terça-feira, 27 de fevereiro de 2024

O famoso cabeleireiro Edelson no bairro da Torre - Desbravador de preconceitos e corajoso por vida

Manuella Gomes – Gazeta da Torre
Edelson Barbosa
A definição acima retrata o começo da história de um dos grandes empresários pernambucanos, Edelson Barbosa de Souza. Antes de ser um homem de negócios, Edelson é originalmente um cabeleireiro, encaminhado para esta profissão por necessidades financeiras. Vindo de São Lourenço da Mata para morar com a avó, no Recife, aos dois anos, presenciou logo cedo as dificuldades que a falta de dinheiro gera.

“Minha avó era uma pessoa humilde e muito lutadora”, lembrou saudoso. Já com 10 anos arrumou o primeiro emprego e no ramo, na Rua da Imperatriz, com Alexandre e Aércio Filipine. “Foi realmente onde tudo começou e fui apresentado ao mundo da beleza”, comentou Edelson que não imaginava que aquela profissão seria a da sua vida. Quatro anos depois foi trabalhar no bairro da Torre, no salão da cabeleireira Nair Meireles, prestando uma consultoria.

Não passou muito tempo e tornou-se sócio do salão, aos 15 anos. Com 16, o marco na sua história profissional, ele montou o seu próprio negócio. “Apesar da idade, eu tinha muita vontade”.

Corajoso, desde o início e até hoje, está na linha de frente do salão. “Sempre fui o primeiro a chegar e o último a sair. Se preciso me ausentar, alguém da família assume”, garante.
Desde que chegou no bairro da Torre, ainda garoto, nunca mais saiu. Nas horas de brincar, o lugar escolhido por Edelson e seus amigos era o campinho de futebol, em frente à tradicional igreja da Torre. “Lá era a minha segunda casa; me diverti demais brincando com os meus amigos”, comentou o cabeleireiro que logo lembrou de outros lugares que frequentava bastante. “ A gafieira do Sesi, o Bar do Rui, o Mercado da Madalena”, citou dentre outros.

A lembrança da tranquilidade daquela época e das transformações que o bairro sofreu é viva também em sua memória. “Sinto saudade do mangue que existia, quando a Beira Rio ainda nem sonhava em ser construída. Recordo de como fez sucesso a ponte da Torre quando foi concluída”, comentou relembrando também amigos como Memede e o pessoal da família Krause. Com as mudanças, surgiram as novidades. “Para a nossa felicidade, até um jornal sobre o bairro apareceu. Um jornal respeitado que sacudiu um pouco o que estava parado; nos informa de coisas que nem a gente mesmo sabia. Maurício é um benfeitor”, ressaltou Edelson referindo-se ao Fundador do Jornal Gazeta da Torre, Maurício Dias.

No meio dessa juventude bem vivida, Edelson sempre era chamado pela responsabilidade. Ainda na década de 60, na busca constante da qualificação profissional, morou um ano em São Paulo e um ano no Rio de Janeiro. Já passou meses na Europa se especializando, ganhou prêmios, e não para de se atualizar. “Eu lido com uma das coisas mais importantes que existem: a beleza. Exijo estar sempre antenado”, explicou.

Sério e bastante comprometido com a profissão escolhida, desde o começo defendeu e defende a classe. “Nosso trabalho é tão importante quanto qualquer outro. Não é só cortar o cabelo, lidamos com a felicidade das pessoas”, disse o cabeleireiro que lembrou o quanto o meio evoluiu. “É uma grande profissão e, como em todas, tem os que fazem de qualquer jeito e os que prezam pela credibilidade, que é o meu caso”, falou Edelson pertencente ao mercado há mais de 50 anos.

Generoso, ensina e forma escola entre os que trabalham com ele. “Muitos já voaram. E hoje são grandes vencedores”, alegra-se. Outra grande ajuda para o meio foi sempre a boa postura em relação à sua sexualidade. “Hoje ainda existe preconceito, imagine naquela época. Já fiz muitos gestos impróprios para tentar calar a boca de alguns engraçadinhos”, assumiu sorrindo das travessuras.

Pai de quatro filhos e casado com Judite Barbosa, Edelson expandiu na família o cuidado e o carinho por seus estabelecimentos. “Meus filhos são formados em outras áreas, mas estão sempre pelas lojas”, incentiva Edelson. “Não só a empresa é familiar, mas a clientela também”, lembra. Quem já passou pelas mãos do cabeleireiro sempre volta. “É ótimo porque quem vem a primeira vez depois traz outra pessoa. Fica uma relação com as gerações”, falou Edelson que atendeu e atende até hoje de famílias como a Barreto Campelo, a Montenegro, entre outras do Recife.

Isso é um dos grandes prazeres da profissão. Apesar de cortar menos cabelos hoje em dia, corta mais quando solicitado, Edelson não pensa em parar. “Só pararia se sentisse alguma rejeição da minha clientela”, confessa.
“É ótimo contemplar nosso crescimento e é bom saber que temos uma história que se vende por si só”, concluiu satisfeito.

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