Gazeta da Torre
Delegação brasileira leva Núcleo de Saúde e Performance para
a Copa do Mundo da Austrália
A Seleção Brasileira Feminina já chegou à Austrália, onde
vai disputar a próxima Copa do Mundo de Futebol, celebrando conquistas: viagem
em voo fretado na última segunda-feira (3) e a recente criação de uma equipe
de saúde multidisciplinar, o chamado
"Núcleo de Saúde e Performance".
Quanto ao voo, os benefícios são muitos. O time tem a
possibilidade de "tratar a atleta na individualidade", fazer testes
cognitivos e "trabalhos para evitar o desgaste" como não conseguiriam
num voo comercial.
Já o núcleo promove ganhos maiores ainda, com médicos,
fisioterapeutas e profissionais da nutrição, psicologia e ginecologia atuando
na preparação das atletas.
"Esse núcleo de saúde e performance também pensa em
fatores de como minimizar jet lag, melhorar parte física, parte nutricional. É
um núcleo fantástico e inédito, não tem nem na masculina ainda", disse Ana
Lorena Marche, gerente de seleções femininas da CBF (Confederação Brasileira de
Futebol), segundo a coluna Elas na Área, do Placar.
De acordo com o portal Terra esportivo, a própria
convocação para a Copa, na última semana, já foi um registro histórico. Isso
porque duas mulheres estiveram à frente do processo - Ana e a treinadora do
time, Pia Sundhage.
Atenção à saúde
Essa atenção com a saúde física e mental das atletas vem
ganhando espaço nos últimos tempos. A ausência de psicólogo na delegação para a
copa masculina repercutiu mal ano passado.
Ao falar sobre o assunto no programa "Bem,
Amigos", do sportv, o então técnico Tite reconheceu a importância de um
acompanhamento emocional e disse que já tinha "assessoramento de pessoas
suficientemente abalizadas" para conduzi-los "nessa seara
psicológica".
De acordo com reportagem do Estadão feita à época, o
argumento para dispensar a presença de um psicólogo foi o tempo da competição:
apenas um mês. A avaliação foi de que o tempo era curto para criar conexão e
confiança entre os atletas e o profissional.
Foco na saúde mental
Mas essa não parece ser a visão na seleção feminina,
afinal a Copa que acontecerá a partir do próximo dia 20 de julho na Austrália e
Nova Zelândia, também tem duração de um mês. Pela primeira vez, o time conta
com a experiência de Marina Gusson, psicóloga do esporte, na delegação enviada
para o mundial.
Para a também psicóloga Larissa Fonseca, esse suporte
significa melhor autocontrole, foco, posicionamento assertivo e até mais
precisão de movimentos, afinal, a psicóloga vai atuar na integração da equipe,
percebendo momentos críticos e falhas a corrigir.
“É extremamente importante ter uma psicóloga em situações
onde precisamos ter alta eficiência. Essa exigência é estressante, aumenta a
ansiedade e pode gerar consequências como a instabilidade emocional. Além
disso, a pressão interna e as situações inesperadas (como perder uma jogada,
uma lesão ou um adversário inesperado), nos demanda autocontrole emocional”,
afirma Larissa, especialista em ansiedade, em entrevista ao Terra.
Ela lembra que, no geral, as emoções precisam ser
contidas e transformadas em pensamentos relacionados à motivação, conquista e
sucesso para o grupo. Quando essa base emocional é trabalho, o retorno é o
desenvolvimento da inteligência emocional.
Saúde integrada
Entre os profissionais de saúde na delegação também estão
dois médicos, preparadora física, fisiologista, dois fisioterapeutas e dois
massagistas, segundo informado pela assessoria de comunicação da seleção. O
time ainda conta com ginecologista e nutricionista no Brasil, que atuam junto
ao grupo de performance.
A fim de entender como atua um nutricionista esportivo, o
Terra ouviu a especialista Renata Brasil, que destaca a importância desse
trabalho tanto para o rendimento do atleta quanto para a recuperação muscular. "A
gente precisa focar muito na recuperação, na reparação do sono, que é o que vai
preparar as jogadoras para o dia seguinte - de treino ou de jogo", frisa a
nutricionista da Clínica Soloh de Nutrição.
"Tem a questão da hidratação, de não perder os sais
minerais que são fundamentais até mesmo pra evitar câimbras ou dores
musculares, então manter as jogadoras sempre hidratadas com os micronutrientes
que são fundamentais, como zinco e magnésio", completa.
Já a saúde íntima das atletas é cuidada pela
ginecologista Tathiana Parmigiano, especialista em Medicina Esportiva,. Para a
também ginecologista Monique Novacek, ter o acompanhamento de uma especialista
no assunto antes do torneio foi um acerto porque a profissional pôde acompanhar
e tratar eventuais alterações no ciclo menstrual das jogadoras.
"A gente tem alterações hormonais, principalmente do
cortisol que pode alterar todos os nossos outros hormônios, como estrogênio e
progesterona, que acabam afetando o fluxo menstrual. Então, em situações de
muito estresse, tem pacientes que têm alteração de ciclo", exemplifica a
médica, também obstetra e mastologista da Clínica Mantelli, ao Terra.
Outra possibilidade, também decorrente do estresse, são
alterações na microbiota vaginal, o que leva ao corrimento. Tudo isso só
reforça a importância de manter uma equipe de saúde multidisciplinar para
atender as atletas e promover as melhores condições físicas e mentais para que
elas disputem o título.
Fonte: Ailma Teixeira, Reporter
- divulgação -
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