quarta-feira, 2 de abril de 2025

Escassez de dados sobre a população autista dificulta o desenvolvimento de políticas públicas diz especialista

 Gazeta da Torre

Resultados do Censo 2022 sobre o Transtorno do Espectro Autista ainda não foram disponibilizados pelo IBGE

Criada em 2019, a lei 13.861 determina que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) inclua perguntas sobre o Transtorno do Espectro Autista (TEA) nos Censos demográficos. No entanto, dados sobre a população autista obtidos pelo Censo 2022 ainda não foram disponibilizados. A escassez de dados precisos sobre a população autista tem dificultado o desenvolvimento de políticas públicas relativas ao transtorno e a situação é ainda mais preocupante porque um dos poucos dados conhecidos mostra um aumento na procura por atendimento de saúde por esta população.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o TEA se refere a uma série de condições caracterizadas por algum grau de comprometimento no comportamento social, na comunicação e na linguagem, e por uma gama estreita de interesses e atividades que são únicas para o indivíduo e realizadas de forma repetitiva.

Para Mirella Fiuza Losapio, médica psiquiatra e supervisora de residentes de Psiquiatria no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (HC-FMRP) da USP, a falta de dados sociodemográficos e epidemiológicos sobre a população autista, como os que o IBGE demora a divulgar, dificulta a criação de políticas públicas que facilitem o diagnóstico e uniformizem o tratamento no País. “A partir do momento que dispomos de poucos dados corremos o risco de subestimar o tamanho da população autista. Assim, corremos o risco de disponibilizar poucas horas de médicos especialistas e de terapeutas capacitados”, diz a especialista.

Segundo ela, reverter a situação depende de políticas públicas que acabem com o atraso no diagnóstico e nas intervenções, o que impacta na gravidade do quadro do paciente. “É preciso oferecer acesso mais rápido a esta população, que muitas vezes fica meses na fila de espera para o atendimento especializado e, quando conseguem, normalmente acontece em frequência aquém das necessidades que observamos e que devem ser definidas individualmente”, afirma a médica.

Aumento nos atendimentos

Para Mirella, o aumento no número de atendimentos se deve à revisão do diagnóstico desta condição. Em 2013, foi lançado pela Associação Americana de Psiquiatria o DSM-5: Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais. Por ele, os critérios para o diagnóstico do autismo foram revisados e tornaram a condição um espectro por conta da diversidade de sintomas e níveis apresentados. “Pessoas que antes possuíam características leves e que não eram consideradas autistas a partir dessa mudança passaram a receber o diagnóstico de transtorno. Isso ampliou os critérios diagnósticos e, consequentemente, aumentou o número de indivíduos que recebem esse diagnóstico”, afirma a especialista.

A médica psiquiatra explica que o diagnóstico da condição é clínico, ou seja, não existem exames que confirmem ou descartem que uma pessoa tem a condição, e deve ser feito por especialistas em psiquiatria e neurologia.

“Os serviços públicos se iniciam nas UBSs, que são as Unidades Básicas de Saúde, através do médico clínico ou do pediatra, que devem estar atentos aos atrasos no desenvolvimento de comunicação e interação social e, suspeitando deste diagnóstico, devem encaminhar para centros de atendimento com especialistas em psiquiatria ou neurologia”, finaliza.

Em nota, o IBGE informou que a coleta do Censo 2022 terminou em abril de 2023 e, desde então, vem fazendo um grande esforço para totalizar e divulgar as inúmeras informações. Até o momento, foram feitas 16 divulgações dos resultados do Censo 2022 sobre a população total dos 5.570 municípios do País, incluindo idade e sexo, grupos de cor ou raça e alfabetização. O instituto ainda informa que reconhece que há vários temas importantes a serem divulgados, como, por exemplo, Trabalho e Rendimento, Deficiência, Religião e Autismo.

Fonte: Jornal da USP

- anúncio -


A 27ª edição da Paixão de Cristo do Recife

 Gazeta da Torre

Em temporada mais longa, a Paixão de Cristo do Recife terá Jesus mais próximo do público, no Marco Zero. Resgatando o slogan “A Paixão do Povo”, o espetáculo apresenta sua 27ª edição entre os dias 18 a 21 de abril.

Com Asaías Rodrigues no papel de Jesus e Brenda Ligia interpretando Maria, a montagem chega com nova configuração de palco, com praticáveis e passarela.

Falando sobre amor, solidariedade e liberdade como sagrados que precisam ser cultivados com devoção e fé na humanidade e no futuro, a “Paixão de Cristo do Recife” aproveita o feriado de Tiradentes junto ao da Semana Santa, para apresentar quatro sessões em vez das três tradicionais, sempre às 18h. 

Paixão de Cristo do Recife

Realizada pela Associação dos Produtores de Artes Cênicas de Pernambuco (Apacepe), a grandiosa encenação gratuita e a céu aberto chegará ainda mais perto de seus públicos cativos e numerosos, reincorporando até no nome o caráter popular que sempre foi seu grande diferencial ao proclamar-se “A Paixão do Povo” no subtítulo.

A inédita aproximação da plateia se dará através da nova configuração do palco, que contará com uma passarela em momentos emblemáticos, como a entrada de Jesus no templo e a Via Crúcis. Isso tudo aliado a praticáveis que permitirão às cenas serem construídas - e desconstruídas - em tempo real, dando movimento ao espetáculo.

Para contar a história mais evocada e celebrada da humanidade, a montagem conta com 50 atores e 60 figurantes no elenco, que apresentará como protagonistas Asaías Rodrigues (Zaza) e Brenda Ligia nos papéis de Jesus e Maria.

Também como personagens bíblicos célebres estão Jr. Aguiar no papel de Judas; Carlos Lira como Pilatos; Albemar Araújo interpretando Herodes; Clau Barros como Madalena, Gil Paz vestindo João Batista; e Paula de Tássia encarnando o Diabo. A direção e o texto são de Carlos Carvalho.

Para Asaías Rodrigues (Zaza), mais que uma celebração de fé, a Paixão de Cristo do Recife restitui ao povo da cidade a verdadeira essência do personagem mais importante do imaginário ocidental, “que é única e exclusivamente o amor”.

Para lidar com a responsabilidade de carregar a cruz e o peso de interpretar Jesus pelo quarto ano consecutivo, ele conta que passa o ano inteiro se preparando.

Vivendo o papel de Maria pela terceira vez, Brenda Ligia ressalta a dimensão humana que sua personagem assegura ao enredo.

“Ela tem medo, sente dor, como qualquer ser humano. Mas gerou o Salvador. Isso mostra sua força, a força da mulher. Somos o útero da humanidade”, afirma a premiada atriz, apresentadora e diretora que já atuou em séries de TV como “Assédio” e “Sob Pressão”, soma muitas montagens teatrais no currículo, além de ter estrelado filmes como “As Melhores Coisas do Mundo” (Laís Bodanzky), “Sangue Azul” (Lírio Ferreira) e “Bruna Surfistinha” (Marcus Baldini).

Brenda confessa que quanto mais Paixões encena, mais apaixonada fica pela história, pelos personagens e pela forma como os recados urgentes do espetáculo alcançam, emocionam e transformam o público. “Sinto-me muito honrada em fazer parte dessa Paixão do povo recifense. É uma energia muito forte, um encontro de milhares de fés.”

O espetáculo de 2025 apresentará novos figurinos, assinados por Álcio Lins, misturando referências de época com tecidos e modelagens contemporâneas. A trilha sonora evocará os acordes do contemporâneo junto ao tradicional.

Com participação do grupo musical e de dança Bacnaré (Balé da Cultura Negra do Recife), recém-empossado Patrimônio Vivo do Recife, a peça também traz uma composição de Milton Nascimento e outra de Erasmo e Roberto Carlos que dialogam com a narrativa de fé e amor através de letras que vêm sendo, nos últimos anos, cantadas em coro, emocionando elenco e público.

SERVIÇO

“Paixão de Cristo do Recife: A Paixão do Povo”

Onde: Marco Zero - Recife Antigo

Quando: Dias 18, 19, 20 e 21 de abril de 2025, às 18h

Acesso gratuito

Classificação livre

Duração: 1h40

*Todas as sessões terão intérprete de Libras

Fonte: Folha de PE

- anúncio -