terça-feira, 29 de abril de 2025

Consumo de álcool pode está associado a lesões cerebrais ligadas à demência

 Gazeta da Torre

Estudos de neuroimagem sobre os possíveis efeitos da ingestão de álcool no cérebro são pouco conclusivos, e têm encontrado resultados contraditórios. Agora, um trabalho liderado por brasileiros traz uma evidência mais forte da relação entre consumo de bebida, lesões cerebrais e piora cognitiva.

A pesquisa não comprova que o álcool causa esses problemas – relações de causalidade são complexas e demoradas de estabelecer. Mas a associação do álcool e danos que o estudo verificou é mais robusta porque as análises foram feitas diretamente em tecidos cerebrais após a morte. Além disso, foram utilizados cérebros de brasileiros, e são raros os estudos feitos em população de países de média e baixa renda – aquelas que, na prática, são as mais atingidas pela demência.

Os resultados apontaram que tanto o consumo moderado quanto o intenso (oito ou mais doses por semana), mesmo que prévio (na época da morte a pessoa já era ex-alcoolista), foram associados à arteriolosclerose hialina e aos emaranhados neurofibrilares de tau.

A arteriosclerose hialina é uma condição de endurecimento de vasos sanguíneos que dificulta a irrigação cerebral, pode danificar o cérebro e está ligada ao desenvolvimento de demência vascular. Já os emaranhados neurofibrilares são estruturas proteicas características da doença de Alzheimer.

Além disso, o consumo prévio intenso de álcool (ex-alcoolistas) foi associado à redução da massa cerebral e das capacidades cognitivas. Para não gerar distorções, o cálculo levou em conta a razão entre o peso do cérebro e a altura da pessoa. E as capacidades cognitivas foram aferidas por meio de um questionário feito com familiares ou pessoas próximas, capaz de indicar se o paciente apresentava declínio cognitivo e sinais de demência.

O estudo foi publicado no início do mês na Neurology, periódico da Academia Americana de Neurologia, tendo como primeiro autor Alberto Justo, que realizou pós-doutorado com supervisão de Claudia Suemoto na Faculdade de Medicina da USP (FMUSP).

A declaração da Organização Mundial da Saúde (OMS), de 2023, de que nenhum nível de consumo de álcool é isento de prejuízos, se referia especialmente ao fato do hábito aumentar o risco de vários tipos de câncer, e fortaleceu a tendência de se desmistificar a ideia dos “níveis seguros” – ou até benéficos em algum aspecto – da ingestão de álcool. O estudo da USP chega para fortalecer uma outra frente que também vem sendo investigada: os possíveis efeitos da bebida na saúde cerebral.

“O grande destaque do estudo, a meu ver, é que os marcadores, principalmente a arterioesclerose hialina, já estão presentes mesmo em quem consome álcool moderadamente”, diz Alberto Justo. Outro destaque, segundo ele, é que o declínio cognitivo foi verificado em todos os grupos de bebedores, tanto os que já tinham cessado antes da morte, quanto nos que ainda bebiam.

A pesquisa

As amostras analisadas vieram do Biobanco para Estudos do Envelhecimento da USP. Este banco coleta cérebros de pessoas que foram autopsiadas no Serviço de Verificação de Óbitos da Capital (SOV), da USP, mas não de indivíduos que morreram de causas traumáticas, porque esses casos são tratados pelo Instituto Médico Legal (IML).

Foram incluídas 1.781 pessoas com mais de 50 anos (idade média de 75 anos) no momento da morte, cujos parentes mais próximos tiveram contato no mínimo semanal com o falecido durante os seis meses anteriores ao óbito.

Todas foram submetidas a autópsias cerebrais em busca de sinais de lesão, incluindo lesões associadas à demência vascular e doença de Alzheimer. Para garantir a qualidade, os participantes foram excluídos se os dados clínicos fossem inconsistentes ou se o tecido cerebral fosse incompatível com as análises neuropatológicas.

Os pesquisadores também verificaram o peso do cérebro e a altura de cada pessoa. Os familiares responderam a perguntas sobre o consumo de álcool dos participantes e outras questões que permitem avaliar se há perda cognitiva ou indicativos de demência – presentes numa escala validada denominada Clinical Dementia Rating (CDR).

onsumidores e ex-consumidores intensos de álcool (ex-alcoolistas) tinham maior risco de apresentar emaranhados tau, o biomarcador associado à doença de Alzheimer, com chances 41% maiores. Os ex-alcoolistas também tinham uma menor proporção de massa cerebral em comparação com a massa corporal, e capacidades cognitivas prejudicadas.

Não foi encontrada ligação entre o consumo moderado ou intenso três meses antes do óbito e a razão de massa cerebral ou habilidades cognitivas, mas apenas em ex-alcoolistas (consumo prévio intenso). Este achado parece contraditório, mas pode ter a ver com um viés da amostra de pacientes do estudo. Os participantes que bebiam muito no momento do óbito ainda não tinham desenvolvido outras complicações sérias associadas ao álcool que levariam à cessação do consumo. Um exemplo de complicação que poderia levar à interrupção do consumo é a cirrose hepática.

Reserva cognitiva

A reserva cognitiva se refere principalmente ao tempo de educação formal que uma pessoa teve. “Aqui na Alemanha [onde mora atualmente], por exemplo, dificilmente uma pessoa fala menos de dois ou três idiomas, ou é mais velha e não fez faculdade. Essa reserva, de uma certa forma, reforça as sinapses, as conexões cerebrais. Muitas vezes, mesmo com a presença de vários biomarcadores de demência, a pessoa não vai apresentar a doença clinicamente”, explica o pesquisador.

Estima-se que, nos próximos anos, dois terços da população com demência vão estar em países de baixa e média renda, informação importante no contexto do estudo sobre o álcool. Enquanto os estudos da América do Norte e Europa geralmente incluem participantes com 13 ou 14 anos de estudo, no Brasil, a média é de 4,8 anos de educação.

“Essas pessoas que a gente estudou fazem parte de uma população miscigenada e com baixa educação, que é uma coisa muito rara de encontrar em estudos do tipo. No biobanco temos amostras de pacientes que, epidemiologicamente, traduzem melhor a realidade de quem é mais atingido pela demência no Brasil”, conclui o cientista.

Fonte:Jornal da USP

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quinta-feira, 24 de abril de 2025

MEC vai avaliar qualidade de cursos de medicina anualmente

 Gazeta da Torre

O Ministério da Educação (MEC) lançou nesta quarta-feira (23) o Exame Nacional de Avaliação da Formação Médica (Enamed). A proposta é estabelecer um instrumento unificado de avaliação da formação médica no Brasil. Os resultados, segundo a pasta, poderão ser utilizados inclusive para acesso a programas de residência médica.

A prova, realizada anualmente e já com uma primeira etapa prevista para outubro deste ano, será conduzida pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) em colaboração com a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), vinculada ao MEC.

Ainda de acordo com o ministério, o exame vai unificar as matrizes de referência e os instrumentos de avaliação no âmbito do Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade) para os cursos de medicina e da prova objetiva de acesso direto do Exame Nacional de Residência (Enare).

Durante a cerimônia de lançamento, o ministro da Educação, Camilo Santana, avaliou que o Enamed tem relevância estratégica nacional no que diz respeito à avaliação da formação médica no Brasil e que seus resultados vão impactar diretamente o Sistema Único de Saúde (SUS) e o ingresso de novos profissionais no mercado de trabalho.

O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, destacou a importância de se ter uma avaliação capaz de aferir o progresso do estudante, que aconteça ao longo da formação e não apenas ao final do curso. “Permite que a gente possa avaliar o progresso desse estudante e trazer à luz a instituição formadora”.

Em nota, o MEC citou os seguintes pontos como objetivos do Enamed:

- avaliação da formação médica: verificar se os concluintes dos cursos de medicina adquiriram as competências e habilidades exigidas pelas Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs);

- apoio à melhoria dos cursos: fornecer insumos para o aprimoramento das graduações em medicina, contribuindo para a qualidade da educação médica no Brasil;

- aprimoramento da seleção para a residência médica:  unificar a avaliação do Enade e a prova objetiva do Enare, otimizando o acesso à residência médica de acesso direto;

- fortalecimento do SUS: garantir que os futuros médicos estejam preparados para atuar de maneira qualificada na rede pública;

- unificação e transparência: criar um modelo padronizado de avaliação, democratizando o ingresso nos programas de residência médica de acesso direto.

Entenda

De acordo com a pasta, o Enamed deve ser organizado como um instrumento unificado de avaliação da formação médica no Brasil, na forma de um exame "guarda-chuva", tendo como base a aplicação do Enade. A avaliação atenderá a dois públicos específicos:

- estudantes de medicina inscritos no Enade, que indicarão seu interesse em utilizar a nota da prova no processo seletivo do Enare;

- médicos interessados em participar do processo seletivo de programas de residência médica de acesso direto do Enare, inscritos no Enamed, no período a ser estabelecido no edital do exame.

Inscrição e provas

A previsão é que as inscrições para o Enamed sejam abertas no mês de julho, sendo que o exame será obrigatório para todos os estudantes de medicina concluintes. A aplicação da prova está prevista para outubro e a divulgação dos resultados individuais, para dezembro.

Para utilizar os resultados do Enamed para o Enare, é necessário se inscrever no Enare e pagar uma taxa de inscrição (exceto em casos de isenção previstos em edital). Os estudantes que farão Enade e que não pretendem utilizar os resultados da prova para ingressar na residência estão isentos de taxa.

Fonte:Agência Brasil

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segunda-feira, 21 de abril de 2025

Os grupos mais vulneráveis às ondas de calor

 Gazeta da Torre

Entre os grupos mais vulneráveis
às ondas de calor estão os idosos

O calor extremo pode causar infartos, derrames, falência cardíaca e episódios graves de desidratação. A professora da Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP, Helena Ribeiro, destaca que esse clima dilata os vasos sanguíneos e exige mais do coração e, para uma pessoa que já possui problemas cardiológicos, o risco de colapso aumenta. Segundo a especialista, entre os grupos mais vulneráveis às ondas de calor estão os idosos com mais de 65 anos, pessoas com doenças cardiovasculares e respiratórias, diabéticos e crianças

No caso das crianças, Helena Ribeiro afirma que a vulnerabilidade se dá principalmente pela desidratação rápida. Além disso, o calor excessivo pode prejudicar o desempenho escolar. “Temos notado que as salas muito quentes aumentam a letargia, a irritabilidade e dificultam o aprendizado. O calor afeta o desempenho cognitivo”, explica.

“No geral, há uma queda de temperatura à noite causada por ventos ou chuvas e é nesse momento que o corpo consegue se recuperar do estresse térmico durante o dia. Contudo, se a temperatura permanece alta à noite, as pessoas tendem a ficarem mais cansadas, porque acumula o cansaço pelo calor com a falta de descanso noturno. Então o calor durante a noite tende a ser o mais prejudicial”, declara.

Diante das condições severas de temperatura é necessário a busca por mecanismos de adaptação e mitigação do calor, como os equipamentos de ar-condicionado, por exemplo. No entanto, Helena Ribeiro conta que a instalação desenfreada desses dispositivos é envolta em controvérsias, já que é uma solução cara e que agrava a crise climática ao consumir muita energia e liberar ar quente nas cidades.

Uma outra questão preocupante e, ao mesmo tempo, paradoxal é a ausência de vitamina D em moradores de locais ensolarados. De acordo com a docente, isso ocorre porque as pessoas evitam a exposição solar em dias muito quentes. “Essa deficiência de vitamina D é vista atualmente como uma espécie de pandemia e pode inclusive elevar os índices de depressão”, alerta.

Problemas

Diante das condições severas de temperatura é necessário a busca por mecanismos de adaptação e mitigação do calor, como os equipamentos de ar-condicionado, por exemplo. No entanto, Helena Ribeiro conta que a instalação desenfreada desses dispositivos é envolta em controvérsias, já que é uma solução cara e que agrava a crise climática ao consumir muita energia e liberar ar quente nas cidades.

Uma outra questão preocupante e, ao mesmo tempo, paradoxal é a ausência de vitamina D em moradores de locais ensolarados. De acordo com a docente, isso ocorre porque as pessoas evitam a exposição solar em dias muito quentes. “Essa deficiência de vitamina D é vista atualmente como uma espécie de pandemia e pode inclusive elevar os índices de depressão”, alerta.

Abastecimento

Segundo Pedro Roberto Jacobi, professor do Instituto de Energia e Ambiente (IEE) e supervisor no Programa USP Cidades Globais, do Instituto de Estudos Avançados (IEA) da USP, as ondas de calor vêm se tornando cada vez mais frequentes e intensas como resultado de processos climáticos extremos que afetam diferentes partes do mundo, incluindo o Brasil.

Além disso, quando há um bloqueio atmosférico, as frentes frias se formam, tentam avançar, mas encontram  barreiras que as deslocam para o oceano. Sem a entrada da umidade que provoca as frentes frias, a massa de ar quente aumenta no continente, provocando mais ondas de calor.

Essa nova realidade impõe impactos no consumo de energia elétrica, especialmente com o aumento do uso de aparelhos como o ar-condicionado, e pressiona as redes de distribuição, que muitas vezes não suportam a demanda crescente. O problema é ainda mais grave em áreas de infraestrutura precária, onde o fornecimento de energia elétrica já enfrenta limitações.

De acordo com o especialista, as ondas de calor não impactam diretamente as redes de energia, mas intensificam as tempestades. Ele explica que o excesso de calor na atmosfera provoca a formação de tormentas e tempestades com raios, que danificam a rede elétrica e causam quedas de energia em várias regiões das cidades. “Esse processo ocorre principalmente porque as redes elétricas não são subterrâneas. Caso fossem, não teríamos esse problema”, enfatiza.

Já em relação ao abastecimento de água, Jacobi revela que o impacto das ondas de calor ocorre diretamente. Ele explica que essas ondas, quando acompanhadas por períodos de baixa pluviosidade, reduzem significativamente os níveis dos reservatórios. Em São Paulo, embora o último verão tenha sido caracterizado por muitas chuvas, o abastecimento de água é comprometido em períodos de pouca precipitação.

Desigualdades

A cidade de São Paulo, com seus mais de 11 milhões de habitantes, e uma região metropolitana que soma 22 milhões, é extremamente sensível aos eventos climáticos extremos. Jacobi afirma que a cidade não está preparada para lidar com essas situações. “Poucas cidades estão. Falta planejamento e adaptação da infraestrutura”, critica.

Os especialistas convergem ao destacar que os transtornos provocados pelas ondas de calor afetam de forma desigual os moradores da cidade. Jacobi reforça que as diferenças nas condições de moradia são centrais para entender o impacto das ondas de calor. Nas periferias, as casas frequentemente não têm ventilação adequada, são construídas com materiais que retêm calor e não contam com equipamentos de refrigeração. Isso aumenta o risco de problemas de saúde, como desidratação.

A arborização urbana, um dos principais mecanismos naturais para mitigar o calor, está em processo de deterioração. Segundo Jacobi, as árvores caem com mais frequência nos períodos de tempestades ou são removidas por medo de quedas, o que agrava o problema. Esse cenário é preocupante, porque a substituição das árvores não é uma tarefa simples, já que leva tempo para seu crescimento .

Estratégias

Como medidas individuais de mitigação ao calor, Helena Ribeiro indica evitar exposição ao sol nas horas mais quentes, manter-se bem hidratado e procurar ambientes refrigerados sempre que possível. Se a Prefeitura não disponibilizar espaços adequados, as pessoas podem recorrer a shoppings, bibliotecas ou centros comunitários com ar-condicionado.

Pedro Jacobi também chama a atenção para experiências internacionais que podem inspirar ações no Brasil. Em cidades europeias como Barcelona estão sendo criados abrigos climáticos em escolas e espaços públicos para proteger a população mais vulnerável durante ondas de calor. No Brasil, ele afirma que as iniciativas ainda são tímidas, mas começam a surgir, como o projeto Abrigos Climáticos, realizado em parceria entre universidades e Prefeituras.

O projeto é desenvolvido na cidade de Santos e um dos líderes é Pedro Torres, professor da Unesp de São Vicente e do Programa de Pós-Graduação em Ciência Ambiental (Procam) do IEE. A iniciativa busca justamente adaptar espaços para funcionar como refúgios em dias de calor extremo. “São iniciativas de baixo custo, que podem salvar vidas quando bem implementadas, principalmente nas áreas mais prejudicadas. A periferia é a mais afetada, tanto pelo calor quanto pelas chuvas fortes. A falta de arborização e de infraestrutura adequada agrava a vulnerabilidade dessas regiões”, destaca Jacobi.

Já pela parte governamental, Helena enfatiza que é importante o uso de estratégias baseadas na natureza, como criação de parques e arborização urbana. “Essas são medidas coletivas, acessíveis e com efeitos comprovados no bem-estar das pessoas, mas não há solução mágica para um problema como esse. É preciso pensar em políticas públicas integradas, com foco na equidade social, planejamento urbano e adaptação às mudanças climáticas”, conclui Helena.

Fonte:Jornal da USP

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sábado, 19 de abril de 2025

Pernambuco tem o segundo pior índice de acessibilidade urbana do Brasil, aponta IBGE

 Gazeta da Torre

Pernambuco ocupa a segunda pior colocação no ranking nacional de acessibilidade urbana entre os estados brasileiros, segundo dados do Censo Demográfico divulgados pelo IBGE. No estado, 4,8 milhões de pessoas, o equivalente a 65,01% da população urbana, vivem em ruas que não possuem rampas para cadeirantes, um indicativo de exclusão para pessoas com deficiência e mobilidade reduzida. O número só é melhor que o do Amazonas, que lidera a lista negativa.

Entre os estados, Mato Grosso do Sul foi o que teve o maior percentual de pessoas residentes em vias com existência desta infraestrutura (41,1%), seguido do Paraná (37,3%) e Distrito Federal (30,4%). O menor percentual foi no Amazonas, com 5,6%, acompanhado de Pernambuco (6,2%) e Maranhão (6,4%).

Além da ausência de rampas, o levantamento aponta que apenas 8,48% dos pernambucanos vivem em vias com calçadas livres de obstáculos como buracos, postes e construções irregulares. Isso significa que mais de 6,7 milhões de moradores enfrentam dificuldades para circular com segurança em suas próprias cidades. Camaragibe, na Região Metropolitana do Recife, se destaca negativamente entre os municípios com mais de 100 mil habitantes, com apenas 48,2% das vias com calçadas.

Outro dado preocupante está relacionado à arborização urbana. Mais da metade da população do estado (50,63%) vive em ruas sem nenhuma árvore, percentual superior à média nacional, de 33,73%. A ausência de áreas verdes agrava o desconforto térmico, reduz a qualidade ambiental e evidencia a falta de planejamento urbano adequado diante das mudanças climáticas.

“O desafio da Reforma Administrativa é convencer as pessoas de que precisamos melhorar a qualidade do Estado e dos serviços que entrega”, ressalta Vera Monteiro, mestra e doutora em Direito Administrativo e professora na Fundação Getulio Vargas São Paulo (FGV-SP), em entrevista ao Canal UM BRASIL.

A professora avalia oportunidades e impasses na implementação da Reforma Administrativa, que passam pela falta de transparência nos dados disponíveis, complexidades na relação entre os entes federativos e gargalos relacionados aos servidores.

Ela cita o excesso de cargos de confiança que, segundo sua análise, atrapalha o rendimento e a continuidade de políticas públicas. Por isso, ela destaca que é preciso ter um controle dessa prática. “Há secretarias que são ocupadas 100% por comissionados. O que isso significa? Que ao sair o governante da vez, acabou-se tudo, troca-se tudo, não existe continuidade”, adverte.

Na opinião da professora, a avaliação de desempenho dos servidores também é um desafio quando se fala em modernizar o Estado. “É difícil, demorado e demanda capacitação e auxílio externo”, avalia. Ela lembra que a Constituição brasileira já permite a demissão do servidor, desde que este seja mal avaliado. Neste caso, o que nos falta é justamente a capacidade de fazer a avaliação de desempenho, salienta.

De acordo com Vera, a esfera federal já tem feito um trabalho importante de avaliação de desempenho para as carreiras federais. No entanto, a discussão segue travada nos demais entes federativos. “Estados e municípios, por exemplo, não sabem nem por onde começar”, conclui.

Fontes:IBGE; UM Brasil;

sexta-feira, 18 de abril de 2025

Sexta-feira Santa: a esperança silenciada!

 Gazeta da Torre

Este dia é um convite para reviver o mistério da Cruz, percorrendo o caminho de Jesus ao calvário, e para contemplar, no silêncio e na oração, o sofrimento de Cristo que se entregou por nós. "O mistério não é Pascal se não passar pela dor, por essa esperança silenciada que nasce do alto da cruz. Amor e morte caminham pelas mesmas estradas. A celebração desse dia fala com o vazio, a nudez, o silêncio, o absurdo da vida capturada do inocente", afirma Pe. Maicon Malacarne, da diocese de Erexim/RS.

É na Sexta-feira Santa que revivemos o mistério da Paixão do Senhor. Um dia - o segundo do Tríduo Pascal - para santificar com jejum e penitência, e para contemplar, no silêncio e na oração, a entrega de Jesus por nós através da condenação, prisão, paixão e morte na cruz. Uma cruz que simbolicamente é venerada neste dia ao ser apresentada solenemente à comunidade. O mistério do Crucificado é celebrado num grande silêncio pela Igreja, que é de respeito e gratidão pelo caminho de Cristo feito até a sua morte na cruz, salvando o mundo do pecado e abrindo o caminho da vida eterna.

O Padre Maicon A. Malacarne da diocese de Erexim/RS, pároco da paróquia São Cristóvão, aprofunda assim a celebração da Sexta-feira da Paixão do Senhor, ao refletir:

"Kafka escreveu que “existe esperança e uma esperança infinita, mas não para nós”.  A melancolia do escritor parece se abater sobre todos. A Sexta-Feira Santa habita a tragédia da vida. O mistério não é Pascal se não passar pela dor, por essa esperança silenciada que nasce do alto da cruz. Amor e morte caminham pelas mesmas estradas. A celebração desse dia fala com o vazio, a nudez, o silêncio, o absurdo da vida capturada do inocente."

O também mestre e doutorando em Teologia Moral pela Pontifícia Academia Alfonsiana de Roma, além de professor na Itepa Faculdades de Passo Fundo/RS, faz referência ao Ano Jubilar que procura iluminar a vida dos fiéis com o convite a 'Peregrinar na esperança' porque 'a esperança não engana' (Rm 5,5). O Papa Francisco resgatou a imagem da âncora, acrescenta Pe. Maicon, um símbolo da esperança, para 'compreender a estabilidade e a segurança que possuímos no meio das águas agitadas da vida, se nos confiarmos ao Senhor Jesus. As tempestades nunca poderão prevalecer, porque estamos ancorados na esperança da graça, capaz de nos fazer viver em Cristo, superando o pecado, o medo e a morte' (Spes non confundit, n. 25).

Peregrinos da adoração e da esperança

A morte de Cristo na cruz nos faz lembrar dos sofrimentos e males que afligem o ser humano em todos os tempos. Mas a Sexta-Feira Santa também é uma oportunidade para despertar a nossa fé e fortalecer a esperança para carregar a nossa cruz, confiando em Deus e em sua vitória. De fato, o Pe. Maicon afirma:

"Quando finda a esperança, finda também a confiança, finda o amor. A cruz, hoje, parece o fim! A esperança vilependiada. Os peregrinos perderam a estrada, perderam a sede, perderam o mapa. Quando tudo parece não fazer mais sentido, novamente a cruz aparece: 'Vinde, adoremos!', convida a celebração, 'Vinde, adoremos!', 'Vinde, adoremos!'. O madeiro da dor altera o ritmo das coisas: uma procissão, um beijo, um toque, o nosso jeito de adorar! E quanto ainda precisamos aprender a adorar, tocar a fronteira do fim como 'peregrinos da adoração'.

A esperança, hoje, alcança a desesperança. A 'menina ligeira', esperança do poeta Charles Péguy, ensina que, hora ou outra, é preciso voltar para trás, dar as mãos para a desesperança, contemplar o nada, acolher o absurdo. Aqui está a humildade da esperança, ela sabe que é pequena, frágil, fugidia e precisa dar as mãos para a fé e o amor para ser peregrina."

“A morte de Jesus, o enigma da escuridão, guarda a potência da esperança: a salvação está à espreita.”

A solidariedade a tantos crucificados

Reviver o mistério da Paixão de Cristo significa também buscar significado para os acontecimentos dolorosos da nossa história. Por isso, devemos ser solidários com as situações dramáticas que afligem tantos irmãos no mundo, vítimas da maldade humana, da injustiça e da violência.

"Hoje é o dia de olhar a tragédia de frente, e fazer de novo e de novo com a solidariedade a tantos crucificados! A repetição, fazer de novo, é a realidade, é 'a seriedade da existência', escreveu o Soren Kierkegaard. A Sexta-Feira Santa assinala na carteira de identidade, como marca distintiva de todo seguidor de Jesus, a necessidade de 'enfrentar toda desesperança', acreditar, acreditar 'apesar de...', se erguer e se colocar à caminho. 'A esperança vê o que será. No tempo e na eternidade. Ou seja: o futuro da própria eternidade' (Charles Péguy)."

Fonte: Vatican News

segunda-feira, 14 de abril de 2025

O Cine PE (Festival do Audiovisual) anunciou o primeiro homenageado da 29ª edição do evento

 Gazeta da Torre

O Cine PE (Festival do Audiovisual) anunciou o ator e diretor Júlio Andrade como o primeiro homenageado da 29ª edição do evento. Ele receberá o troféu Calunga de Ouro, maior honraria do festival, no dia 13 de junho, no Teatro do Parque, no Recife. A cerimônia faz parte da programação gratuita do evento, que acontece de 9 a 15 de junho.

Reconhecido por sua intensidade e versatilidade, Júlio construiu uma carreira sólida no cinema e na televisão. Entre seus papéis mais marcantes estão Gonzaguinha, em “Gonzaga: De Pai pra Filho”; o médico Dr. Evandro, na série “Sob Pressão”; e o sociólogo Betinho, na minissérie “Betinho - No Fio da Navalha”. Além de atuar, Júlio também dirigiu diversos episódios das produções em que esteve envolvido, mostrando domínio artístico dentro e fora das câmeras.

A diretora do festival, Sandra Bertini, destacou a escolha como um tributo à entrega emocional e ao talento do artista. Além da homenagem, o Cine PE 2025 também levará ao Cinema São Luiz a Mostra Paralela/Sessão Matinê, com filmes fora da competição oficial, ampliando o acesso do público ao audiovisual nacional.

Fonte:CBN Recife

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Caminhos para o Agreste pernambucano seguem perigosos e degradados

 Gazeta da Torre

BR-232  -  Pernambuco

O alerta sobre a situação precária da malha rodoviária já é um velho conhecido dos motoristas e passageiros que pegam as estradas de acesso ao interior de Pernambuco para curtir o feriadão da Semana Santa. Ainda mais em 2025, quando o período será maior pela proximidade com o feriado de Tiradentes (21).

Como faz todos os anos, o JC percorreu as principais rotas rodoviárias que levam ao Agreste pernambucano, principalmente às cidades de Caruaru e Brejo da Madre de Deus, que recebe, no distrito de Fazenda Nova, a 202 km do Recife, o tradicional espetáculo da Paixão de Cristo.

E, por mais um ano, constatou que os caminhos para o Agreste pernambucano seguem perigosos e degradados, exigindo muita atenção e prudência ao volante dos motoristas e motoqueiros.

A BR-232, principal eixo de transporte para o interior e que recebe vários veículos no feriadão, continua perigosa nos trechos entre Recife e Caruaru, apesar das melhorias. Já a BR-104 sofre com buracos por toda a parte entre Caruaru e o entrocamento com a PE-145, que leva até o Brejo da Madre de Deus. Apesar de ter sido duplicada há 12 anos, a BR-104 está tornando uma rodovia extremamente perigosa.

Fontes:JC; Blogue Magno;

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domingo, 13 de abril de 2025

Prefeitura do Recife decreta ponto facultativo na quinta-feira da Paixão

 Gazeta da Torre

Prédio da Prefeitura do Recife

Por determinação do prefeito João Campos, a próxima quinta-feira (17) será ponto facultativo nas repartições públicas da administração direta e indireta do Recife. A decisão foi oficializada por meio de comunicado da Secretaria de Articulação Política e Social, assinado pelo secretário Gustavo Figueirêdo Queiroz Monteiro, no Diário Oficial capital pernambucana.

A medida considera a data como véspera do feriado da Sexta-feira da Paixão, tradicionalmente dedicada à Paixão de Cristo. O ponto facultativo vale para os órgãos públicos municipais, com exceção daqueles serviços considerados essenciais, cuja continuidade será definida pelo chefe de cada órgão.

Fonte:CBN Recife

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Plataforma Kayak divulga destinos mais buscados por brasileiros para o feriado de Páscoa

 Gazeta da Torre

Recife - Marco Zero

Neste ano, o feriado da Páscoa caiu próximo ao Dia de Tiradentes, o que estimula o planejamento de viagens longas. Com folga na sexta (18), sábado (19), domingo (20) e segunda (21), muitos brasileiros estão aproveitando a chance de descansar fora da rotina.

Segundo a plataforma Kayak pertencente a empresa Booking Holdings, líder mundial em viagens online, nossa cidade está entre os destinos mais procurados do país para o período. Seguidos por Rio, São Paulo, Salvador e Florianópolis completam o top 5 dos destinos mais desejados.

 Fonte:Turismo IG

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terça-feira, 8 de abril de 2025

A série “Adolescência” e o recado da geração Alfa para o ensino superior

Gazeta da Torre

Por Hugo Tourinho Filho, diretor da Escola de Educação Física e Esporte de Ribeirão Preto (EEFERP) da USP

Brilhante, impactante, disruptiva e paradoxalmente brutal sem apresentar nenhuma cena explícita de violência… Adolescência é a mais nova série que figura no topo da lista das mais vistas nas últimas semanas e, reconhecidamente, como uma das mais inovadoras, seja na forma como foi filmada (plano-sequência), assim como na maneira que aborda um assunto que vem causando um profundo incômodo nas famílias, instituições de ensino e na sociedade como um todo.

Adolescência não é uma série de ficção policial que tem como objetivo descobrir quem matou, mas instigar uma desafiadora reflexão sobre por que nossos adolescentes vêm cometendo atitudes extremas, sem um “motivo aparente”. A chamada geração Alfa (nascidos a partir de 2010) traz preocupações e enfrentamentos diferentes das gerações nascidas nas décadas anteriores.

Os pais dessas gerações temiam os perigos existentes nas ruas – o mal a que estávamos expostos nesse ambiente. Hoje esse medo ainda é real e pertinente, mas para os pais da geração Alfa ainda existe um novo temor, explicitado na série – o acesso a um mundo desconhecido por nós, localizado dentro das redes sociais e acessado pelos computadores desses adolescentes, de seus quartos. Um mundo digital cercado por símbolos (emojis), decifrados apenas por quem faz parte dessa geração e que colocam as gerações anteriores como totais analfabetos digitais. Insels, redpills, bluepills, teoria do 80/20, política do cancelamento, cyberbullying e manosfera são algumas das expressões que compõem o novo dialeto dessa geração que são nativos digitais e que trazem características e comportamentos muito específicos.

Na geração Alfa, a exposição à tecnologia e a telas é muito forte. Com muitos estímulos e acostumados a usar meios digitais para se entreter e buscar informações, requerem uma educação mais dinâmica, ativa, multiplataforma e personalizada. Essa geração tem como características a flexibilidade, a autonomia e um potencial maior para inovar e buscar soluções para problemas de forma colaborativa. Gostam de ser protagonistas, colocar a mão na massa e aprender com situações concretas.

A geração Alfa não escreve mais cartas, manda mensagens pelo WhatsApp ou pelas redes sociais. Não faz mais diários, posta vídeos no TikTok, ou propaga suas ideias via X (antigo Twitter). As pesquisas já não são mais feitas em enciclopédias, mas sim no “Senhor Google”.

As gerações Baby Boomers e X, que predominam entre os docentes que atuam no ensino superior, foram educadas a utilizar um equipamento novo somente depois de terem lido todo o seu manual, com o temor de quebrá-lo se esta regra não fosse cumprida. Na geração Alfa o raciocínio é completamente inverso, ou seja, é necessário explorar um equipamento novo, livremente, para poder aprender como se usa – é a cultura Touch, que exemplifica muito bem a necessidade desta geração participar ativamente do processo para poder aprender. O fato é que a geração Alfa precisa ser protagonista do processo para que haja o seu engajamento. Diante desse cenário de possível conflito de gerações, o uso das metodologias ativas passa a ser uma possibilidade muito interessante para aproximar mundos tão distantes e diferentes.

Numa atualidade em que somos desafiados a nos (re)inventar como docentes e as atividades remotas de ensino passaram a ser uma nova possibilidade, o uso de metodologias ativas tornou-se uma estratégia muito interessante, na medida em que busca tornar o processo ensino-aprendizagem mais atrativo para as novas gerações que buscam o protagonismo dentro do processo ensino-aprendizagem. Nesse sentido, metodologia ativa é um conceito amplo, que pode englobar diferentes práticas em sala de aula. Em comum, todas têm o objetivo de tornar o aluno protagonista dentro do processo, participando ativamente de sua jornada educativa.

As metodologias ativas de ensino-aprendizagem compartilham uma preocupação – estimular a participação ativa dos alunos, tornando-os protagonistas no processo de aprendizagem –, porém, não se pode afirmar que são uniformes, tanto do ponto de vista dos pressupostos teóricos como metodológicos; assim, identificam-se diferentes modelos e estratégias para sua operacionalização, constituindo alternativas para o processo de ensino-aprendizagem, com diversos benefícios e desafios, nos diferentes níveis educacionais.

A geração Alfa, com seus símbolos e comportamentos próprios, escancarados na série Adolescência, atualmente está com seus representantes mais velhos na casa dos 15 anos e mais dois ou três anos ocuparão as salas do ensino superior. Será que estaremos preparados para eles? Seremos capazes de decifrá-los ou seremos devorados?

Um dia, um amigo que também é docente me disse que “os alunos nunca envelhecem… nós envelhecemos”. Nunca havia pensado nessa perspectiva, mas concordei, e por isso acredito que cabe a nós procurar decifrá-los e, desse modo, termos a chance, por meio de nossas experiências de vida e profissional, contribuir para a formação de líderes para estas novas gerações e, assim, prepará-los para um mundo coberto de incertezas…

Fonte:Jornal da USP

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Filme e projeto educacional alertam para racismo no atendimento médico

 Gazeta da Torre

Diagnóstico tardio, erros médicos, dificuldade de acesso a exames. Com o objetivo de chamar a atenção para experiências deste tipo vividas por pessoas negras na assistência médica, o curta-metragem Corpo Negro foi lançado na terça-feira (1º) com uma exibição seguida de uma mesa redonda no Cinema Estação do Shopping da Gávea, na zona sul do Rio de Janeiro. Disponível para acesso online, ele leva para a tela a jornada de um homem enfrentando a indiferença de profissionais que ele atende.

O filme, que propõe uma reflexão sobre o racismo, foi dirigido por Nany Oliveira e produzido como parte do projeto Mediversidade, de iniciativa dos braços sociais de dois grupos empresariais do setor educacional. Lançado pelo Instituto de Educação Média (Idomed) e pelo Instituto Yduqs, ele reúne compromissos para um ensino mais diverso. Há a promessa de adoção de uma série de medidas em estabelecimentos vinculados a dois grupos como Estácio, Ibmec, Damásio, Faculdade de Medicina de Açailância (Fameac) e Faculdade Pan Amazônica (Fapan).

Diferentes estudos já levaram a resultados que sugerem uma desigualdade preocupante no atendimento médico. Em 2018, uma pesquisa desenvolvida na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) calculou que mulheres pretas e pardas tinham duas vezes mais chances de receber um diagnóstico tardio de câncer de mama em comparação com mulheres brancas. Os resultados foram publicados na Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia.

Um outro estudo publicado em 2023 indicou que pacientes negros têm mais chances de serem hospitalizadas em decorrência de erro médico em praticamente todas as regiões do país. A única exceção foi o Sul. Os resultados foram apresentados em um boletim produzido pelo Instituto de Estudos para Políticas de Saúde (Ieps) e pelo Instituto Çarê. A análise das causas de 66.496 internações ocorridas entre 2010 e 2021 indicou, por exemplo, que a probabilidade de um evento deste tipo envolvendo pessoas negras é 65,2% maior no Sudeste e 585,3% maior no Nordeste.

Também em 2023, uma pesquisa elaborada pelo Ministério da Saúde e pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) revelaram que a mortalidade materna entre mulheres negras é mais que o dobro em comparação a de mulheres brancas. A conclusão foi obtida após análise dos óbitos registrados no ano anterior e foram considerados todos os casos que ocorreram em até 42 dias após o fim da gestação e que estavam relacionados a causas ligadas à gestação, ao parto e ao puerpério.

O filme Corpo Negro traz, em letreiros, outros dados que indicam, por exemplo, que as consultas realizadas com pessoas brancas são mais demoradas. O curta-metragem destaca ainda que, apesar da invisibilidade dos pacientes negros, os seus corpos são os mais doados para estudos nos cursos de Medicina.

Outro dado que o filme chama atenção é para a baixa quantidade de profissionais pretos. De acordo com dados do Censo 2022, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 75,5% dos graduados em Medicina se declararam brancos e 19% pardos. Apenas 2,8% eram pretos.

O filme Corpo Negro traz, em letreiros, outros dados que indicam, por exemplo, que as consultas realizadas com pessoas brancas são mais demoradas. O curta-metragem destaca ainda que, apesar da invisibilidade dos pacientes negros, os seus corpos são os mais doados para estudos nos cursos de Medicina.

Outro dado que o filme chama atenção é para a baixa quantidade de profissionais pretos. De acordo com dados do Censo 2022, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 75,5% dos graduados em Medicina se declararam brancos e 19% pardos. Apenas 2,8% eram pretos.

A proposta do Mediversidade, segundo o Idomed e o Instituto Yduqs, é oferecer respostas para esse cenário. Entre as medidas elencadas, está a realização de cursos gratuito de letramento étnico-racial para docentes, discentes e profissionais já formados; ampliação para 35% no número de vagas afirmativas no processo de contratação de professores; a revisão da matriz curricular da graduação para tornar o curso mais inclusivo; a priorização de projetos de pesquisa científica com foco em diversidade; a concessão de bolsas integrais para estudantes pretos e pardos; e a adoção de manequins negros nas aulas e simulados.

Fonte: Agência Brasil

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quarta-feira, 2 de abril de 2025

Escassez de dados sobre a população autista dificulta o desenvolvimento de políticas públicas diz especialista

 Gazeta da Torre

Resultados do Censo 2022 sobre o Transtorno do Espectro Autista ainda não foram disponibilizados pelo IBGE

Criada em 2019, a lei 13.861 determina que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) inclua perguntas sobre o Transtorno do Espectro Autista (TEA) nos Censos demográficos. No entanto, dados sobre a população autista obtidos pelo Censo 2022 ainda não foram disponibilizados. A escassez de dados precisos sobre a população autista tem dificultado o desenvolvimento de políticas públicas relativas ao transtorno e a situação é ainda mais preocupante porque um dos poucos dados conhecidos mostra um aumento na procura por atendimento de saúde por esta população.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o TEA se refere a uma série de condições caracterizadas por algum grau de comprometimento no comportamento social, na comunicação e na linguagem, e por uma gama estreita de interesses e atividades que são únicas para o indivíduo e realizadas de forma repetitiva.

Para Mirella Fiuza Losapio, médica psiquiatra e supervisora de residentes de Psiquiatria no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (HC-FMRP) da USP, a falta de dados sociodemográficos e epidemiológicos sobre a população autista, como os que o IBGE demora a divulgar, dificulta a criação de políticas públicas que facilitem o diagnóstico e uniformizem o tratamento no País. “A partir do momento que dispomos de poucos dados corremos o risco de subestimar o tamanho da população autista. Assim, corremos o risco de disponibilizar poucas horas de médicos especialistas e de terapeutas capacitados”, diz a especialista.

Segundo ela, reverter a situação depende de políticas públicas que acabem com o atraso no diagnóstico e nas intervenções, o que impacta na gravidade do quadro do paciente. “É preciso oferecer acesso mais rápido a esta população, que muitas vezes fica meses na fila de espera para o atendimento especializado e, quando conseguem, normalmente acontece em frequência aquém das necessidades que observamos e que devem ser definidas individualmente”, afirma a médica.

Aumento nos atendimentos

Para Mirella, o aumento no número de atendimentos se deve à revisão do diagnóstico desta condição. Em 2013, foi lançado pela Associação Americana de Psiquiatria o DSM-5: Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais. Por ele, os critérios para o diagnóstico do autismo foram revisados e tornaram a condição um espectro por conta da diversidade de sintomas e níveis apresentados. “Pessoas que antes possuíam características leves e que não eram consideradas autistas a partir dessa mudança passaram a receber o diagnóstico de transtorno. Isso ampliou os critérios diagnósticos e, consequentemente, aumentou o número de indivíduos que recebem esse diagnóstico”, afirma a especialista.

A médica psiquiatra explica que o diagnóstico da condição é clínico, ou seja, não existem exames que confirmem ou descartem que uma pessoa tem a condição, e deve ser feito por especialistas em psiquiatria e neurologia.

“Os serviços públicos se iniciam nas UBSs, que são as Unidades Básicas de Saúde, através do médico clínico ou do pediatra, que devem estar atentos aos atrasos no desenvolvimento de comunicação e interação social e, suspeitando deste diagnóstico, devem encaminhar para centros de atendimento com especialistas em psiquiatria ou neurologia”, finaliza.

Em nota, o IBGE informou que a coleta do Censo 2022 terminou em abril de 2023 e, desde então, vem fazendo um grande esforço para totalizar e divulgar as inúmeras informações. Até o momento, foram feitas 16 divulgações dos resultados do Censo 2022 sobre a população total dos 5.570 municípios do País, incluindo idade e sexo, grupos de cor ou raça e alfabetização. O instituto ainda informa que reconhece que há vários temas importantes a serem divulgados, como, por exemplo, Trabalho e Rendimento, Deficiência, Religião e Autismo.

Fonte: Jornal da USP

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A 27ª edição da Paixão de Cristo do Recife

 Gazeta da Torre

Em temporada mais longa, a Paixão de Cristo do Recife terá Jesus mais próximo do público, no Marco Zero. Resgatando o slogan “A Paixão do Povo”, o espetáculo apresenta sua 27ª edição entre os dias 18 a 21 de abril.

Com Asaías Rodrigues no papel de Jesus e Brenda Ligia interpretando Maria, a montagem chega com nova configuração de palco, com praticáveis e passarela.

Falando sobre amor, solidariedade e liberdade como sagrados que precisam ser cultivados com devoção e fé na humanidade e no futuro, a “Paixão de Cristo do Recife” aproveita o feriado de Tiradentes junto ao da Semana Santa, para apresentar quatro sessões em vez das três tradicionais, sempre às 18h. 

Paixão de Cristo do Recife

Realizada pela Associação dos Produtores de Artes Cênicas de Pernambuco (Apacepe), a grandiosa encenação gratuita e a céu aberto chegará ainda mais perto de seus públicos cativos e numerosos, reincorporando até no nome o caráter popular que sempre foi seu grande diferencial ao proclamar-se “A Paixão do Povo” no subtítulo.

A inédita aproximação da plateia se dará através da nova configuração do palco, que contará com uma passarela em momentos emblemáticos, como a entrada de Jesus no templo e a Via Crúcis. Isso tudo aliado a praticáveis que permitirão às cenas serem construídas - e desconstruídas - em tempo real, dando movimento ao espetáculo.

Para contar a história mais evocada e celebrada da humanidade, a montagem conta com 50 atores e 60 figurantes no elenco, que apresentará como protagonistas Asaías Rodrigues (Zaza) e Brenda Ligia nos papéis de Jesus e Maria.

Também como personagens bíblicos célebres estão Jr. Aguiar no papel de Judas; Carlos Lira como Pilatos; Albemar Araújo interpretando Herodes; Clau Barros como Madalena, Gil Paz vestindo João Batista; e Paula de Tássia encarnando o Diabo. A direção e o texto são de Carlos Carvalho.

Para Asaías Rodrigues (Zaza), mais que uma celebração de fé, a Paixão de Cristo do Recife restitui ao povo da cidade a verdadeira essência do personagem mais importante do imaginário ocidental, “que é única e exclusivamente o amor”.

Para lidar com a responsabilidade de carregar a cruz e o peso de interpretar Jesus pelo quarto ano consecutivo, ele conta que passa o ano inteiro se preparando.

Vivendo o papel de Maria pela terceira vez, Brenda Ligia ressalta a dimensão humana que sua personagem assegura ao enredo.

“Ela tem medo, sente dor, como qualquer ser humano. Mas gerou o Salvador. Isso mostra sua força, a força da mulher. Somos o útero da humanidade”, afirma a premiada atriz, apresentadora e diretora que já atuou em séries de TV como “Assédio” e “Sob Pressão”, soma muitas montagens teatrais no currículo, além de ter estrelado filmes como “As Melhores Coisas do Mundo” (Laís Bodanzky), “Sangue Azul” (Lírio Ferreira) e “Bruna Surfistinha” (Marcus Baldini).

Brenda confessa que quanto mais Paixões encena, mais apaixonada fica pela história, pelos personagens e pela forma como os recados urgentes do espetáculo alcançam, emocionam e transformam o público. “Sinto-me muito honrada em fazer parte dessa Paixão do povo recifense. É uma energia muito forte, um encontro de milhares de fés.”

O espetáculo de 2025 apresentará novos figurinos, assinados por Álcio Lins, misturando referências de época com tecidos e modelagens contemporâneas. A trilha sonora evocará os acordes do contemporâneo junto ao tradicional.

Com participação do grupo musical e de dança Bacnaré (Balé da Cultura Negra do Recife), recém-empossado Patrimônio Vivo do Recife, a peça também traz uma composição de Milton Nascimento e outra de Erasmo e Roberto Carlos que dialogam com a narrativa de fé e amor através de letras que vêm sendo, nos últimos anos, cantadas em coro, emocionando elenco e público.

SERVIÇO

“Paixão de Cristo do Recife: A Paixão do Povo”

Onde: Marco Zero - Recife Antigo

Quando: Dias 18, 19, 20 e 21 de abril de 2025, às 18h

Acesso gratuito

Classificação livre

Duração: 1h40

*Todas as sessões terão intérprete de Libras

Fonte: Folha de PE

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