Por Evalda Carvalho - Escritora e Colaboradora do Gazeta da Torre
Como
está o dia hoje para você? Idealizou que iria fazer sol e, quando viu o céu
nublado, surgiu o desapontamento?
Infelizmente
ou felizmente, nem tudo é como a gente deseja e é por isso que crescemos. Mais
ainda, nem tudo é quando a gente pensa que vai acontecer. Muitas vezes não
adianta se precipitar, pulando etapas. Simplesmente porque a Natureza não dá
saltos.
Neste
mês, a coluna O LIMIAR DA EDUCAÇÃO vem prestigiar os leitores do Gazeta da Torre
com um tema que afeta sobremaneira o ser humano, silenciosamente, mas ao mesmo
tempo, gerando verdadeiros estragos comportamentais: a ANSIEDADE.
Com
que frequência você busca seu celular para verificar se existem novas mensagens
na caixa postal? Quantas vezes olhou para o relógio durante a espera para uma
consulta? Ou leu a mesma sinopse do filme sem ter chances reais de vê-lo?
Aguardou aquela resposta importante sem ter feito questionamento algum?
Vislumbra o final com tanta antecedência que não dimensiona as etapas que lhe
são antecessoras? Em tudo isto está presente a ansiedade, cujo papel é
conturbar a linha do tempo de qualquer evento ou projeto. É ela que deixa a
cronologia às avessas, a sensatez de orelha em pé e os desacelerados de plantão
a ver navios, pondo a deseducação no caminho da irracionalidade, como se as
escolhas fossem via de apenas uma faixa! E com alta velocidade!
Por
outro lado, há um aspecto efetivo que pode ser sentido por qualquer pessoa mais
atenta. É que a ansiedade gera um transtorno enorme à vida humana, pois entra
sem pedir licença e muito menos sem perguntar se é o momento. Aliás, é
justamente a questão do tempo que é mais desafiada por ela.
As
consequências estão presentes nos gestos mais corriqueiros e provocam um estado
de alerta, sob pena de estabelecer para as novas gerações uma inversão de
valores, pois induz jovens e adultos ao caos educacional. Na fase infantil, a
ansiedade está presente como mecanismo de descobertas e avanços de alguns
limites, fato natural, mas que deve ser monitorado pelos pais ou responsáveis.
O que encontramos na maioria dos adultos é um frenesi que, muitas vezes, não se
justifica, como se cada criatura tivesse que ser multitarefa e, com isso, teria
o poder de obter resultados mais rápidos.
Esta
é uma realidade preocupante. Senão, vejamos: as pessoas não aguardam o elevador
esvaziar para poderem entrar; desejam ganhar tempo em qualquer fila de espera;
esquecem o direito alheio nas situações mais simples; dão asas à imaginação, na
expectativa de tal ou qual condição favorável, sofrendo não raras vezes com
muita antecedência e sem explicação plausível. De repente, o verbo “esperar”
passou a significar “ficar em desespero”. O ansioso não espera que o bruto se
elabore; que a carne descongele fora do micro-ondas; que o juiz dê a sentença;
que o salário chegue depois do mês trabalhado; que o sinal dê ocupado para
desligar o telefone; que a roupa seque no varal. Não! Ele mesmo é capaz de
fazer tudo, só para agilizar o processo.
Já
dá para perceber que a ansiedade toma para si vários aliados perigosos, como o desrespeito, a impaciência, a insensibilidade, o
egoísmo, a intolerância.
O
que será da Educação se continuarmos assistindo a esse espetáculo, sem nada
fazermos? Você já se contaminou com uma pessoa ansiosa ao seu lado?
Cumpre-nos, portanto, resgatar com sabedoria os valores educacionais na forma
de investimentos sólidos e imprescindíveis, se quisermos conquistar
estabilidade emocional para nossa saúde.
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