Por Evalda Carvalho - Colaboradora Gazeta da Torre
No
imaginário das crianças, há sempre o mundo do “faz de conta” que pode ser, por
exemplo, um reino feliz, um tesouro encontrado, um herói atuante, uma vitória
desejada etc. O “faz de conta” infantil está presente nas narrativas
conciliadoras, compensatórias, embaladoras de sono e são capazes até de
despertar alguma moral pedagógica.
Já no
mundo “real”, o processo educacional é de tal maneira, atrelado à maturidade do
indivíduo, que não se deixa confundir com qualquer aspecto de ficção. No
entanto, às avessas de um comportamento compatível com a bagagem de
conhecimento adquirido, temos um mal que se alastra mais e mais, entre jovens e
adultos: a indiferença.
Bem
distante da ignorância e ao mesmo tempo colocando em xeque a base de formação
do caráter individual está a indiferença, representando um percentual
expressivo de pessoas que não se envolvem com alguma questão polêmica, não
participam de movimentos sociais, não formam opinião própria sobre determinado assunto,
afastam-se de temas controversos e de todo tipo de conduta que os leve a tomar
um posicionamento.
É para
estas criaturas, alheias à discussão, ao diálogo crítico e ao debate
construtivo, que a educação, na prática, pode trazer numerosos benefícios. Ser
ou estar alheio ao aprendizado não faz bem a ninguém, sobretudo neste século em
que a informação circula com velocidade surpreendente, a ponto de gerar um
divisor de águas para aqueles que se importam com tudo ao seu redor.
O que
leva uma pessoa a jogar lixo no chão, “fazendo de conta” que desconhece os
prejuízos causados por tal ação? Por que a honestidade é quase sempre esmagada
no “faz de conta”da consciência, que tolera o erroem favor próprio? Qual será a
perspectiva de alguém que tem muito conhecimento e dele nada põe em prática?
Até quando o mundo do “faz de conta” será o companheiro dos adultos no equívoco
da indiferença?
Diante
dos questionamentos, eis mais um: dá para imaginar o quanto é importante ter
consciência dos atos e das responsabilidades acumuladas através dos vários
papéis assumidos na sociedade? A verdade é que,com o tempo, vamos somando
experiências na condição de pais, tios, avós, educadores e até vizinhos! E ter
um bom desempenho nisso tudo só é possível se abandonarmos de vez a indiferença,
deixando o “faz de conta” na faixa etária que lhe é legítimo, e partirmos à
batalha em prolde atitudes enobrecedoras.
Ao se
tomar uma posição sobre tal ou qual assunto, há sempre riscos. Porém, no que
pese o que os outros podem pensar, é bem melhor, em todas as circunstâncias,
combatermos a indiferença, vez que só a coragem de pesquisar, analisar, avaliar
e assumir esta ou aquela opinião pode produzir maturidade no indivíduo.
Estar
indiferente ao que se passa no nosso entorno é dar um tiro no próprio pé,
propagando a omissão, a covardia e muitas vezes a falta de interesse em mudar
para melhor, crescer!!! O resultado é a estagnação intelectual, o desdém moral
e a mediocridade.
À
medida em que o tempo avança, a idade nem sempre anda de mãos dadas com a
maturidade. Que tal pensarmos em sair da nossa “zona de conforto” e encararmos
com seriedade, na prática, tudo de correto que aprendemos? Dê o primeiro passo
no caminho do bom exemplo, deixando de uma vez por todas o “faz de conta” e
assumindo a sua parcela para melhorar a sociedade. Como diz o Dalai Lama: “Seja você a mudança que quer ver no mundo”.
Então, mude!
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