Dezenas de
milhares de pessoas participaram neste domingo no centro de Moscou de uma
manifestação em homenagem ao líder opositor russo Boris Nemtsov, assassinado na
sexta-feira na capital russa, segundo jornalistas da AFP no local.
"Estimamos
que mais de 70.000 pessoas vieram", declarou à AFP Alezander Riklin, um
dos organizadores da marcha, que contava com a autorização do governo russo.
Por sua vez, a polícia calculava 21.000 presentes.
A
participação ultrapassou com folga as convocações da oposição nos últimos
tempos, e lembrou as grandes manifestações organizadas em 2011 e 2012 contra
Vladimir Putin.
Embora não
tenha sido registrado nenhum incidente durante a marcha, um deputado ucraniano
que havia viajado a Moscou para comparecer ao ato, Alexei Goncharenko, foi
detido pela polícia antes do início da manifestação. "É acusado de
rebelião contra as forças de ordem pública", indicou seu advogado Mark
Feiguin, citado pela agência RIA Novosti.
Goncharenko
goza de imunidade diplomática como membro da Assembleia parlamentar do Conselho
da Europa, razão pela qual deve ser colocado em liberdade em breve, considerou.
Morreu por
uma Rússia livre
"É um
assassinato político para dar exemplo, para aterrorizar o povo. Agora o terror
político vai se intensificar", declarou um manifestante, Alexander Akulin.
Outras 6.000
pessoas, algumas envolvidas em bandeiras ucranianas, se reuniram em São
Petersburgo, a segunda cidade do país, para protestar contra o assassinato do
político, muito crítico a Vladimir Putin.
Milhares de
pessoas se concentraram para homenageá-lo em Ekaterinburgo, nos Urais, e em
Tomsk, na Sibéria. No exterior, foram organizadas concentrações em Paris, Kiev,
Budapeste, Varsóvia e Vilnius.
Crime
político
No sábado, a
oposição russa denunciou um crime político. As potências ocidentais exigiram
uma investigação profunda, e o presidente Putin prometeu "que será feito
todo o possível para que os responsáveis por planejar e executar este crime
atroz recebam a punição que merecem".
O Comitê de
Investigação afirmou que o assassinato de Nemtsov pode estar ligado "à
situação dentro da Ucrânia", ou também ao massacre no semanário satírico
francês Charlie Hebdo, já que o político havia recebido ameaças depois de
condenar o ocorrido.
Para Putin, o
objetivo do crime é desacreditar as autoridades russas. Segundo ele, "leva
as marcas de um assassinato por encomenda, e tem todos os sinais de uma
provocação".
Nemtsov temia
por sua vida
Segundo os
investigadores, o assassinato foi meticulosamente planejado. No momento do
crime, Nemtsov cruzava a Grande Ponte de Pedra com uma jovem identificada pela
imprensa russa como a modelo ucraniana Anna Duritskaya, de 23 anos e que saiu
ilesa do ataque.
No sábado foi
divulgada a informação de que nas últimas semanas Nemtsov temia por sua vida
devido a sua oposição a Putin.
Os líderes
ocidentais, entre eles o presidente americano, Barack Obama, condenaram no
sábado este assassinato brutal, e pediram uma investigação rápida e eficaz.
O
secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, também criticou o assassinato, e segundo
seu porta-voz "espera que os autores sejam levados em breve à
justiça".
Nemtsov, bom
orador, participou de diversas manifestações contra o retorno de Putin à
presidência russa em 2012, e desde então não parou de criticar a corrupção no
país e, nos últimos meses, a política russa no conflito ucraniano.
Fonte: AFP
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