domingo, 30 de abril de 2023

Onze mitos e verdades sobre o cérebro!

Ao mesmo tempo que o cérebro é o órgão mais importante do corpo humano é também o que menos temos conhecimento. Seu funcionamento – mitos e verdades seguem sendo perpetuados em diferentes contextos.

“São inúmeros mitos sobre o cérebro, o mais conhecido deles é que usamos apenas 10% do cérebro o que também não é verdade. O cérebro é um órgão ativo que fica ligado o tempo todo enquanto estivermos vivos. A cada instante, várias áreas do cérebro estão interagindo por meio das mudanças eletroquímicas que caracterizam os impulsos nervosos. O cérebro funciona em uma constante dança combinada entre áreas em atividade e em repouso”, explicou a neurocientista do SUPERA – Ginástica para o cérebro, Livia Ciacci.

Quais são os mitos e verdades sobre o cérebro?

Seu cérebro está totalmente desenvolvido por volta dos 18 anos de idade. Mito! O desenvolvimento do cérebro continua bem depois da adolescência e na idade adulta. E em particular, o córtex pré-frontal, que é importante para o raciocínio e tomada de decisão, não amadurece totalmente até chegarmos aos vinte e poucos anos.

O tamanho do cérebro determina a sua inteligência. Mito! O cérebro de Albert Einstein pesava menos que o cérebro médio. O cérebro do gênio, no entanto, mostrou-se relativamente com conexões densas entre as áreas do cérebro. Os cientistas atribuem as conexões entre as áreas e sua eficiência para inteligência mais do que tamanho.

O cérebro não sente dor. Verdade! A dor é sentida através de fibras nervosas sensoriais chamadas nociceptores. Curiosamente, o cérebro pode perceber sinais de dor de nociceptores enviados de todo o corpo, mas como o cérebro em si não tem, não sente dor. Se alguém cutucasse o seu tecido cerebral, você não sentiria isso!

Você usa apenas 10% de seu cérebro. Mito! O mito de 10% de uso do cérebro remonta quase um século. Em 2013, 65% dos os americanos acreditaram nesse mito. Na realidade, a menos que haja dano cerebral, a maioria das áreas do cérebro estão ativos o tempo todo, em algum grau.

Algumas pessoas podem sentir gosto de formas e cores. Verdade! O fenômeno, conhecido como cinestesia, vem de uma palavra grega que significa “perceber junto.” Pessoas com essa habilidade podem ouvir, cheirar, provar ou sentir dor em cores. Outros podem provar formas ou experimentar cores ou sensações táteis enquanto ouvem música.

O cérebro consegue ser bom em multitarefas. Mito! Quando pensamos em mitos e verdades sobre o cérebro, pensar o cérebro como multitarefa em termos de tarefas voluntárias que requerem atenção, não é uma boa ideia. Enquanto tarefas involuntárias, como regular o sangue pressão e respiração podem ser feitas simultaneamente, o cérebro não pode atender dois ou mais estímulos em atenção ao mesmo tempo. Em vez disso, o cérebro rapidamente alterna entre as tarefas.

A aprendizagem ocorre quando novas células são adicionadas ao cérebro. Mito! Novas células podem, de fato, ser adicionadas ao cérebro. No entanto, aprender não requer adição de novas células cerebrais. Aprendizado ocorre como as conexões entre o cérebro células mudam. Quando você aprende uma nova habilidade, como uma língua ou um esporte, as células do seu cérebro disparam juntos e criam associações.

O cérebro é o órgão mais gorduroso do o corpo. Verdade! No geral, o cérebro é 75-80% de água. Os outros 20-25% do cérebro é composto por tecido sólido e um mínimo de 60% de gordura.

Você possui uma dominância do lado esquerdo ou direito do cérebro. Isso vai determinar se você é mais criativo ou mais lógico. Mito! Ao contrário da crença popular e de centenas de memes e imagens que perpetuam este mito, os humanos não podem ser categorizados com cérebro esquerdo ou direito. Os talentos como criatividade, processamento de linguagem, habilidade espacial e lógica, requerem um trabalho em equipe integrado de ambos os hemisférios.

Cérebros de meninos e meninas são anatomicamente iguais. Verdade! Não existem diferenças anatômicas entre cérebros de sexos diferentes. As diferenças serão moldadas a partir dos aprendizados e incentivos que as crianças recebem.

Os humanos têm o maior cérebro de todos os mamíferos. Mito! Cachalotes seguram o troféu para o maior cérebro de qualquer espécie viva! Embora os cérebros dos cachalotes sejam cinco vezes maiores que o cérebro humano, humanos ainda detêm o recorde de espécie com o maior cérebro em relação ao tamanho do corpo, também conhecido como “quociente de encefalização”.

Mitos e verdades sobre o cérebro são sempre um assunto pra lá de interessante, mas se entender mais sobre o cérebro pode parecer complexo a especialista dá a dica que envolve três palavras-chave: novidade, variedade e grau de desafio crescente, três pilares da prática de ginástica para o cérebro oferecida pelo SUPERA. “A prática de ginástica para o cérebro, sem dúvida além de outros recursos que proporcionam uma atividade constante e desafiadora para o cérebro são fundamentais. Você pode ainda estudar mais, se aperfeiçoar em algo no seu trabalho ou aprender um hobby novo: existem diversas possibilidades para manter o seu cérebro ativo e, consequentemente, mais inteligente”, concluiu Livia Ciacci, neurocientista do SUPERA – Ginástica para o cérebro.

Para reflexão:

“É difícil limpar toda a rua, mas é fácil varrer a nossa calçada”

Reconheça a sua importância e faça a sua parte.

Você sabia:

Os pássaros voam numa formação em V porque assim economizam energia. O que voa na frente diminui a resistência do ar para os demais e, quando se cansa, é substituído, e assim sucessivamente.

Resposta do desafio de Março

No carro estavam 1 avô, 2 pais, 2 filhos e 1 neto.

Quantas pessoas estavam no carro?

Reposta: 3 pessoas: pai, filho e neto


Desafio de Abril:

Pense rápido:

Uma pirâmide tem norte, sul, leste e oeste. Um galo está no topo da pirâmide e põe um ovo. Pra qual lado o ovo cai?

Resposta na próxima edição


Serviço:


Método Supera - Ginástica para o Cérebro

Responsável Técnica: Idalina Assunção (Psicóloga, CRP 02-4270)

Unidade Madalena

Rua Real da Torre, 1036. Madalena, Recife.

Telefone: (81) 30487906

https://www.instagram.com/superarecifemadalena/


Unidade Boa Viagem

Telefone: (81) 30331695

sexta-feira, 28 de abril de 2023

Workshop do Ballet Couple em Recife!

 

"O Ballet Couple é um projeto idealizado por Larissa Dal’Santo e Luiz Fernando Xavier. Assim, ele tem como principal objetivo criar uma ponte cultural, por meio das experiências de dois bailarinos brasileiros.  

Ambos alcançaram a formação profissional em uma das escolas mais renomadas do Brasil, a Escola do Teatro Bolshoi. Desse modo, eles entraram no mercado de trabalho de dança no exterior, no Teatro Estatal de Ópera e Ballet de Voronej, na Rússia.

A Pré-venda para o Workshop do Ballet Couple vai acontecer apenas no dia 29 de Abril, em comemoração ao dia da dança!

Este ano

https://www.instagram.com/sandrapernambucoballet/

conta com uma melhor e maior estrutura para atender.

Vai ser demais!

Lari e Nando,  https://www.instagram.com/ballet_couple/, dançam pelo mundo. Atualmente são bailarinos do Atlanta Ballet, nos EUA. Demais né? Agora imagina fazer aula com eles, vai ser uma aula repleta de conhecimento!

Garante a sua vaga! As inscrições são feitas via WhatsApp da escola!

terça-feira, 25 de abril de 2023

CONHEÇA O VERDADEIRO CA$H

 Gazeta da Torre

É tempo de compartilhar algo muito especial com você que me acompanha e, de alguma forma, faz parte do que construo! Meio a isso, vale demais a reflexão que trago nas próximas linhas, vem comigo, então!

Começo dizendo que o meu novo livro, o primeiro para o público geral, nasceu e está dando os primeiros passos. Isso mesmo, ele já tem nome e sobrenome: O VERDADEIRO CA$H, e está chegando nas livrarias de todo o Brasil.

E o que representa esse título é muito daquilo que NINGUÉM te contou sobre planejamento financeiro e o mundo do dinheiro. Vou te dizer o que está nas entrelinhas da palavra CA$H. Começa com C de “conhecimento”, a importância de conhecer a sua realidade financeira, o seu perfil, o seu orçamento, conhecimento também dos seus direitos enquanto consumidor, das suas prioridades e tanto mais do que você verá comigo no livro. Uma coisa é certa: quanto mais conhecimento a gente tem, mais sabemos lidar verdadeiramente com o dinheiro.

Já o A é de “atitude”. A importância de ter atitude, correr atrás para realizar os sonhos e metas, dedicar tempo para cuidar disso, se planejar, refletir melhor as decisões, com o objetivo de fazer acontecer, para isso, como você sabe, é preciso atitude.

O $, por sua vez, é direto, significa “dinheiro” mesmo. Pois, com conhecimento e atitude, o dinheiro chega, sim. Você tem base para trazer ele para perto de você, e com dinheiro "na mão", temos ainda mais possibilidades de ampliar o conhecimento, e claro, com mais conhecimento e atitude, é possível multiplicar o dinheiro. Lembrando que $ não é só o que está no bolso, na conta, nos investimentos, bens ou nas dívidas. Aí é que entra o H para fechar O VERDADEIRO CA$H, o H de “hábitos”, eles que influenciam e, muitas vezes, definem o que acontece com o seu dinheiro e com a sua vida. A educação financeira está baseada em hábitos, comportamento e escolhas.

O VERDADEIRO CA$H é um verdadeiro manual para quem quer gerir melhor a vida financeira. Lançado através da Alta Books, uma das maiores editoras do país, a obra tem uma abordagem humanizada em relação ao mundo das finanças, com dicas, insights e reflexões sobre questões do dia a dia da vida financeira, numa linguagem simples e direta.

O VERDADEIRO CA$H tem potencial para ser o seu livro de cabeceira e pode mudar a sua vida! Não perca tempo, já está em pré-venda pela Amazon, ou você pode garantir o seu no lançamento, em Recife, dia 27 de abril, a partir das 19h, na Livraria Leitura do Shopping Rio Mar. Lá, pode receber a sua dedicatória e me dar a alegria de tirar uma foto com você, futuro leitor desse livro escrito com muito carinho e que acumula anos e anos de experiência prática, estudo, milhares de horas de atendimentos em consultorias e mentorias, cursos, palestras e momentos que me permitiram extrair o melhor de tudo para compartilhar nele com você. Espero te encontrar nas linhas de “O VERDADEIRO CA$H”.

Abraço e até a próxima, Leandro Trajano

📡  https://www.instagram.com/personalfinanceiro/

domingo, 23 de abril de 2023

“As simplificações são perigosas”

 Gazeta da Torre

Historiador Boris Fausto

Costuma-se dizer – com uma boa dose de razão – que o Brasil não é para amadores. Nem no fazer político nem para a compreensão mais ampla – e com uma lupa nas mãos – da intrincada trama social, econômica, cultural e política que compõe a genealogia nacional. Nesse sentido, Boris Fausto, morto aos 92 anos no último dia 18, era um dos últimos de uma geração de pensadores e estudiosos que são o paroxismo do profissional que se debruçou na tarefa de entender – e explicar – o Brasil e sua história, gente da estirpe de Caio Prado, Sérgio Buarque de Holanda, Fernando Henrique Cardoso. E conseguiu.

Professor da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP (FFLCH-USP), Boris Fausto foi homenageado tanto pela faculdade quanto pela Reitoria da Universidade – a USP decretou luto oficial por sua morte. “É, de fato, difícil abarcar todo o contributo de Boris Fausto para a produção historiográfica brasileira: das articulações e disputas que levaram à Revolução de 1930, dos processos migratórios, do cotidiano da gente pobre paulista ou do comportamento operário. Cada um desses trabalhos é ímpar e leitura obrigatória para todas e todos que pensam o Brasil do século 20. Toda a geração que veio a seguir a Boris Fausto é dele devedora”, afirma a nota oficial da FFLCH. Já a nota da Reitoria, assinada pelo reitor Carlos Gilberto Carlotti Junior e pela vice-reitora Maria Arminda do Nascimento Arruda, reitera ter sido ele um dos principais historiadores e cientistas políticos brasileiros. De fato, Boris Fausto foi dos mais argutos observadores e estudiosos do Brasil e sua sociedade, com análises fortes e sempre bem fundamentadas.

“As pessoas precisam de simplificações, mas as simplificações muitas vezes são perigosas, na medida em que não dão conta da realidade. Então, há um certo mal, demoníaco, e há um setor salvador, puro. Há um herói salvador, que irá encaminhar o País. Há um representante de Satanás, que vai levar o Brasil para o inferno”, afirmou ele a Roberto D’Ávila, na Globonews, em outubro de 2018, faltando pouco para o Brasil cruzar o umbral numa travessia que durou quatro anos. “O problema é que nem há Satanás, que, se existir, não estará preocupado com o Brasil, pois o Universo é muito grande, nem existem anjos salvadores. Não gosto de dar receitas, mas é uma coisa que a população precisa aprender, para não termos contínuas decepções, que têm sido um pouco a história deste país. Isso não é bom”, avaliou.

Muitas de suas análises, percepções e estudos ganharam forma de livros – duas dezenas, na verdade, fora os 11 da coleção História Geral da Civilização Brasileira, feita em parceria com Sérgio Buarque de Holanda na década de 1990 e depois reeditada nos anos 2000. Pelo menos dois de seus livros se tornaram clássicos: A Revolução de 1930: Historiografia e História, publicado em 1969, e História do Brasil (Edusp), publicado em 1994. Sobre o primeiro, ele tinha um comentário pronto, entre o resignado e o brincalhão: “‘Ah, Boris Fausto. Eu conheço o senhor, o senhor escreveu aquele livro A Revolução de 1930’. Eu escrevi em 1969. Parece que de lá para cá eu não fiz mais nada”, relembrou ele à revista Pesquisa Fapesp em 2011, sem deixar de sublinhar uma certa dose de “destino” nessa questão: Boris Fausto nasceu no mesmo ano da revolução que levou Getúlio Vargas ao poder – e esse seu primeiro livro foi justamente aquele que alavancou sua carreira de historiador, tornando seu nome indissociável do período estudado. A Revolução de 1930 provocou mudanças significativas nas análises sobre o tenentismo e o fim da República Velha, com Boris Fausto vendo nos jovens militares um espírito que “em grande linha, não era democrático”.

Já o segundo clássico, História do Brasil, é o seu best seller. Já vendeu até hoje 130 mil exemplares e teve 14 edições – é o livro mais vendido da história da Editora da Universidade de São Paulo (Edusp). E o autor tinha um especial carinho por este trabalho. “Tenho afeição por ele e acho que foi um marco que pode ser aproveitado. Mas muita coisa ali foi superada, como eu já superei, se fosse escrever uma nova história”, contou certa vez, sempre com um olhar crítico.

Das Arcadas à História

Nada mal para um historiador que, de várias maneiras, poderia ser considerado temporão. Nascido em uma família de origem judia, Boris Fausto não foi um historiador de primeira hora – sua primeira opção, para quem a essa altura ainda não sabe, foi a Faculdade de Direito da USP. Formado nas Arcadas do Largo de São Francisco em 1953, trabalhou por mais de uma década como consultor jurídico da Universidade. Só então enveredou pela carreira que o tornaria um nome respeitado em todas as latitudes. Em 1966, já com 36 anos, graduou-se em História pela antiga Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras, onde se tornou doutor em 1969. “Muito incentivado pela minha mulher, Cynira, resolvi fazer o curso de História. Eu gostava muito de História e achava que o Direito era apenas uma via de sustento, uma via profissional”, revelou ele em depoimento ao Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil (CPDOC), da Fundação Getúlio Vargas.

Mas só em 1988, já aposentado da vida jurídica, começou efetivamente sua carreira como professor universitário no Departamento de Ciência Política da FFLCH, de 1988 a 1997. O curioso é sua explicação para não ter optado pelas Ciências Sociais, e sim pela História, além do gosto pessoal, é claro. Segundo contou à revista Pesquisa Fapesp, ele deixou de lado o curso de Ciências Sociais, mais prestigiado, porque nele estavam muitos de seus amigos intelectuais e Boris Fausto sentia-se constrangido em se tornar aluno deles.

A escolha, obviamente, acabou se mostrando a mais acertada, até porque Boris Fausto pôde, sem as amarras de uma pretensão de carreira (como ele mesmo afirmava), trabalhar com maior liberdade de movimentos. E essa liberdade rendeu muitos frutos encadernados. Mesmo em seus livros sem viés enfaticamente acadêmico ou didático, como Crime e Cotidiano: A Criminalidade em São Paulo (1880-1924), O Crime do Restaurante Chinês – Carnaval, Futebol e Justiça na São Paulo dos anos 1930 e O Crime da Galeria de Cristal, ou seja, apesar de trafegarem pelo romance policial, a História está presente – no caso, a micro-história, na qual o autor reduz sua escala de observação e preocupa-se com as ações humanas e significados não valorizados no painel mais amplo da historiografia. E por que histórias de crimes? “Porque são as coisas que impressionam muito as pessoas. Têm um impacto muito grande. Passam de pai para filho. Mãe para filha. Mas há também crimes que desaparecem e você precisa desenterrar porque eles são muito interessantes”, disse em entrevista ao Programa do Bial.

Seu último livro, publicado em 2021, é Vida, Morte e Outros Detalhes, inspirado pela morte de seu irmão, o filósofo Ruy Fausto, logo no início da pandemia de covid-19. A obra traz um conjunto de memórias e reflexões sobre relações familiares, as rivalidades do afeto, o envelhecimento e a finitude. “Da minha parte, a pandemia fez reviver o passado, que se tornou uma presença cotidiana, e me aproximou, ainda mais, de meu irmão Ruy pela via do divertimento. Sua morte inesperada e essa aproximação me impulsionaram a escrever este livro, passo a passo, sem um esquema prévio”, escreveu ele no início do volume.

Sobre a morte, Boris Fausto costumava reproduzir uma citação de Elias Canetti, romancista e ensaísta britânico de origem búlgara: “Eu odeio a morte. Vou lutar até o fim contra ela, embora eu saiba que vou perder”. Perdeu? A História diz o contrário.

Jornal da USP

- divulgação -

terça-feira, 18 de abril de 2023

'Divórcio grisalho': o crescente fenômeno das separações após décadas de casamento

 Gazeta da Torre

A mexicana Aída Sedano virou celebridade no TikTok. Esta mulher de 76 anos não faz dancinhas da moda nem canta, mas seus vídeos — nos quais conta, por exemplo, como é fazer compras sem o marido — ultrapassaram 3,5 milhões de visualizações.

Mãe de três filhas e avó de seis netos, Sedano se separou do marido americano há nove anos, após quatro décadas de casamento.

"Quando o relacionamento não estiver funcionando mais, deixe o vento soprar e levar os restos do seu caminho. E viva. E comece a viver", disse à BBC News Mundo, serviço de notícias em espanhol da BBC, a dona da conta @aidasedanolaabuela, que tem mais de 115 mil seguidores na rede social.

A frase dela resume o pensamento de muita gente em um momento em que, de uma maneira geral, as pessoas vivem mais e chegam em melhores condições de saúde física e mental a idades que anos atrás eram vistas como avançadas.

A tendência é tão popular que levou pesquisadores americanos como Susan L. Brown a cunhar um termo para o fenômeno: "divórcio grisalho".

O termo costuma se referir ao divórcio de pessoas com 50 anos ou mais que decidem deixar seus parceiros após muitos anos de casamento.

"O divórcio não é mais visto como algo tão estigmatizado como poderia ser no início, parece muito mais normal", explica a psicóloga e escritora Silvia Congost.

"Como o divórcio é mais normalizado, ele também está mais presente nessas idades."

"Além disso, a expectativa de vida está aumentando. Quando chegamos aos 65 anos, temos em média duas décadas de vida pela frente, e se alguém não está feliz, não quer mais se contentar com isso. Sabe que tem mais opções."

De acordo com um estudo de Susan L. Brown, que codirige um centro de pesquisas sobre casamentos e famílias na Universidade Estadual de Bowling Green, nos EUA, o número de divórcios grisalhos dobrou entre 1990 e 2010 no país.

Há uma geração, menos de 10% dos divórcios envolviam cônjuges com mais de 50 anos. Hoje, mais de 25% dos divorciados têm mais de 50 anos.

No Brasil, em 2021, 25,9% das pessoas que tiveram divórcio confirmado na primeira instância da Justiça ou via escritura tinham mais de 50 anos, segundo levantamento da BBC a partir de dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Em 2019, o percentual foi ligeiramente menor — 25,2%. A reportagem não conseguiu acesso a dados de anos anteriores com a mesma metodologia.

Ainda de acordo com um relatório do IBGE, em 2021, na data do divórcio, os homens tinha em média 43,6 anos e as mulheres, 40,6 anos de idade.

Enquanto isso, em 2010, o tempo médio entre a data do casamento e a data da sentença ou escritura do divórcio era de cerca 16 anos. Em 2021, esse intervalo diminuiu para 13,6 anos.

No México, o número de pessoas que se divorciaram com mais de 50 anos aumentou em dez anos, passando dos 10.531 divórcios registrados em 2011 para 28.272 em 2021, segundo dados do Instituto Nacional de Estatística e Geografia (INEGI).

Na Espanha, outro exemplo dessa tendência, 34.449 pessoas com mais de 50 anos se divorciaram em 2021, em comparação com as 24.894 registradas em 2013, segundo dados oficiais.

'No tempo que me resta, não quero problemas'

"Quando chega a aposentadoria, cada vez mais casais não querem mais ficar juntos", analisa Sacramento Barbas, mediadora e psicóloga da fundação ATYME, pioneira na implementação de técnicas de mediação na Espanha.

Algumas frases que ela e seus colegas mais ouvem incluem: "no tempo que me resta de vida, não quero ter problemas" e "não reconheço meu companheiro, é como se fosse outra pessoa".

Mas, segundo a psicóloga, "às vezes são os filhos adultos que colocam impedimentos, porque não querem que os pais se separem".

A psicóloga argentina Beatriz Goldberg, especialista em crises individuais, diz que pessoas que passam por divórcios grisalhos muitas vezes entram em novos relacionamentos com expectativas diferentes.

"Tem gente que sente que o novo parceiro é mais para curtir, e o outro era para construir uma família", diz Goldberg, autora do livro Me separé y ahora qué ("Me separei, e agora?", em tradução livre).

A meia-idade é marcada por importantes transições na vida. Os filhos crescem e saem de casa, enquanto as carreiras podem ficar para trás com a aposentadoria.

Sem a rotina diária de cuidar dos filhos e as longas jornadas de trabalho, os cônjuges podem descobrir que têm pouco em comum.

O divórcio grisalho não costuma ocorrer por conta de um acontecimento específico, mas é fruto de um distanciamento, explicam os especialistas.

Além da normalização do divórcio, temos hoje também a valorização da independência das mulheres.

"Nós, mulheres, percebemos que não temos que tolerar certas coisas que nossas avós toleravam. Aquele modelo de família em que um sustenta o outro não é mais tão necessário", explica Silvia Congost.

"Se você não está feliz, sabe que não precisa aguentar mais. O nível de tolerância em alguns casos é menor."

Separação aos 65 anos

Aída Sedano se casou aos 24 anos, mas logo percebeu que casamento não era o que ela pensava.

Trancada em sua casa em Tijuana o dia todo com as filhas e obrigada a parar de trabalhar como professora rural, profissão que amava, ela viu os anos passarem.

A mexicana Aída Sedano

"Eu conversava com minhas tias e dizia que não gostava daquele relacionamento, que ele não vinha para casa, que bebia, que gastava muito. E todo mundo me dizia: Você tem uma casa boa, você tem bons móveis, você se veste bem. Não falta nada", conta ela à BBC News Mundo.

Quando Sedano finalmente se mudou para San Diego com o marido, ela conseguiu voltar para a universidade para estudar pedagogia, aos 45 anos.

"Quando voltei para a universidade foi que comecei a aprender que nós, mulheres, tínhamos direitos, que o mundo havia mudado."

Finalmente, aos 65 anos, ela decidiu deixar o marido — o que ela reconhece ser um caminho "muito difícil".

"A dor chega até à medula óssea."

“Sou uma senhora normal que sofreu e que encontrou nos vídeos uma forma de se conectar, de ter amigos”, diz ela sobre sua conta no TikTok.

Fonte: BBC News Mundo

- divulgação -

segunda-feira, 17 de abril de 2023

Quem não conseguir utilizar IA como ferramenta terá dificuldade para se manter no mercado

 Gazeta da Torre

O professor Edison Spina, Departamento de Engenharia de Computação e Sistemas Digitais e coordenador do Centro de Estudos de Sociedade e Tecnologia da Escola Politécnica da USP, prevê que a grande maioria das profissões seja afetada pelas tecnologias de inteligência artificial

O desemprego tecnológico caracteriza-se como a perda de emprego gerada pela introdução de novas tecnologias no processo produtivo. Com o maior desenvolvimento das Inteligências Artificiais (IA), diferentes especialistas passaram a analisar o limite desses sistemas e a forma como podem afetar as relações trabalhistas humanas.

Segundo, o professor Edison Spina, esse desemprego tem como característica a falta de preparo do trabalhador para o que está sendo introduzido no mercado, assim, o que costuma acontecer é a substituição desse indivíduo.

Questões

A introdução de novas tecnologias no mercado de trabalho normalmente acontece para trazer um maior número de benefícios a diferentes ocupações. “Ela traz eficiência, ajuda a baratear a produção, aumenta o lucro final, auxilia na criação de novos produtos no mercado, entre outros. Nós temos um histórico muito longo de tecnologias indo para o mercado, mas existem custos para esse processo, pessoas são deixadas no caminho”, explica Spina.

O professor comenta também que as inteligências artificiais apresentaram um avanço muito rápido, fator que provoca fascínio e medo em alguns dos especialistas: “Coisas que esperávamos que fossem ditas por pessoas muito preparadas começam a ser articuladas, e sintetizadas, a partir de um robô. Temos trabalhos escolares e pesquisas científicas sendo preparadas sem erros de português, apesar de não realizarem essas funções como uma pessoa faria”.

A criatividade é outro tópico levantado quando abordamos o uso de tecnologias associadas ao trabalho. Segundo Spina, a IA é capaz de fazer alguns trabalhos criativos, mas é necessário que esteja direcionada, ou seja, as pessoas precisam aprender a fazer as perguntas certas para que funcione da melhor forma. “Eu acredito que é aí que o desemprego irá acontecer, quem não conseguir utilizar novas técnicas como ferramenta não terá a possibilidade de se manter como ferramenta. Eu não pretendo trazer nenhuma solução para essa questão em um horizonte curto”, discorre o professor.

Futuro

É provável que a grande maioria das profissões seja afetada pelas tecnologias de inteligência artificial. Para o especialista, em um primeiro momento, os trabalhos serão impactados ao utilizar essas tecnologias como ferramentas. O professor comentou também que o futuro desses serviços é muito imprevisível: “Há pouco tempo atrás, eu acreditava que as inteligências artificiais eram algo superficial e, em seis meses, a temática assumiu uma escala muito grande, isso porque ela se tornou acessível para todo o mundo. O que teremos daqui para a frente é a sofisticação desses aparelhos. O impacto é, sem dúvidas, crescente”.

Fonte: Jornal da USP

- divulgação -

domingo, 16 de abril de 2023

Restaurante João da Carne de Sol - Delícias regionais!

 

- Rua José Bonifácio, 385 - Madalena, Recife/PE. 

Telefone: (81) 3446-7098;

- Rua Tamboril, 11 - Cordeiro, Recife/PE. 

Telefone: (81) 3228-8352 / 99606-5506;

https://www.instagram.com/joaodacarnedesol/

quinta-feira, 13 de abril de 2023

Sobre homicídios e ataques em escolas e creches

 Gazeta da Torre

Por Bruno Paes Manso, pesquisador do Núcleo de Estudos da Violência da USP

Pesquisador Bruno Paes (Foto:ESTADÃO)

Apesar de pesquisar e escrever sobre violência há tantos anos, eu reajo como qualquer um diante de tragédias como os assassinatos ocorridos na creche em Blumenau e na escola de São Paulo. Sou dominado pela raiva diante da covardia abjeta e pela sensação de impotência; pelo desejo de encontrar uma solução mágica para que casos como estes nunca mais se repitam. É humanamente intenso: colocamo-nos no lugar dos pais, sentimos uma dor parecida porque pensamos em nossos filhos, e tudo se torna insuportável. Nesses dias, fujo dos noticiários para diminuir o turbilhão de sentimentos deprimentes.

Em algum momento, contudo, precisamos deixar as emoções de lado na tentativa de compreender, com um mínimo de racionalidade, o que pode estar por trás dessa onda de ataques, em toda sua complexidade. É a única maneira de refletirmos sobre as melhores estratégias e políticas públicas para lidar com o problema. As medidas populistas, inevitavelmente, aparecem em momentos de desespero e medo. É compreensível, mas pensar com o fígado não funciona.

Estamos diante de uma série de ocorrências que têm um padrão. Apesar das especificidades de cada caso, existem semelhanças relevantes que indicam causas comuns. São crimes feitos por homens, que agem motivados por uma crença que oferece sentido aos atos odiosos que praticam. São ocorrências que estão crescendo no Brasil e que já ocorrem nos Estados Unidos há mais tempo.

Não se trata de mera loucura. A agressão resulta de uma leitura de mundo compartilhada entre os agressores, disseminada nos ambientes confinados e virtuais nos quais eles se encontram, que vem ampliando um tipo de comportamento que antes era excepcional, mas que atualmente faz a cabeça de certas masculinidades confusas e perdidas. Os próprios crimes podem acionar gatilhos e incentivar imitações, no chamado efeito bocejo, que também acontece nos casos de suicídios, altamente contagiantes.

Essas redes funcionam como seitas, com seus próprios ídolos e bodes expiatórios. Se antes esses esquisitões viviam isolados em seu mundinho, com o surgimento das redes sociais, eles passaram a trocar suas impressões distorcidas da realidade em ambientes virtuais, sentados no sofá de casa, diante de seus computadores ou celulares, sujeitos a serem manipulados. A nova tecnologia das redes e a valorização da agressividade e da revolta pelos algoritmos foram fundamentais para a construção dessas identidades violentas e suicidas.

O senso comum costuma associar violência com irracionalidade, loucura, baixo autocontrole, dificuldade de dialogar. Mas esses atos, quase sempre, são direcionados pelas histórias que ouvimos e contamos sobre a nossa própria realidade. Consensos de cunho moralista definem culpados e inocentes, separam o certo do errado, estabelecem quem deve pagar pelo nosso sofrimento ou desaparecer para que o mundo seja um lugar melhor. Assim, conforme as circunstâncias, a agressividade pode se voltar contra certos alvos, que acusamos como responsáveis pelos nossos infortúnios.

No caso do Brasil, existem diversas motivações e discursos que vêm levando pessoas a se matarem, narrativas que já se formavam bem antes das redes virtuais. São criadas a partir de histórias compartilhadas no contexto em que vivem os assassinos. A maioria dos homicídios nos bairros com as taxas mais elevadas no Brasil, por exemplo, ocorre em ambientes de desordem, em que a justiça formal não chega, repletos de conflitos motivados pela competição em torno do lucro oferecido por um mercado ilegal milionário, entre pessoas armadas, que disputam poder e território à bala.

Essa percepção de desordem produz discursos em defesa dos assassinatos, que se disseminam rapidamente entre aqueles que participam desse meio. Cada homicídio tem potencial de produzir vinganças ininterruptas. As mortes violentas passam a ser justificadas como necessárias para a sobrevivência, criando um universo dividido entre aliados e inimigos. Dessa forma, criam-se justificativas em defesa da morte dos rivais, promovendo um tipo de comportamento contagioso e autodestrutivo. Entrevistei diversos homicidas e eles sempre defendiam as mortes que praticavam, como se as vítimas fossem culpadas.

Com os feminicídios, ocorre lógica parecida. Antigamente, esse tipo de crime era chamado de passional, porque associado à forte emoção do agressor, quase sempre um homem, como se a decisão de matar fosse causada por um apagão racional. Existe, claro, uma dose de destempero e emoção nessas ações, mas a causa determinante decorre de uma leitura tradicional, machista e misógina do mundo, de assassinos que enxergam as vítimas como um objeto em seu poder, que pode ser destruído quando se revela dona de seu próprio destino. A permanência dessas crenças e discursos é uma das causas principais desse comportamento violento, que torna o Brasil um dos países com as taxas mais elevadas de feminicídios, problema que persiste como uma das grandes chagas das famílias brasileiras, já que o trauma desse tipo de assassinato continua causando dores ao longo de gerações.

No caso dos massacres nas escolas, quais são as crenças dos assassinos? Como os discursos são articulados? Como eles se propagam? Qual o significado dessas mortes para os assassinos? Algumas respostas são mais simples do que outras.

Um dos aspectos mais evidentes é o papel das redes sociais na criação do ambiente em que essas crenças e discursos se propagaram. Cada assassino pode ter seus próprios dramas, dores, dificuldades, armas e alvos. Mas a construção do desfecho fatal se potencializa no ambiente virtual. Confinados em suas bolhas de desajustados, pinos redondos em buracos quadrados, seus participantes cozinham seu ódio e articulam ações simbólicas e suicidas capazes de extravasar a raiva que sentem, agredindo o sistema e o mundo, como se quisessem revidar o mal-estar que eles sempre sentiram.

Difícil saber até que ponto essa raiva é real ou forjada nos devaneios dos ambientes virtuais. O massacre nas escolas, nesse sentido, seria uma espécie de vingança. Outra coisa é certa: o prêmio buscado pelos assassinos é ser lembrado como o herói dos renegados, conquistando fama e respeito entre seus iguais. Mais ou menos como os homens-bombas que não se importam com a própria morte, porque serão premiados na eternidade.

Esse tipo de ambiente cultural violento, que invadiu o cotidiano e também a política, passou a crescer e a se diversificar por causa das redes socais. A tecnologia juntou iguais, para o bem e para o mal, premiando os excessos em detrimento da moderação; ressuscitou ideias nazistas, racistas, homofóbicas etc. Os estragos ficam pelo caminho. Bolhas passaram a brigar umas com as outras, cada qual com seu pacote de verdades. A comunicação e a cultura começaram a gravitar em torno desses conflitos entre as bolhas, prejudicando o ambiente do diálogo, fundamental para a qualidade das políticas públicas.

Parece óbvio, mas a solução terá que passar pela regulação das redes. A sociedade civil e as instituições precisam pensar em formas de retomar o controle cultural da sociedade, escapando dos dispositivos que transformaram a vida numa arena de gladiadores lutando em defesa de suas verdades. É preciso encontrar meios para mediar a ação dos algoritmos, que garantem mais lucros a suas empresas quanto maior a intensidade dos conflitos entre seus participantes. Teorias conspiratórias, um mundo dividido entre vilões e mocinhos, o medo de uma ameaça invisível, o apocalipse, a necessidade de encontrar culpados. Nossas conversas e preocupações se voltaram para a realidade ficcional dos ambientes virtuais e a esfera pública se tornou um ambiente sufocante.

Os massacres nas escolas são apenas um dos efeitos dessa nova condição comunicacional e cultural. Os grandes conglomerados de tecnologia, que lucram com a propagação da violência e da incivilidade, devem assumir a responsabilidade sobre esses problemas que ajudaram a criar e que os tornam tão ricos e poderosos. Mas será que a sociedade civil e os governos encontrarão meios para levar essas empresas a abrir mão de tamanho poder? Não sei. A discussão já está posta, com diversos especialistas pensando em como pacificar a guerra das bolhas nas redes, controlar os discursos que fazem apologia ao crime, sem prejudicar a liberdade de expressão. Não que seja simples. Será que existem formas de desmontar essa engrenagem que produz discursos de ódio contra nós mesmos? Será que os conflitos são necessários para dar sentido a vidas cada vez mais vazias? Também não sei, mas o que nos resta é acreditar na capacidade da humanidade de sair das armadilhas que cria para si.

Fonte: Jornal da USP

- divulgação -

segunda-feira, 10 de abril de 2023

Dança do Ventre

Sandra Pernambuco Escola Internacional de Ballet

- Há 18 anos promovendo arte-educação e realizando sonhos!

- Metodologia Vaganova

- Escola Internacional de Ballet

- Certificada pelo CID&Bolshoi

 https://www.instagram.com/sandrapernambucoballet/

MATRÍCULA  (81) 9 96189475.

Falha na EDUCAÇÃO facilita avanço do movimento anticiência no país

 Gazeta da Torre

A astrônoma e consultora da Nasa,
Duília de Mello

A sociedade precisa de cidadãos que entendam e apreciem a ciência. Mais do que isso, que compreendam a importância de se investir na área via recursos governamentais, tendo em vista que a maior parte das pesquisas é gerada em instituições e laboratórios públicos. Duília de Mello, astrônoma e consultora da Nasa, lembra que, como no mundo todo a ciência é financiada com dinheiro dos impostos, é fundamental que o cidadão entenda o papel do investimento.

Duília, também professora titular de Física na Universidade Católica da América, nos Estados Unidos, explica que é preciso motivar os alunos a entender que até mesmo coisas que pareçam distantes têm um peso grande no cotidiano e, por isso, dependem da ciência para mais avanços. “Um GPS, uma luz de LED, o celular e todo este avanço tecnológico dos últimos milênios, por exemplo, são frutos da ciência e do conhecimento humano.”

Confira, a seguir, alguns destaques da entrevista do canal UM BRASIL – uma realização da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP).

O movimento anticiência e a relevância da divulgação científica

Segundo a astrônoma, há, no País, uma falha educacional em curso, a qual não se percebeu (ou, se percebida, não houve ação contrária). “O nosso estudante não tem pensamento crítico ou embasamento suficiente para provar que a Terra não é plana, por exemplo. Então muitos são facilmente convencidos de que é plana.”

Para ela, este déficit deságua inclusive no movimento antivacina – que a pandemia evidenciou. “O fato de a educação não trazer isso para a escola, e o estudante não saber o poder da vacina e quão boa para a humanidade ela tem sido, é que causa este movimento anticiência.” Duília ainda pontua que é essencial rever o currículo escolar desde a infância, para que as crianças já aprendam a desenvolver senso crítico.

Ciência no Brasil

A situação dos cursos de pós-graduação no País é grave, segundo a astrônoma, diante da falta de recursos para a compra de equipamentos e para subsidiar o que é necessário para o desenvolvimento de pesquisas de qualidade. “Eu fiz graduação, mestrado e doutorado sempre com bolsa – e bolsa para tudo. De repente, nos últimos anos, tudo o que me possibilitou ter esta carreira, muitos não tiveram. É muito triste ver isso, ver meus colegas com dificuldade de manter projetos atuantes.”

Volta à Lua

Há uma grande chance de que uma futura missão à Lua seja mais representativa, sobretudo com a presença de pessoas não brancas e asiáticos. Duília explica que, conforme afirmou a vice-presidente dos Estados Unidos, Kamala Harris, o primeiro astronauta internacional a integrar a missão será um japonês. “Isso é muito marcante, vai além da nossa capacidade de entendimento do que representa.”

Fonte: UM Brasil

- divulgação -

A OSTEOPATIA não é uma técnica de tratamento - Ela é um CONCEITO!

Studio Gabriela Fradique

Se você já tentou de tudo e teve que se render a remédios, fale comigo, sou especialista, agende a sua consulta comigo- 81 9 8133-0505 (LINK na bio  https://www.instagram.com/studiogabriela.fradique/ ), irei focar em como agir corretamente no porqué das suas dores, tratando da maneira correta e eficaz, como você e o seu corpo merece.

Dentro da visão Osteopática, o mais importante é a avaliação.

Entender as causas, reconhecer as partes do corpo envolvidas dentro de um sintoma e diagnosticar, de fato o que está acontecendo é fundamental para um tratamento bem sucedido.

Temos o reconhecimento da autocura e da habilidade de autorregulação do seu corpo.

quinta-feira, 6 de abril de 2023

REGISTRO Gazeta da Torre 02/04/2023

 Gazeta da Torre

Fidelis e amigos
na Confraria dos Chifrudos

O empresário Fidelis Moliterno (Gás Bras) e amigos visitam a Confraria dos Chifrudos do Sr Fernando Correia, Mercado da Madalena, Recife/PE.

O Sr Fidelis e amigos valorizam a importância do lazer para o bem estar, que é uma coisa muito importante, para termos uma qualidade de vida cada vez melhor.

Para alguns, ele pode ser um descanso, uma mera válvula de escape, e para outros ele pode ser momentos de construir boas relações. E no Mercado da Madalena essas chances são grandes.

Livro resgata origens históricas da moda ativista feita por negros no Brasil

 Gazeta da Torre

Lançada pela USP, obra destaca atuação de jovens negros e marginalizados que, desde a Conjuração Baiana, expressam uma consciência política por meio do vestuário

Maria do Carmo Paulino dos Santos já era uma desenhista industrial experiente quando começou um tratamento para se curar de um dano grave no couro cabeludo, causado pelo excesso de alisamento. Negra, ela conta que precisava manter o cabelo alisado para ser menos estigmatizada no mercado de trabalho. “Eu estava em um processo depressivo, tentando o mestrado na USP, e me identifiquei com a Marcha do Orgulho Crespo”, evento que ocorreu pela primeira vez em São Paulo em 2015. “[A marcha] veio pautar o racismo com a valorização da estética negra”, destaca Maria do Carmo que, a partir desse movimento, passou a trabalhar a ideia da “moda afro-brasileira” em seu negócio e em seus estudos.

Dona da primeira dissertação da USP que utiliza este termo, agora a pesquisadora lança o livro Moda afro-brasileira é design de resistência da luta negra no Brasil pela Coleção Caramelo, que reúne escritos da produção acadêmica da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da USP. Publicada no final do ano passado, a obra deverá integrar o catálogo disponível no Portal de Livros Abertos da USP.  

Maria do Carmo Paulino

Atualmente, Maria do Carmo é doutoranda em Design pela FAU e em Comunicação e Semiótica pela Pontifícia Universidade Católica (PUC) de São Paulo. Em seu primeiro livro, a autora reúne textos sobre a moda feita por pessoas negras no Brasil contemporâneo. Ela propõe que esta moda se apresenta no cotidiano como linguagem de expressão nas roupas e no design de joias. Para isto, ela apresenta o conceito de “moda afro-brasileira”, trabalhado por ela desde o mestrado. Já utilizado no mercado da moda, o termo se refere ao novo segmento originado pelo ativismo de jovens negros e periféricos, que resgatam o legado da cultura e da resistência negra para expressar uma consciência política.

“A gente carrega uma intenção na escolha do que vestir. E é nesse vestir que a gente conta, imageticamente, um pouco da nossa história”, destaca a pesquisadora, que também lança mão de fundamentos históricos e comportamentais do período da invasão colonial para contextualizar seu pensamento. “A pesquisa que estrutura o livro reflete a luta e a coragem negra em todos os períodos da história brasileira, coragem em resistir e em jamais sucumbir ao projeto de dominação colonial branco”, afirma Ana Barone no prefácio da obra. A urbanista especialista em relações raciais é orientadora de Maria do Carmo no doutorado pela FAU. 

Para Ana Barone, o livro de “Duca”, como também é conhecida Maria do Carmo, tem um tríplice caráter: estilístico, histórico e político. “Eu percebi que na marcha [do Orgulho Crespo], o pessoal se produzia para ir, se manifestar e enunciar: ‘Abaixo a ditadura da chapinha!’; ‘mulher negra resiste!’. Então eu também trouxe a questão da linguagem narrativa discursiva para esse trabalho”, conta Do Carmo.

Além de resgatar momentos históricos importantes protagonizados por pessoas negras da sua linhagem de ofício – como a Revolta dos Alfaiates –, a obra faz uma análise da moda “nós por nós” desde seus registros nas faculdades de moda até a passarela mais famosa da América Latina, a São Paulo Fashion Week (SPFW). Apesar de enxergar uma certa abertura das grandes marcas para modelos e criadores negros, Duca acredita que o mercado da moda se apropriou da potência negra e periférica para sobreviver à crise. “Porque a moda gira a economia. A roupa de terreiro em si não é uma roupa ‘da moda’; é uma roupa litúrgica. Mas ela vai ter detalhes produzidos em larga escala, e vai transitar neste meio como uma referência identitária”, afirma. Ao Jornal da USP, Maria do Carmo explica que elementos do modo de vestir negro passaram a circular mais em um momento em que diversas marcas fecharam seus parques industriais.

Recessão e exceções

O ano de 2015 ficou marcado na economia brasileira por uma das piores retrações dos últimos 25 anos. Naquele ano, o setor de produtos têxteis recuou 13,7% com um PIB encolhido em 3,8%. A maior queda desde a contabilização, em 1996, pelo IBGE. O clima de incertezas no cenário político afetou não apenas a economia, como também estremeceu a autoridade de algumas marcas que ditavam as tendências estéticas. “Quando Gisele Bündchen encerra a carreira surgindo pela última vez na passarela daquele desfile para a Colcci, cheio de modelos brancos, a Fashion Week estava perdendo força”, destaca Maria do Carmo que trabalhou nos backstages nas origens da SPFW, quando ainda se chamava “Morumbi Fashion Week”.

No ano seguinte, Emicida e seu irmão Fióte ocupam a mesma passarela na estreia de sua marca, LAB, com modelos plus size e um casting predominantemente negro. “Ele abre o desfile colocando a periferia no centro. E ainda cantou: ‘Fiz com a passarela o que eles fez com a cadeia e com a favela: enchi de preto’. Foi uma grande sacada”, avalia a pesquisadora. Ela lembra, porém, que a partir da edição seguinte, a SPFW amplia os modos de apresentar a moda experimental feita no Brasil, e adota o modelo “pague para entrar”. “Os convites não eram cobrados, mas eram muito disputados. Mas não só isso. A partir do momento em que a periferia consegue um espaço, eles começam também a identificar os influenciadores digitais para poder alavancar o evento”, afirma.

Mesmo assim, a mestre em Têxtil e Moda não vê nas grandes passarelas uma moda criativa e um produto consistente. “Eu acho que o pessoal tem muita dificuldade para fazer o desenvolvimento de um produto de moda, sabe? Não basta misturar peças aleatoriamente e colocar um corpo negro. É preciso contar uma história e saber fazer uma boa modelagem”, destaca Maria do Carmo, que criou o Ducaduca em 2005, ateliê especializado em moda afro-brasileira e moda praia plus size. A designer também idealizou projetos de desfiles de moda “Afro” e de processos criativos em resíduos têxteis, para estimular a geração de renda de mulheres nas periferias das zonas sul e norte, onde mora.  

Mãos negras

Quase cem anos antes da Lei Áurea, em 1798, a luta por liberdade e igualdade de direitos marcou a história do Brasil com sangue negro. A Revolta dos Alfaiates, movimento que também ficou conhecido como Revolta dos Búzios e Conjuração Baiana, atraiu a atenção e conseguiu o apoio de diferentes camadas populares como médicos, militares e clérigos. No bojo de outros movimentos sociais organizados na França e no Haiti, a Revolta dos Alfaiates costurava suas articulações políticas nos ateliês de jovens alfaiates negros. A partir do desejo de um País livre da escravidão, marginalizados e sonhadores almejavam também a emancipação do Brasil.

“Eu vejo que esse movimento de moda-ativismo, que tanto falamos hoje, começou lá atrás com João de Deus e Faustino Lira, antes mesmo da Revolta dos Malês. Eles faziam a alfaiataria da corte portuguesa, mas foram enforcados e esquartejados em praça pública porque queriam a liberdade das pessoas negras”, lembra Do Carmo. Em seu livro, a modelista destaca as habilidades de que dispunham esses profissionais, que, com criatividade e domínio da técnica, traçavam o modelo do corte diretamente sobre o tecido.

“Infelizmente, a história da moda brasileira é contada por um viés europeu e a partir do século 19”, aponta a pesquisadora. Apesar de plenamente capazes e habilidosos no feitio de vestuários e joias, os negros brasileiros foram impedidos de realizar ofícios de mestre durante o período colonial. De acordo com Maria do Carmo, seu conhecimento e contribuição configuram atos de resistência, ainda hoje invisibilizados.

Fonte: Jornal da USP

- divulgação -