Doenças bacterianas,
que são uma grande preocupação da população, são infrequentes. As virais, às
vezes por aumento do confinamento das pessoas em lugares fechados, mais tempo
juntas, por causa do frio, faz com que elas sejam propagadas, assim como
resfriados, infecções de vias aéreas. Mas para isso cuidados e repouso tornam
esses problemas rapidamente reversíveis.”
Fonte: Jornal
da USP
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