segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018

FILHOS E DINHEIRO, COMO ORIENTAR ESSA RELAÇÃO DA MELHOR FORMA?

Gazeta da Torre

Certamente você já ouviu dizer que “as palavras ensinam e os exemplos arrastam”. Na vida financeira não é diferente. Recebo constantemente jovens, dos seus vinte e poucos a trinta e poucos anos que, na primeira conversa, relataram algo semelhante: procuraram-me porque gostariam de ter algumas orientações para não viverem na vida adulta o que viram durante toda a sua infância.

Então, você leitor do Gazeta da Torre que espera do seu filho algo diferente do que vive atualmente precisa começar a ver a mudança em você, dedicar-se e mudar para não se aventurar ensinando aquilo que não pratica no dia a dia. Não tenha dúvidas, o seu exemplo arrastará seu filho ou sua filha, proporcionando seguir nos trilhos do que ele vê em você. E isso fica pra vida!

Mas é claro, além do exemplo, é importante a conversa, de forma leve e gradativa, no dia a dia, onde a criança não é excluída do assunto e que, de forma construtiva, vai aprendendo a lidar bem com o dinheiro, entre erros e acertos de “forma experimental” e assim vai se desenvolvendo.

Seguem então algumas dicas que podem motivar você a fortalecer esses laços e servir de exemplo:

1)Mostrar pouco a pouco o valor das coisas e relacionar isso às prioridades do dia a dia. Por exemplo, mostrando que comprando tudo o que quiser, pode afastar daquela excursão que vocês querem fazer juntos, até mesmo mostrando o quanto custa aquela viagem legal e como podem se planejar para atingir aquele valor num prazo que não seja tão longo;

2)Ao dar a mesada, é fundamental combinar com a criança o que deverá ser pago com o valor, por exemplo, se é apenas para o lanche da escola e, por dia, ele custa cerca de R$ 5,00. No mês teríamos então a despesa média, para tal, no valor de R$ 100,00. E seria esse o valor da mesada?

Sugiro que não, pois imagino que na vida você não tem tudo o que quer, e mesmo que tenha, é importante que a criança precise passar por algumas situações de escolha. Desta forma, nesse exemplo, é recomendável que se dê 80 ou 90 reais de mesada, para que ela tenha um pouco menos do que precisa e em alguns dias do mês leve lanche de casa ou mesmo equilibre as contas para fazer o dinheiro da mesada cobrir as despesas do mês com o lanche. E se a criança quiser poupar para outra finalidade, motive-a a levar lanche de casa mais dias e tentar assim se aproximar do valor que deseja poupar para outra finalidade.

3)Mas estamos falando de mesada! ...e você conhece a semanada? ...e a quinzenada? Pois é, antes da mesada, sendo a criança bem novinha, o ideal é começar pela semanada, uma frequência menor que a mensal e a quinzenal, isso por volta dos 7 – 8 anos. A depender da maturidade e da relação da criança com o dinheiro, você vai evoluindo para quinzenada e mesada, evitando assim que a criança que já começa pela mesada, quebre na 1ª semana ou antes mesmo da metade do mês e seja penalizada esperando um longo prazo para receber novamente.

4)Evite negativas mais fortes e que são muito comuns do dia a dia, tais como: “Não temos dinheiro pra isso!”, “Isso é pra gente rica...” etc. São palavras que afastam e o deixam definitivamente longe de uma realidade que não é impossível mudar. Transmitindo discursos assim, certamente fará com que a criança se limite, quando poderia estar sendo motivada a crescer junto com os seus pais, através de frases, como:  “Filho isso custa caro, mas vamos fazer um plano para ver quando conseguimos comprar?” ou “Poxa filho, não dá pra comprar isso agora, mas se você nos ajudar, tenho certeza que conseguiremos!!!”

5)Envolva as crianças nas pequenas ações em casa, como os cuidados e uso consciente da água, da energia e dos alimentos, evitando desperdícios e mostrando o impacto que o mal uso desses recursos representa, não só no aspecto financeiro. Importante conscientizar as crianças que, com menos despesas, sobra mais dinheiro e isso ajudará a atingir, de forma mais rápida, os objetivos da família.

6)Evite a chuva de informações e exigências tentando acelerar o desenvolvimento e compreensão das crianças no universo financeiro, pois se trata de uma construção que deve ser desenvolvida passo a passo, no dia a dia.

7)Lições de empreendedorismo, de como podem ganhar dinheiro. Lembro que uma das minhas primeiras ações sobre isso era fazer um jornal com notícias de casa, usando um papel carbono para produzir mais cópias e vender para a família ao final de cada dia. Meus pais eram compradores fiéis e assim eu começava a me virar e criar. E isso não parou! Explorem mais formas, motivem o lado criativo e deixem desenvolver as idéias. Essa fase é fantástica para tudo isso.

8)Pais, estejam atentos ao comportamento de seus filhos e aproveitem alguns escorregões e determinadas ações para refletir, sejam eles fruto de um gasto por impulso que terminou atrapalhando a conquista de algo que era um objetivo, um sonho de fato. Observem comportamentos ao pagar e receber troco, contar e se certificar que está tudo certo. Motivem a pedir descontos, negociar e assim valorizar o dinheiro. É importante conversar sobre a diferença de querer e PRECISAR realmente de alguma coisa. Assim, depois, podem perceber que aquilo foi fruto de um impulso ou ação de mídia que gerou um desejo frágil.

Tudo isso deve acontecer aos poucos e o nível da conversa e linguagem varia de acordo com cada criança, com a idade, a maturidade e o entendimento. Certamente, quanto antes você abordar o tema e iniciar o processo, melhor será o desenvolvimento da criança nesse aspecto. Sem pressa e com paciência, as coisas vão avançando e você estará cumprindo o papel de educar o seu filho ou a sua filha financeiramente. Esse, sim, é um legado, uma herança que sem dúvida ele(a) jamais esquecerá.

                                                              Até a próxima!!!

Leandro Trajano
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