Uma soma de interesses nos move e muitos delesexpressam claramente quem
somos; revelam nosso caráter e não raras vezes ocupam nosso tempo de forma tão
pragmática que não percebemos. Se a vida fosse resumida à busca do trabalho
para a sobrevivência, ainda assim, teríamos como elenco a completar os nossos
dias, algumas escolhas desnecessárias ou, no mínimo, passíveis de substituição.
No entanto, a vida vai além dos requisitos de ordem material e é justamente nesse
aspecto que ocorre o foco para o qual converge nossa visão de mundo, pensando
no hoje e no futuro para evitar desperdícios.
Para se ter uma ideia do quanto nos pesa um desperdício, não basta falar
daquele tempo que passamos numa fila, aguardando o atendimento; daquela rota no
trânsito que nos gerou atraso; do serviço contratado que apresenta baixa
qualidade; do elevador que demora, ensejando a celeridade através da subida
pela escada; do sorteio de que participamos com mínimas chances de ganhar.
Primeiramente, é forçoso levantar algumas considerações, haja vista que
muitas pessoasatribuem à palavra“desperdício” um conceito equivocado dentro do
aspecto educacional. Por exemplo: ainda que seja demasiado cansativo, sempre
será válido e oportuno direcionar uma criança, um jovem ou um adulto para o
caminho correto; cuidar de uma criatura, seja em estado vegetativo ou não;
cultivar adequadamente uma semente, mesmo que ela cresça e dê frutos para o
lado da casa do vizinho; dar o melhor de si, até para aqueles que não nos podem
retribuir; fazer um piquenique com a família, os amigos e a chuva também
marcando presença. Nada disso é desperdício.
Mas afinal, o que é desperdício? Quando ocorre? Como combatê-lo?
Materialmente falando, ele está em tudo o que descartamos sem razão, sem
necessidade ou sequer consciência de reaproveitamento. É lamentável dizer que o
lixo é luxo, sob o ponto de vista do poder da reciclagem de materiais orgânicos
e inorgânicos, ainda muito desdenhado, malgrado o trabalho incessante de propagação
de informações relacionadas ao tema, pelos meios de comunicação de massa.
Associado, frequentemente, a perdas, o desperdício pode ser de natureza
subjetiva, quando negligenciamos sobretudo o tempo, empregando-o com
futilidades, interesses ilícitos, ações egoístas ou vivendo nesse mundo como
frequentador de um parque de diversões.
Portanto, nas mínimas quanto nas grandes coisas, analise o que você faz,
pensa ou diz. Não gaste neurônios com iniciativas que geram situações difíceis
de administrar. É comum verificar que as necessidades sempre crescem,
entretanto, para cada uma delas, avalie se você está jogando algo fora. Além do
tempo, sua escolha pode estar destruindo sua saúde, suas perspectivas de
futuro, seus sonhos, oportunidades de desenvolver a gratidão, a generosidade e
o amor. Lembre-se daqueles que não têm, ou têm quase nada; sendo que, para
todos nós, o desperdício é um desfavor que hoje ou amanhã cobrará juros altos. Reflita!!!
Evalda Carvalho - Escritora e Colaboradora do Gazeta da Torre
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