Gazeta da Torre
Apontada frequentemente como um dos principais temas de
preocupação da população brasileira em pesquisas de opinião, a segurança
pública foi se tornando, ao longo da última década, uma pauta cada vez mais
central nos pleitos eleitorais. As disputas para as prefeituras e as câmaras de
vereadores que acontecerão neste ano não devem ser diferentes: a tendência é
que os índices de criminalidade estejam na ponta da língua dos candidatos,
assim como as soluções para reduzi-los. Mas considerando que a Polícia Civil e
a Polícia Militar estão vinculadas ao estado e que a Polícia Federal responde
ao governo do país, as propostas que têm sido apresentadas em âmbito municipal
fazem sentido?
De acordo com pesquisadores ouvidos pela Agência Brasil,
as campanhas municipais costumam articular temas de maior apelo social e nem
sempre as medidas sugeridas estão de acordo com as competências das
prefeituras. Consequentemente, as verdadeiras atribuições municipais, muitas
vezes fragilizadas, deixam de ser amplamente debatidas.
"O apelo político, aliado ao desconhecimento da
população sobre as atribuições institucionais dos municípios, cria um terreno
fértil para a propagação de informações ilusórias durante as campanhas
eleitorais. Isso resulta em promessas focadas no aumento de policiamento,
repressão ao crime organizado e combate à violência urbana, frequentemente à
custa de discussões mais amplas das causas sociais da criminalidade sobre as
quais os municípios poderiam atuar com mais força", diz o sociólogo José
Lenho Silva Diógenes, pesquisador da Universidade Federal do Ceará (UFC).
Em abril, pesquisa feita em municípios cearenses pelo
Instituto Opnus indicou a segurança pública como o terceiro tema que deveria
ser prioridade para os futuros prefeitos e prefeitas, atrás apenas da saúde
pública e da geração de emprego e renda. Na cidade de São Paulo, um
levantamento realizado em junho pela Genial Pesquisas e pelo Instituto Quaest
mostrou que a violência é o problema mais citado pelos moradores. A segurança
pública tem aparecido, em diferentes partes do país, como um assunto que muitas
vezes desperta mais preocupação na população do que outros como educação e
transporte.
Para diferentes pesquisadores, não há dúvidas de que o
tema estará novamente no centro da pauta nas próximas disputas eleitorais. E
embora críticos da abordagem que tem sido dada pelas campanhas em geral, eles
são unânimes em apontar que a segurança pública merece sim ser discutida nos
pleitos que vão eleger prefeitos e vereadores. Consideram que os municípios podem
adotar diversas medidas vinculadas ao tema e promover uma abordagem integrada e
multissetorial, que inclui ações de prevenção no âmbito da educação, da saúde e
do planejamento urbano.
"Segurança pública não é um problema só de polícia.
Pelo contrário, você tem uma série de políticas preventivas que podem e devem
ser realizadas pelo município e que, exatamente por isso, é preciso entender um
pouco melhor como que determinadas vulnerabilidades deságuam em
violência", diz Ludmila Ribeiro, pesquisadora do Centro de Estudos de
Criminalidade e Segurança Pública (Crisp) da Universidade Federal de Minas
Gerais (UFMG).
"Se você pensar a questão da violência contra mulher
e certos casos de furtos e roubos, como os de celular em áreas de grande
concentração de pessoas, são crimes que estão muito relacionados com políticas
de prevenção que o município pode e deve adotar", acrescenta.
Fonte:Agência Brasil
- divulgação -
Nenhum comentário:
Postar um comentário