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quinta-feira, 9 de outubro de 2025

A edição de 2025 da Bienal Internacional do Livro de Pernambuco

 Gazeta da Torre

A edição de 2025 da Bienal Internacional do Livro de Pernambuco celebra os 30 anos do maior evento literário do Nordeste. Com um conceito renovado, a Bienal busca proporcionar uma experiência imersiva, aonde a leitura vai além da simples visão, estimulando todos os sentidos.

A proposta é transformar o evento em uma verdadeira “Cidade da Bienal”, oferecendo uma vasta gama de atividades culturais, lançamentos de livros, debates e espaços inovadores para que editoras, autores, e o público compartilhem novas maneiras de acessar e vivenciar a literatura, de forma mais democrática e diversa.

Com o tema Ler é sentir cada palavra, a Bienal do Livro 2025 traz ótimas novidades: o Educativo Bienal 2025, que vai oferecer experiências literárias para crianças, adolescentes e jovens, além de ciclo de palestras para professores, o selo Bienal Indica e a Bienal inclusiva com olhar também voltado para a acessibilidade do nosso público.

Na área da Bienal, o stand ‘Café com Cordel’ reúne personalidades literárias de várias regiões do Norte e Nordeste, entre eles nossos colaboradores Anselmo Alves (renomado documentarista, jornalista e escritor) e Jorge Filó (poeta, cordelista, produtor cultural e coordenador de mesas de Glosas).

* @anselmo_alves_oliveira

* @jorgefilo

A XV Bienal Internacional do Livro de Pernambuco ocorre até o dia 12 de outubro de 2025, no Centro de Convenções de Pernambuco.

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sexta-feira, 3 de outubro de 2025

Mercado da Madalena - Um jovem senhor centenário

 Gazeta da Torre

É neste mês que o Mercado da Madalena celebra seu centenário. Sua construção teve início em 6 de fevereiro de 1925 e foi inaugurado em 19 de outubro do mesmo ano. Antes de sua existência, havia no local uma feira livre conhecida como “Feira do Bacurau” — referência ao horário de funcionamento e ao pássaro de hábito noturno —, frequentada por boêmios e comerciantes do bairro. A desordem da feira e a falta de higiene fizeram com que os moradores da localidade exigissem da Prefeitura a construção de um mercado. E ela o ergueu, bonito!

Lembro-me de quando eu e meu irmão, ainda crianças, nos anos 1960, éramos levados por nosso pai aos domingos para passear nas ruazinhas internas do mercado. Tomávamos caldo de cana, comíamos pastéis e ficávamos admirando os aquários de peixes coloridos, as gaiolas repletas de passarinhos e os animais domésticos e silvestres. A variedade era imensa: gatos, cachorros, galináceos, periquitos, papagaios, araras, coelhos, porquinhos-da-índia, pavões, patos, lebres e até espécies mais selvagens, como o gavião-carcará e a coruja-rasga-mortalha — eram oferecidos aos passantes dentro e fora do mercado. Chegavam até a vender jiboias para quem tivesse o “bom gosto” e a coragem de levar uma para casa. Meu irmão e eu fazíamos a maior festa quando conseguíamos convencer nosso pai a comprar um passarinho — tínhamos algumas gaiolas no quintal de casa.

Com o passar dos anos, o entorno do mercado se transformou. No lugar das antigas casas das ruas vizinhas, surgiram imponentes arranha-céus — embora algumas ainda resistam à modernidade. A rua Real da Torre deixou de ser mão dupla e hoje é marcada pelo intenso tráfego de veículos e pedestres. O próprio mercado também evoluiu. Suas ruazinhas internas ganharam paralelepípedos e cobertura, e os boxes tiveram suas fachadas renovadas, modernizando o espaço sem apagar seu charme centenário.

Passaram-se décadas desde quando eu ia a ele com meu pai — quase não retornei durante todo esse tempo. Hoje, já aposentado e com tempo livre, passei a visitá-lo com mais frequência.

No espaço externo, colado a ele, há uma comedoria com vários boxes (barzinhos) ofertando o sabor da comida regional, funcionando dia e noite. Os apreciadores da culinária nordestina deleitam-se com os pratos servidos generosamente e a preço popular. Internamente, o mercado permanece gracioso e limpo.

Aos sábados e domingos, ele se enche de gente. Muitas crianças, com seus pais, se encantam com os bichos — a maioria de pássaros e peixes ornamentais. Formam-se filas no balcão das duas peixarias para se comprar o melhor pescado da cidade — o preço é sempre em conta.

O Bar de Marília, aos sábados, é muito bem frequentado. Há música ao vivo e espaço para dançar e cantar músicas de bom gosto, saboreando petiscos regionais e bebendo cerveja gelada.

Não há dia, porém, que eu chegue ao mercado e não encontre uns ou outros amigos, aposentados como eu, tomando uma breja para matar o tempo numa boa prosa. Tem até a “Segunda Sem Lei”, um evento organizado pela “Confraria dos Amigos da Madalena” que, às segundas-feiras, se reúne para celebrar a vida, comendo e bebendo nas mesas do Bar de Marília ou no “Bar dos Cornos”.

Cem anos se passaram, muitos já se foram, outros chegaram e eu envelheci. O Mercado da Madalena, no entanto, permanece jovem, cheio de charme e vida, ofertando manhãs e tardes aprazíveis aos seus visitantes. Ele é o aniversariante do mês, mas quem recebe os presentes somos nós, os que desfrutam de sua graça em manhãs e tardes aprazíveis.

Sendo assim, eu faço um brinde, levantando uma taça transbordando agradecimentos: “Feliz aniversário, meu jovem senhor, que venham muitos e muitos centenários!”

Por José Fernando Maia, escritor

Colaborador Gazeta da Torre

quarta-feira, 1 de outubro de 2025

1º de outubro, Dia Nacional e Internacional da Pessoa Idosa

 Gazeta da Torre

Dignidade e livre escolha I Prestação continuada I Vítimas de violência I Transporte I Planos de saúde I Desaposentação I Proteção

Neste 1º de outubro, celebra-se o Dia Nacional e Internacional da Pessoa Idosa. A data foi instituída por meio de resolução da Organização das Nações Unidas (ONU), em 1990.

No Brasil, a data também é celebrada com a promulgação da Lei 10.741/2003 (Estatuto da Pessoa Idosa), uma legislação específica voltada às pessoas com 60 anos ou mais. A norma assegura, entre outros direitos, o atendimento prioritário e individualizado em serviços públicos ou privados, na formulação e execução de políticas sociais, no recebimento da restituição do imposto de renda e na tramitação de processos na Justiça.

O Supremo Tribunal Federal (STF), quando acionado, tem buscado fazer valer o que está na Constituição Federal e no estatuto, de forma a garantir a proteção dessa parcela da sociedade, que hoje representa cerca de 15% da população brasileira ou 32 milhões de pessoas, segundo dados do Censo 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O estatuto reafirma o que estabelecem os artigos 226, 229 e 230 da Constituição Federal sobre o papel da família, da sociedade e do Estado quanto à proteção dos idosos de todas as formas de discriminação, maus tratos e de abandono. Condutas tipificadas como crime por eles sofridas têm reação direta por parte do Ministério Público, que pode entrar com ação na Justiça independentemente de representação da vítima.

Conforme a legislação vigente de proteção aos idosos e idosas, os filhos têm o dever de ajudar e amparar os pais na velhice, carência ou enfermidade. Também é dever de todos amparar os idosos, assegurando-lhes participação na comunidade, dignidade, bem-estar e direito à vida.

Nos termos da legislação constitucional, o idoso e a idosa têm garantidos ainda direito ao voto facultativo após os 70 anos, à isenção do Imposto de Renda, à aposentadoria, à assistência social e à prestação continuada. Também são assegurados programas assistenciais, preferencialmente realizados em casa, e gratuidade no transporte público para os maiores de 65 anos.

Dignidade e livre escolha

Em fevereiro de 2024, o Plenário do STF decidiu que o regime de separação de bens no casamento ou união estável de pessoas acima de 70 anos não é obrigatório, ao contrário do que estabelece o artigo 1.641, inciso II, do Código Civil.

Para o STF, a regra pode ser decidida em comum acordo entre os cônjuges e firmada por meio de escritura pública em cartório. A decisão se deu no Recurso Extraordinário com Agravo (ARE) 1309642, de relatoria do ministro Luís Roberto Barroso, e deve ser aplicada pelos juízes e tribunais de todo o país, uma vez que tem repercussão geral.

Para a Corte, a imposição da obrigatoriedade a pessoas conscientes de suas escolhas, tão somente em função da idade, é medida discriminatória que fere a dignidade humana e a Constituição Federal. No entendimento da Suprema Corte, a imposição do regime de separação de bens desvaloriza a autonomia dos idosos e o destino que pretendem dar a seu patrimônio, tratando essas pessoas como instrumento patrimonial a serviço dos herdeiros.

Prestação continuada

Em abril de 2013, o STF invalidou o critério estabelecido pela Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS – Lei 8.742/1993) para conceder benefício assistencial a pessoas idosas e deficientes. A norma determinava que a concessão era válida apenas para aqueles com renda familiar mensal per capita inferior a 1/4 do salário-mínimo.

No julgamento dos Recursos Extraordinários (REs) 567985 e 580963, ambos com repercussão geral, o Plenário considerou o critério defasado para caracterizar a situação de miserabilidade e também declarou inconstitucional o parágrafo único do artigo 34 do Estatuto do Idoso (que faz referência à LOAS).

Vítimas de violência

O Painel de Dados da Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos revela que as pessoas idosas são as maiores vítimas de violação de direitos, como maus tratos, exploração e violência patrimonial. Segundo essa fonte, somente no ano de 2024, foram recebidas mais de 123 mil denúncias de violência praticada contra mulheres e homens na faixa-etária de 60 a mais de 90 anos.

Em 2010, o STF entendeu que os autores de crimes contra idosos, cuja pena não ultrapasse quatro anos, não têm direito a benefícios como conciliação ou transação penal. A questão foi tratada na Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 3096.

Transporte

Em relação ao transporte, a lei brasileira assegura aos idosos reserva de vagas em estacionamentos públicos e privados, passe livre para transporte público municipal e reserva de assentos para viagens interestaduais.

Em 2006, o STF manteve a gratuidade do transporte coletivo urbano prevista no Estatuto da Pessoa Idosa, no julgamento da ADI 3768. Prevaleceu o entendimento que considerou autoaplicável o artigo 230 da Constituição, que assegura o amparo ao idoso e o acesso ao transporte urbano gratuito.

Planos de saúde

O Plenário do STF está para decidir sobre a aplicação do Estatuto da Pessoa Idosa aos contratos de planos de saúde firmados antes de 2003, quando entrou em vigor a lei. A questão está em debate no RE 630852, com repercussão geral (Tema 381), e versa sobre a legalidade de cláusulas que permitem o aumento do valor da mensalidade, em razão da idade do beneficiário. O recurso foi redistribuído ao ministro Flávio Dino, em setembro de 2024.

Desaposentação

Em outubro de 2016, o Plenário julgou inviável a chamada desaposentação, que seria o recálculo do valor do benefício com base em novas contribuições recolhidas em razão da permanência ou volta do segurado ao mercado de trabalho, após concessão da aposentadoria. No julgamento dos REs 381367, 827833 e 661256, o Tribunal entendeu, por maioria de votos, que a mudança nos cálculos só é possível por meio de lei.

Em momento posterior, o Plenário decidiu sobre os segurados do Regime Geral da Previdência Social (RGPS) que já haviam ganhado na Justiça o direito à desaposentação ou reaposentação.

Para os segurados que tiveram decisão definitiva da Justiça até o julgamento do STF, foram mantidos os valores recebidos com o novo cálculo. E para aqueles com decisão judicial com possibilidade de recurso, foi decidido que deveriam receber o valor antigo, mas não precisavam devolver o que receberam a mais, pois o fizeram de boa-fé, entendeu a Corte.

Proteção

O Plenário do STF validou lei da Paraíba que exigia a presença física da pessoa idosa para a celebração de contratos de crédito. A lei foi questionada pela Confederação Nacional do Sistema Financeiro (Consif) na ADI 7027, sob a alegação de que a medida seria discriminatória e que impedia o acesso das pessoas idosas à tecnologia. Mas o colegiado entendeu que não e que a lei estadual se limitou a resguardar o idoso de eventuais fraudes.

Fonte: Supremo Tribunal Federal

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sábado, 27 de setembro de 2025

Obras de arte abandonadas em nossa região

 Gazeta da Torre

Obra da artista Christina Machado
vandalizada por pichadores
na Rua da Imperatiz, Recife

A arte não é apenas uma forma de expressão; ela também tem o poder de transformar vidas e comunidades inteiras. Seja por meio da música, do teatro, das artes plásticas ou da dança, iniciativas artísticas podem criar oportunidades, resgatar a autoestima e gerar mudanças significativas na sociedade. Quando a arte se torna acessível, ela fortalece laços comunitários, promove inclusão e abre portas para um futuro mais promissor.

Projetos sociais muitas vezes dependem de editais e doações, que nem sempre são suficientes para sua continuidade. Muitas iniciativas artísticas não recebem o devido reconhecimento e são vistas apenas como entretenimento, ignorando seu impacto social e educativo por governantes.

 O futuro da arte como agente de mudança depende do nosso compromisso em valorizá-la e expandir seu alcance. Seja por meio do apoio a iniciativas culturais, da defesa de políticas públicas ou da simples valorização da arte no dia a dia, todos podemos contribuir para que a criatividade continue sendo uma ferramenta de impacto social.

artista Christina Machado
*Christina Machado - De acordo com a curadora Joana D’Arc, Christina Machado é uma artista rara no campo das artes visuais e da produção da arte contemporânea em nosso meio, por ter trilhado caminhos da subjetividade, da arte relacional e dos processos de cura. Têm desenvolvido uma vasta e inquietante pesquisa com a argila, sobretudo, quando essa passa a colar-se a sua pele, corpo, existência e transforma-se em essência.

*Toni Braga - Artista visual, produtor cultural e fotógrafo, com dedicação à arte e à cultura pernambucana e brasileira. Atuando como pintor, ilustrador, cenógrafo e produtor, construiu uma trajetória marcada pela diversidade de linguagens e pela valorização da cultura popular.

*Anselmo Alves – Renomado documentarista, jornalista, escritor e colaborador Gazeta da Torre. Em maio, lançou junto com Adriano Mendes, o livro “Sertão: O Imaginário das Grandes Imensidões”. A publicação visa apresentar uma visão do sertão que foge dos clichês, mostrando sua diversidade cultural, econômica, social e ambiental, além de paisagens verdejantes, com o objetivo de valorizar e preservar a identidade da região para as novas gerações.

https://www.instagram.com/gazetadatorreoficial

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quarta-feira, 24 de setembro de 2025

Pets e meio ambiente em Pernambuco

 Gazeta da Torre

O Plenário do Tribunal de Justiça de Pernambuco aprovou, ontem, a criação de um juizado criminal dedicado exclusivamente à proteção do meio ambiente e dos animais. A unidade funcionará na Rua da Glória, no bairro da Boa Vista, no centro do Recife. O pedido para criação do juizado foi feito pela Comissão de Defesa e Proteção dos Animais da OAB-PE, através do presidente Cleonildo Painha.

A iniciativa, apresentada pelo presidente do Tribunal, desembargador Ricardo Paes Barreto, recebeu apoio unânime dos desembargadores presentes na sessão. O projeto de criação do novo juizado teve parecer favorável da Comissão de Organização Judiciária e Regimento Interno do TJ, com relatoria do desembargador Luciano Castro.

O juizado analisará infrações penais de menor potencial ofensivo passíveis de aplicação da Lei nº 9.605/98, que tipifica crimes ambientais e de maus-tratos a animais. Também serão processadas questões envolvendo reparações de danos de acordo com as normas previstas no direito constitucional e civil, com base na mesma legislação ambiental.

Por Magno Martins, jornalista

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O povo na rua

 Gazeta da Torre

A frase do digno presidente da Câmara Ulysses Guimarães parece que acordou o brasileiro para finalmente exigir respeito do Congresso Nacional. Os senhores deputados e senadores, em sua maioria, viraram as costas para a opinião pública, só defendem os próprios interesses, muitas vezes escusos, e não têm sido nada respeitosos com quem os elegeu.

Pois o povo foi à rua no domingo, 21, para dizer um sonoro não ao projeto de anistia aos golpistas e à PEC da bandidagem, como ficou conhecida a tal proposta de emenda à Constituição, nascida e aprovada na Câmara, que prevê blindagem e proteção para parlamentares. Eles se julgam a casta de intocáveis e querem ficar acima da lei, com direito a não responder pelos seus crimes. É um escárnio e o povo entendeu que, no circo montado pelo Congresso, é ele quem está fazendo o papel de palhaço.

A mobilização já deu resultado. Deputados que se julgavam cidadãos de primeira categoria, ignorando o princípio da igualdade perante a lei, já se arrependeram.

Nesta quarta-feira (24), a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) rejeitou a proposta de emenda à Constituição que exige autorização prévia da Câmara dos Deputados ou do Senado para abertura de ação penal contra parlamentares (PEC 3/2021). Os senadores aprovaram por unanimidade o parecer do senador Alessandro Vieira (MDB-SE) contrário à matéria. A decisão final caberá ao Plenário do Senado.

Por Marcos Cardoso, jornalista

Fonte: Agência Senado

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segunda-feira, 22 de setembro de 2025

Cinco pernambucanos na 26ª edição do Grammy Latino 2025

 Gazeta da Torre

Vai ter Recife e Pernambuco na maior premiação da música latina. Cinco pernambucanos estão concorrendo a prêmios na 26ª edição do Grammy Latino 2025.

Disputam o gramofone de ouro de “Melhor Álbum de Música de Raízes em Língua Portuguesa”. Fechando nosso quinteto de representantes, Leo Foguete concorre a “Melhor Álbum de Música Sertaneja”.

A cerimônia acontece no dia 13 de novembro, na MGM Grand Garden Arena, em Las Vegas, nos Estados Unidos.

Fonte: Cultura Recife

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As FESTAS POPULARES

 Gazeta da Torre

Professor de história, educador popular, escritor, poeta e compositor, Luiz Antonio Simas é o novo colunista do ICL Notícias (@icl.noticias).

Com mais de 30 livros publicados sobre as culturas populares do Brasil, já recebeu o prêmio Jabuti, em parceria com Nei Lopes, pela obra “Dicionário da história social do samba” (Civilização Brasileira, 2015).

Além disso, teve suas canções gravadas por grandes nomes da música, como Maria Rita, Marcelo D2, Rita Benneditto, Douglas Germano, Moyseis Marques, Lúcio Sanfillippo e Fabiana Cozza.

Na estreia de sua coluna do ICL Notícias, Simas reflete sobre o papel das festas populares brasileiras, mostrando como elas fortalecem os laços comunitários, afirmam identidades e mantêm vivas as tradições que nos conectam ao coletivo.

Leia a coluna completa em

ICL PÓS - A formação mais crítica, revolucionária e essencial para entender o Brasil. Reconhecida pelo MEC | parceria com a Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (FESPSP). 

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terça-feira, 16 de setembro de 2025

O maior produtor de banana do Brasil está em Pernambuco

 Gazeta da Torre

Santa Maria da Boa Vista, no Sertão do São Francisco, alcançou um marco histórico e foi reconhecida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) como o município que mais produz banana no Brasil

De acordo com os dados da Produção Agrícola Municipal (PAM/2024), que acabam de ser divulgados, a cidade pernambucana alcançou 210 mil toneladas, movimentando aproximadamente R$ 378 milhões na economia local, o que coloca a ‘Terra da Serenata’ como potência agrícola e referência no cultivo de frutas irrigadas.

Com a liderança nacional, Santa Maria da Boa Vista, município do estado de Pernambuco, reafirma sua vocação agrícola e o protagonismo no agronegócio brasileiro. Além da banana, o município também se destaca pela produção de uva, manga e outras culturas irrigadas, consolidando-se como um dos polos mais importantes da fruticultura nordestina.

“Santa Maria da Boa Vista tem mostrado ao Brasil a força da sua agricultura. Esse é um momento de orgulho para todos os boavistanos. Nosso compromisso é continuar trabalhando para que o campo produza cada vez mais e que esse crescimento se reflita diretamente na vida de cada família da nossa terra. O nosso objetivo é claro: seguir gerando mais emprego, renda e desenvolvimento para todos”, comemorou o prefeito George Duarte.

Confira a seguir os 15 maiores produtores de banana do Brasil (IBGE)

1.    Santa Maria da Boa Vista (PE) – 210.000 toneladas | ~ R$ 378 milhões

2.    Medicilândia (PA) – 158.000 t | ~ R$ 351,4 milhões

3.    Corupá (SC) – 153.100 t | ~ R$ 324,7 milhões

4.    Luiz Alves (SC) – 147.900 t | ~ R$ 295,8 milhões

5.    Jaíba (MG) – 143.400 t | ~ R$ 427,3 milhões

6.    Bom Jesus da Lapa (BA) – 133.100 t | ~ R$ 259,5 milhões

7.    Cajati (SP) – 128.800 t | ~ R$ 270,4 milhões

8.    Eldorado (SP) – 108.100 t | ~ R$ 227 milhões

9.    Sete Barras (SP) – 104.600 t | ~ R$ 219,6 milhões

10. Vicência (PE) – 90.000 t | ~ R$ 172,8 milhões

11. Limoeiro do Norte (CE) – 82.700 t | ~ R$ 165,1 milhões

12. Jacupiranga (SP) – 79.600 t | ~ R$ 167,3 milhões

13. Guaratuba (PR) – 76.800 t | ~ R$ 123,4 milhões

14. Registro (SP) – 67.600 t | ~ R$ 142,1 milhões

15. Delfinópolis (MG) – 65.500 t | ~ R$ 240,1 milhões

Por Magno Martins, jornalista

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segunda-feira, 15 de setembro de 2025

SINCRONICIDADES

 Gazeta da Torre

Porque mistério sempre há de pintar por aí

Gilberto Gil

Rua da Aurora, Recife

Era uma tarde ensolarada do mês de agosto, na minha amada cidade do Recife. Eu transitava pela rua da Aurora, no centro desta nossa linda cidade. O céu estava sem nuvens e com uma coloração azul intensa. O rio deslizava sereno, carregando reflexos do céu, em direção ao mar que o chamava. O cenário parecia um convite para os poetas se inspirarem.

Antes de prosseguir com o assunto que pretendo comentar, abro logo um parêntese para uma observação com ares de protesto. Refiro-me a estas mudanças de nomes das ruas da nossa cidade, para homenagear governador "fulano de tal", Dr. "sicrano", deputado "beltrano". Ora, ora, nossa cidade sempre foi conhecida pelos nomes poéticos das nossas ruas, a saber: Aurora, Rua do Sol, Rua das Flores, Águas Belas. Indo além, temos as ruas da Saudade, do Sossego, da União, da Harmonia. O poeta Manoel Bandeira certa feita demonstrou essa preocupação com a prática dos vereadores de se ocuparem de mudar os nomes das ruas para homenagear políticos e "doutores". No poema "Evocação do Recife", ele fala nos "lindos nomes das ruas da minha infância". Preservar a poesia dos nomes dessas ruas é respeitar a história da cidade e sua identidade.

Mas voltemos ao assunto tema desta crônica. Transitando pela rua da Aurora nesta linda tarde, deparo-me com um cidadão vindo ao meu encontro, fitando-me com rosto que me pareceu angustiado. Ao cruzar comigo, pediu-me "um trocado". Instintivamente, atitude defensiva que comumente adotamos, respondi que nada tinha e segui em frente. Entretanto, lembrei que tinha sim um dinheiro miúdo no meu bolso, de modo que me virei e, para minha surpresa, o cidadão também, no mesmo instante, se virava, e então nos fitamos. Começamos então a caminhar um em direção ao outro no mesmo exato instante. Sem pronunciar uma única palavra, olhamo-nos e lhe entreguei o dinheiro. Neste momento, ele agradeceu e disse que ainda não tinha feito nenhuma refeição naquele dia. E assim ele seguiu, em movimentos lentos, carregando as suas dores. Suas roupas, seu semblante triste e seu ar resignado indicavam que o mundo o recebeu com pouca hospitalidade.

Fiquei impressionado com a coincidência de movimentos que tivemos e comentei o fato com um amigo meu, que logo disse que o que tinha acontecido foi uma sincronicidade. Ele me explicou superficialmente o significado do termo e eu procurei me aprofundar um pouco no tema.

Carl Gustav Jung, o psicólogo suíço que cunhou o termo "sincronicidade", definia-a como a ocorrência simultânea de eventos aparentemente não relacionados, mas que possuem um significado especial para quem os vivencia. No meu encontro na rua da Aurora, não foi apenas uma coincidência que tanto eu quanto o homem nos virássemos no mesmo instante. Foi como se uma força invisível orquestrasse aquele momento de compaixão e generosidade.

A Dança Invisível do Universo

Essas experiências revelam uma conexão invisível no universo, incentivando atenção plena e reflexão. Exemplos cotidianos incluem telefonemas inesperados ou encontros fortuitos que parecem mais do que mero acaso. A ideia central é que o universo nos envia mensagens e que, ao percebê-las, podemos entender melhor nossa relação com o todo.

Jung sugeria que as sincronicidades são janelas para uma dimensão mais profunda da existência, onde mente e matéria se encontram numa dança cósmica. Talvez o maior ensinamento seja o convite à atenção plena. Quando estamos verdadeiramente presentes, conseguimos perceber as conexões sutis que permeiam nossa existência.

Meu encontro na rua da Aurora me ensinou que a generosidade é uma via de mão dupla. Ao ajudar aquele homem, recebi algo muito maior: a confirmação de que estamos todos conectados numa teia invisível de significados. Este encontro pode ser interpretado como um momento em que duas almas se reconheceram numa dança cósmica de necessidade e abundância. O homem precisava de ajuda, eu tinha condições de ajudar, e o universo conspirou para que esse encontro acontecesse da forma mais harmoniosa possível. Não foi apenas uma transação material, mas um intercâmbio de humanidade.

Sincronicidades no Cotidiano

As sincronicidades estão por toda parte, basta termos olhos para vê-las. Quantas vezes não pensamos em alguém e, minutos depois, essa pessoa nos telefona? Ou quando procuramos desesperadamente por uma informação e ela aparece "por acaso" numa conversa de elevador? Esses eventos aparentemente triviais podem carregar significados profundos quando os observamos com atenção.

Acontece também de estarmos pensando muito em algo e repentinamente aparecerem situações relacionadas com aquilo que só nós mesmos tínhamos conhecimento. Planejando uma viagem, de repente encontramos uma pessoa distribuindo panfletos com informações sobre viagens.

Os sinais, portanto, podem vir de pensamentos, imagens, sonhos, conversas, mensagens em livros ou filmes, etc. É o universo facilitando e mandando recados.

Convite à Atenção

Então, insistindo na questão, talvez o maior ensinamento das sincronicidades seja o convite à atenção plena. Quando estamos verdadeiramente presentes, abertos ao momento, conseguimos perceber as conexões sutis que permeiam nossa existência. É como se o universo estivesse constantemente nos enviando mensagens, mas só as captamos quando sintonizamos na frequência correta.

A vida moderna, com sua pressa e suas distrações constantes, muitas vezes nos impede de perceber essas sincronicidades. Estamos tão focados em nossos smartphones, em nossas preocupações e em nossos planos futuros, que perdemos a capacidade de estar verdadeiramente presentes. As sincronicidades nos convidam a desacelerar, a prestar atenção aos detalhes, a estar abertos ao inesperado.

Meu encontro na rua da Aurora me ensinou que a generosidade é uma via de mão dupla. Ao ajudar aquele homem, recebi algo muito maior em troca: a confirmação de que estamos todos conectados numa teia invisível de significados.

As sincronicidades nos lembram que a vida é muito mais rica e misteriosa do que nossa mente racional consegue compreender. Elas nos convidam a abraçar o mistério, a aceitar que nem tudo precisa ter uma explicação lógica para ter significado. Como diria Gilberto Gil, "mistério sempre há de pintar por aí". E que bom que é assim, pois são esses mistérios que tornam a vida uma aventura digna de ser vivida, repleta de surpresas, risos e momentos de profunda conexão com o todo.

Talvez a verdadeira sabedoria esteja em aprender a dançar com essas sincronicidades, em vez de tentar explicá-las ou controlá-las. Afinal, como bem sabia o poeta Fernando Pessoa, "o mistério das coisas é a mais bela coisa que há".

Márcio Nilo

Agosto/2025