Quanto mais carros são produzidos, mais carros são vendidos e, consequentemente, mais carros aparecem para ocupar os poucos espaços que ainda restam em bairros como os nossos, Torre e na Madalena, mesmo com a crise. Foi pensando nessa situação que algumas pessoas já estão começando a investir, convertendo a área que possui em estacionamento. Alguns espaços já contam com Lava Jato, Câmeras de Vigilância, Vigia e preços atrativos para não deixar seu carro dormindo na rua.
Mas, o que levam a ser, hoje, os estacionamentos, os
novos vilões da mobilidade urbana? O homem gasta quase duas vezes mais recursos
naturais do que é capaz de gerar. Analisando essa frase, a previsão em relação
ao futuro soa pessimista. No que diz respeito ao Brasil, pesquisas afirmam que
as nossas metrópoles têm uma dívida enorme quando o assunto é desenvolvimento
sustentável, e esse processo se arrasta há décadas. Por isso, faz-se necessário
criar novos paradigmas no desenvolvimento urbano das cidades. É nesse momento
que a proposta de novos planos para um desenvolvimento sustentável faça toda a
diferença.
São necessários importantes avanços e o principal deles
está no fato de pensar a cidade a partir do cidadão, e não do automóvel.
Projetos que defina uma série de regras sobre o que pode ou não ser instalado
em cada bairro da cidade; apresentar novas diretrizes para a mobilidade urbana,
para a construção civil e para a geração de empregos. O ponto mais relevante do
plano poderia ser a criação de mecanismos que efetivamente podem garantir a
prioridade para o transporte coletivo.
Para o professor de Política e Transporte, e Doutor em
Economia dos Transportes, Bruno Faivre D'Arcier, os melhores resultados em
relação à mobilidade urbana aconteceram nas cidades que aplicaram medidas para
restringir a velocidade dos automóveis e para aumentar o custo dos
estacionamentos na região central.
“Ao aplicar as restrições, há uma internalização dos
custos sociais do automóvel. Quando saio no meu carro, estou emitindo poluentes
e todos estão pagando por isso. Ao deixar o meu carro estacionado o dia inteiro
no local de trabalho, estou ocupando um lugar, que é público, privadamente.
Então, se forem criadas formas de cobrar do usuário do automóvel os custos que
ele está produzindo, é somente uma questão de justiça”, defende o professor
Paulo César Marques da Silva, coordenador da pós-graduação em transporte da
Universidade de Brasília (UnB).
“Não se pode criar restrições ao uso do automóvel sem
oferecer mobilidade para quem não está usando o automóvel. Senão, há um
comprometimento do direito de ir e vir. É preciso investir na mobilidade das
cidades para que a liberdade de viver não seja comprometida”, avalia Marques.
De acordo com o professor, as duas medidas devem ser implementadas de forma
simultânea – tantos as restrições ao transporte individual, como o investimento
em alternativas para os deslocamentos. Assim, na avaliação de Marques, a
migração do transporte individual para o transporte público ocorrerá de forma
natural.
Portanto, a situação em debate não só pode ser sanada
pelos órgãos competentes, e sim, também, por nós, que habitamos o planeta. Até
podemos afirmar com segurança que existem formas saudáveis e simples para dar
nossa colaboração. Como diz um provérbio chinês: “Quando o olho não está
bloqueado, o resultado é a visão. Quando a mente não está bloqueada, o
resultado é a sabedoria”.
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