segunda-feira, 26 de junho de 2023

O futuro da moda é circular

 Gazeta da Torre


Em 2022, Natália Ba, bacharel em Negócios da Moda, mestre em Gestão de Design e criadora da marca Guilla Brazil, conversou com a mediadora Juliana Bastos, mestranda do curso de Têxtil e Moda da USP, voluntária do Sustexmoda  sobre algumas questões que envolvem a circularidade da moda. A convidada desenvolve e gerencia produtos sustentáveis, voltados para empresas que desejam adaptar seu modelo de negócios à economia circular da indústria da moda.

Ela explica na live – ‘O futuro da moda é circular - Natália Ba’ (YouTube) que, de modo geral, o que rege a indústria da moda atualmente é a economia linear, que compreende os processos de extração, produção, consumo e descarte de um produto. Na economia circular, a cadeia têxtil deve acontecer em um círculo fechado, onde a matéria que entra jamais pode ser descartada, ela deve ser reaproveitada e passar por um novo ciclo de usabilidade. Os princípios bases desse ecossistema englobam um ciclo biológico e um ciclo técnico.

O ciclo biológico procura eliminar resíduos e poluição desde o princípio da produção, manter os materiais em uso e regenerar os sistemas naturais. Já no ciclo técnico, a matéria deve passar por processos que mantenham ou prolonguem seu ciclo de vida, sejam eles reciclagem, remanufatura, reutilização ou redistribuição. Para Natália, não há como discutir sustentabilidade sem abordar a economia circular.

Durante a live, ela também diz que desenvolveu sua tese de mestrado voltada para todos os agentes responsáveis pela produção e descarte indevido de lixo têxtil. Para além das ações de empresas, ela investigou de que maneira os consumidores poderiam participar e colaborar para o desenvolvimento de uma cadeia têxtil mais sustentável.

Tanto sua pesquisa quanto um relatório sobre consumidores responsáveis do Instituto Akatu — organização sem fins lucrativos que mobiliza o consumo consciente — indicaram que o público deseja que as marcas atuem de forma sustentável, mas não querem se responsabilizar com o descarte da compra. “Se o consumidor quiser jogar uma peça no lixo, não temos o que fazer. Mas se nós, marcas e professores, fizermos uma pesquisa e educarmos esse consumidor, acredito que conseguiremos mudar isso”, afirmou Natália.

Algumas soluções encontradas pela convidada seriam o upcycling, o downcycling e a reciclagem. O upcycling, como citado anteriormente, é um processo de transformação de resíduos têxteis em novos materiais com melhor qualidade e valor ambiental. A reciclagem é a recuperação de um produto para que ele possa ser reutilizado sem perder suas características técnicas. Já o downcycling é um método de reciclagem geralmente utilizado em materiais que não podem ser reciclados continuamente, como o plástico. Esse processo confere menor qualidade e durabilidade ao objeto, ainda que auxilie a diminuir o descarte inapropriado.

Além dessas práticas, Natália cita a logística reversa, processo no qual o consumidor devolve um produto usado para o comerciante e/ou distribuidor do qual comprou, concedendo a oportunidade de reaproveitamento do material para a empresa.

O aspecto mercadológico da problemática também foi abordado durante o bate-papo. Segundo Natália, é necessário observar quais processos são empregados em cada empresa para ser possível revertê-los em estratégias sustentáveis gradualmente. Mas ela alerta que é preciso ter cuidado para não praticar o greenwashing — técnica de marketing que promove discursos, ações e propagandas sustentáveis que não se sustentam na prática.

*Assista a live na íntegra: 'O futuro da moda é circular - Natália Ba'  

https://www.youtube.com/watch?v=Zd_Ch72XWe4

Fonte: Jornal da USP

- divulgação -

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