segunda-feira, 30 de março de 2015

Coluna O LIMIAR DA EDUCAÇÃO - Março/2015

Por Evalda Carvalho - Escritora e Colaboradora do Gazeta da Torre



Como está o dia hoje para você? Idealizou que iria fazer sol e, quando viu o céu nublado, surgiu o desapontamento?

Infelizmente ou felizmente, nem tudo é como a gente deseja e é por isso que crescemos. Mais ainda, nem tudo é quando a gente pensa que vai acontecer. Muitas vezes não adianta se precipitar, pulando etapas. Simplesmente porque a Natureza não dá saltos.

Neste mês, a coluna O LIMIAR DA EDUCAÇÃO vem prestigiar os leitores do Gazeta da Torre com um tema que afeta sobremaneira o ser humano, silenciosamente, mas ao mesmo tempo, gerando verdadeiros estragos comportamentais: a ANSIEDADE.

Com que frequência você busca seu celular para verificar se existem novas mensagens na caixa postal? Quantas vezes olhou para o relógio durante a espera para uma consulta? Ou leu a mesma sinopse do filme sem ter chances reais de vê-lo? Aguardou aquela resposta importante sem ter feito questionamento algum? Vislumbra o final com tanta antecedência que não dimensiona as etapas que lhe são antecessoras? Em tudo isto está presente a ansiedade, cujo papel é conturbar a linha do tempo de qualquer evento ou projeto. É ela que deixa a cronologia às avessas, a sensatez de orelha em pé e os desacelerados de plantão a ver navios, pondo a deseducação no caminho da irracionalidade, como se as escolhas fossem via de apenas uma faixa! E com alta velocidade!

Por outro lado, há um aspecto efetivo que pode ser sentido por qualquer pessoa mais atenta. É que a ansiedade gera um transtorno enorme à vida humana, pois entra sem pedir licença e muito menos sem perguntar se é o momento. Aliás, é justamente a questão do tempo que é mais desafiada por ela.

As consequências estão presentes nos gestos mais corriqueiros e provocam um estado de alerta, sob pena de estabelecer para as novas gerações uma inversão de valores, pois induz jovens e adultos ao caos educacional. Na fase infantil, a ansiedade está presente como mecanismo de descobertas e avanços de alguns limites, fato natural, mas que deve ser monitorado pelos pais ou responsáveis. O que encontramos na maioria dos adultos é um frenesi que, muitas vezes, não se justifica, como se cada criatura tivesse que ser multitarefa e, com isso, teria o poder de obter resultados mais rápidos.

Esta é uma realidade preocupante. Senão, vejamos: as pessoas não aguardam o elevador esvaziar para poderem entrar; desejam ganhar tempo em qualquer fila de espera; esquecem o direito alheio nas situações mais simples; dão asas à imaginação, na expectativa de tal ou qual condição favorável, sofrendo não raras vezes com muita antecedência e sem explicação plausível. De repente, o verbo “esperar” passou a significar “ficar em desespero”. O ansioso não espera que o bruto se elabore; que a carne descongele fora do micro-ondas; que o juiz dê a sentença; que o salário chegue depois do mês trabalhado; que o sinal dê ocupado para desligar o telefone; que a roupa seque no varal. Não! Ele mesmo é capaz de fazer tudo, só para agilizar o processo.

Já dá para perceber que a ansiedade toma para si vários aliados perigosos, como o desrespeito, a impaciência, a insensibilidade, o egoísmo, a intolerância.

O que será da Educação se continuarmos assistindo a esse espetáculo, sem nada fazermos? Você já se contaminou com uma pessoa ansiosa ao seu lado?

Cumpre-nos, portanto, resgatar com sabedoria os valores educacionais na forma de investimentos sólidos e imprescindíveis, se quisermos conquistar estabilidade emocional para nossa saúde.



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